Celso Lungaretti: ‘QUANTO MAIS DILMA REFUGAR, MAIS REFORÇARÁ A IMPRESSÃO DE HAVER SIDO CHUTADA’
O governo Dilma sofreu derrota acachapante no Tribunal de Contas da União, por irresponsabilidade fiscal.DILMA DEVERIA RENUNCIAR IMEDIATAMENTE!
Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia
Certamente sofrerá outra no Tribunal Superior Eleitoral, por financiamento ilícito da campanha presidencial de 2014.
A probabilidade de impedir que o processo de impeachment seja aberto na Câmara Federal é remotíssima.
E a economia brasileira continuará indo de mal a pior enquanto os parlamentares estiverem decidindo o impedimento ou não da presidenta. Quantos deles se manterão fiéis a um governo moribundo, arriscando-se a receberem o troco do eleitorado na eleição seguinte? Há alguma dúvida quanto ao desfecho da chanchada?
Se Dilma insistir em rumar contra a corrente, apenas aumentará sua quota de desastres e vexames, dando aos adversários a oportunidade de comemorarem outros triunfos marcantes até a apoteose final.
Deveria renunciar. Imediatamente. Pois, quanto mais tempo refugar, mais reforçará a impressão de haver sido chutada.
E a esquerda tem é de curvar-se à evidência do fato de que, depois de tantas lambanças cometidas, Dilma não tem mais salvação. Ela mesma pavimentou o caminho para seu defenestramento, principalmente ao evitar confrontos efetivos com o capitalismo mas pretender corrigi-lo em alguns detalhes, com pulos do gato que deram errado, acabando por colocar a economia em parafuso.
Depois, reelegendo-se quando a situação já era gravíssima, cometeu um erro pior ainda: acreditou que a volta à ortodoxia bastasse para fazer tudo entrar de novo nos eixos.
Mas, como já acontecera no Governo João Goulart, a guinada à direita não funcionou porque os endinheirados jamais confiariam nela plenamente e a esquerda passou a desconfiar dela por estar-se mancomunando com o grande capital.
Perdeu o apoio dos únicos que poderiam dar-lhe uma mão forte nesta hora e não ganhou nada em troca. Como eu cansei de alertar, se não demitisse o Joaquim Levy, acabaria morrendo abraçada com ele. Podem encomendar dois caixões.
O impeachment, no entanto, não é nenhum fim do mundo. Caberá à esquerda fazer um profundo processo de autocrítica, reagrupar suas forças e travar novas batalhas, como estas:
- favorecer a impugnação da chapa de 2014 como um todo, para que seja convocada nova eleição presidencial ao invés de a transição ser decidida num conchavão entre PMDB, PSDB e forças subalternas;
- posicionar-se frontalmente contra todas as iniciativas que visem equilibrar as contas públicas sangrando os trabalhadores, os pobres e os indefesos.
Pois, depois do tsunami Dilma.2, a tendência óbvia é a de que o novo governo seja articulado pela direita. E dela só podemos esperar mais do mesmo neoliberalismo que Joaquim Levy tentou socar-nos goela adentro, com a única diferença de que provavelmente será vendido de forma mais hábil, por um economista de primeiro time, ao invés do pobre coitado que o Luiz Carlos Trabuco induziu a Dilma a empossar.
Em suma, a luta continuará. Com a vantagem de que a esquerda vai poder reassumir sua verdadeira identidade, livrando-se do mico de defender o mandato de uma presidente com cuja política econômica jamais poderia compactuar.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.