setembro 16, 2024
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Artigo de Celso Lungaretti: 'O passado vitriólico da corrente prá frente e o presente melancólico da amarelinha desbotada'

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UM BOM DOCUMENTÁRIO SOBRE UM PÉSSIMO PERSONAGEM HISTÓRICO

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

Um slogan de outrora: “hoje mocinho, amanhã bandido”.

Abro janelinhas no meu blogue para filmes que trazem informações importantes para se conhecer a história deste país, mesmo que deprimentes como Cidadão Boilesen (d. Chaim Litewski, 2009), que resgata a trajetória de um personagem paradigmático da participação de empresários no financiamento dos órgãos de repressão durante a ditadura de 1964/85: Henning Albert Boilesen, presidente do grupo Ultra.

Nada contra o documentário do Litewski em termos artísticos, mas seu biografado revira o estômago de qualquer homem de bem.

Operação Bandeirantes foi criada em junho de 1969 para combater a luta armada em São Paulo com utilização sistemática e ilimitada da tortura, além de licença para matar, travando a guerra suja com métodos tão imundos que as próprias Forças Armadas inicialmente relutaram em ficar com eles identificadas.

Como se manipulava: ele não foi justiçado por ser  industrial.

Assim, tendo oficiais do Exército (atuando sempre à paisana) no comando e policiais civis como subalternos, instalou-se na semiclandestinidade dos fundos de uma delegacia paradoxalmente localizada no bairro paulistano do Paraíso. Meu companheiro de movimento estudantil e militância revolucionária Gilson Theodoro de Oliveira, falecido há alguns meses, teve a duvidosa honra de ser o primeiro preso político que a Oban torturou, ainda na fase de testes.

Como sua existência era real e não legal, não podia receber verbas da União e os custos da bestialidade foram, num primeiro momento, bancados por endinheirados reaças como o Boilesen. Eles, de quebra, adquiriam o direito de presenciarem o edificante espetáculo das torturas, realizando o sonho da maioria dos sádicos: o de verem pessoas nuas sendo brutalizadas. Segundo consta, Boilesen era um dos que assistiam mas não chegavam ao extremo de quererem participar também, como alguns mais depravados faziam questão.

 
Boilesen e Delfim: feitos um para o outro.

Foi justiçado pelo MRT e a VPR em abril de 1971, aos 55 anos, o que fez dele o símbolo do apoio empresarial à repressão, embora congêneres existissem em penca. Mesmo caso da Solange Teixeira Hernandes, a dona Solange, que estava longe de ser a única censora, mas se tornou a representante paradigmática das tesouras afiadas porque seu nome aparecia nas guias do Departamento de Censura da Polícia Federal projetadas nos cinemas antes dos filmes começarem.

O documentário inclui entrevistas do filho de Boilesen (Hennig Jr.), Jarbas Passarinho, D. Paulo Evaristo Arns, Celso Amorim e FHC, entre outros.

E por falar em Passarinho, que passará à História como autor da frase que melhor definiu o caráter dos desencadeadores do terrorismo de estado nos anos de chumbo, as Forças Armadas mandaram os escrúpulos às favas em 1970 e saíram do armário, oficializando a Oban. Com o nome de DOI-Codi, esta pôde finalmente contar com financiamento da União, depois de funcionar durante um semestre inteiro graças à generosidade dos Boilesens da vida.

Os solícitos empresários, contudo, continuaram fazendo suas vaquinhas –para premiarem agentes que assassinassem ou capturassem resistentes, p. ex. Havia até uma tabela, tal quantia por um dirigente, tanto por um combatente dos grupos de fogo, tanto por um militante comum, tanto por um aliado, etc. Igualzinho ao velho Oeste dos EUA, no qual a ditadura já se inspirara para produzir a versão brazuka dos cartazes de wanted dead or alive

BATEMOS EM BÊBADO. E O OBA OBA JÁ RECOMEÇOU…

Celso Lungaretti, no blogue Náufrago da Utopia

 
Na cor do uniforme e no futebol, a Venezuela lembra…

Depois da horrorosa atuação contra o Chile, quando merecia ter sido goleada, a Seleção Brasileira fez a lição de casa diante da Venezuela, nossa freguesa de caderneta (já a sovamos 20 vezes em 23 partidas disputadas, nas quais marcamos 87 gols e sofremos oito –é preciso dizer mais?).

Foi como roubar o doce de uma criança. Logo no primeiro minuto, um barata-tonta grená perdeu bisonhamente a bola e o goleiro mãos de alface aceitou um chute facílimo de espalmar para escanteio: 1×0.

Dois ingênuos venezuelanos mostraram ainda não saberem direito como o primeiro deve marcar o adversário e o da sobra fechar a porta, então levaram ambos um baile do Felipe Luís. A bola chegou a Williams, que desta vez desferiu um arremate indefensável: 2×0.

 
…o Clube Atlético Juventus (série A3 do Paulistão).

O Brasil tomou um gol de escanteio que escrete de verdade não admite: 2×1.

Um beque adversário falhou de forma ridícula, vendo passar à sua frente um cruzamento que até a minha avó interceptaria, e o veterano Ricardo Oliveira (terá 38 anos na próxima Copa do Mundo) matou o jogo: 3×1.

O apelido de vinho tinto cai bem para os venezuelanos: são fraquinhos e não tonteiam ninguém.

Dunga concedeu à nossa seleção 8,5, nota que só se justificaria se tivesse desancado pra valer o bêbado, aplicando-lhe um sonoro 7×1. Eu daria 5 e olhe lá…

Uma parte da imprensa tupiniquim já recomeçou o oba oba, vendendo o peixe podre de que o Brasil não está tão ruim assim. Na verdade, está pior ainda.

 
Sina cruel: limitado em campo, limitado no banco.

Será mera coincidência qualquer semelhança entre esse amontoado de atletas mal dispostos em campo e travados pela rigidez do técnico, com o futebol moderno, em que os times jogam compactados, os jogadores têm liberdade para tomar iniciativas e estão preparados para mudar imediatamente o esquema tático ao sabor das circunstâncias. Na estréia, o atualizado Jorge Sampaoli fez picadinho  do jurássico Dunga, que depois teve a cara de pau de dizer que não levou um nó tático.

Poderemos passar mal e porcamente pela eliminatória sul-americana, mas salta aos olhos que, sem um técnico de verdade, seremos meros coadjuvantes em 2018.

Para encerrar, uma informação do sarcástico José Roberto Malia, que talvez explique o empenho da crônica esportiva em vender gato por lebre (afinal, ela lucra muito se o povo estiver confiante no escrete):

O ótimo prestígio da amarelinha desbotada pôde ser comprovado no Dia das Crianças. As camisas do Circo Brasileiro de Futebol ficaram encalhadas nas prateleiras. Não saíram nem com promoção. A molecada optou por enxovais de times nacionais e até do exterior. A Pachecada chora.

Fora Del Nero! Fora Dunga! Fora Gilmar Rinaldi! Mãos limpas na CBF!

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