O passeio será guiado pelo historiador Carlos Carvalho Cavalheiro e percorrerá diversos lugares de memória afeitos à História dos operários de Sorocaba
No próximo dia 16 de abril, sábado, a partir das 9h, ocorrerá um passeio cultural pelos lugares de memória operária na região central de Sorocaba. O evento faz parte do módulo 2 do curso “Cidade Caleidoscópica”, ministrado por Flávia Aguilera e Fernanda Ikedo numa parceria entre Nepetecs, NEC e Lamparina Núcleo realizado pelo SESC Sorocaba.
O passeio será guiado pelo historiador Carlos Carvalho Cavalheiro e percorrerá diversos lugares de memória afeitos à História dos operários de Sorocaba. Cavalheiro salienta que por lugares de memória entendem-se aqueles que são constituídos intencionalmente como depositários de lembranças. O termo foi cunhado pelo historiador francês Pierre Nora. “Há quem considere, como Nora, que esses lugares são aqueles gestados dentro de uma oficialidade, como museus, monumentos, nomes de ruas… Penso que fora da oficialidade também se produzem lugares de memória. O povo também ergue seus “monumentos”, mas de maneira diferente de como o faz os órgãos oficiais”.
Assim, para Carlos Carvalho Cavalheiro, os espaços públicos que guardam memórias concorrentes – como, no caso do passeio cultural, as dos operários em contraposição as dos proprietários das indústrias – também são lugares de memória enquanto houver uma relação afetiva ou de recordação dos fatos passados.
Para a análise desses lugares, Cavalheiro produziu uma categorização: lugares de memória evidente (aqueles que estão explícitos na paisagem, como monumentos oficiais e prédios), lugares de memória ocultos (aqueles que estão obstaculizados, a despeito de estarem presentes na paisagem) e os lugares de memória invisíveis (aqueles que contam apenas com a memória de algumas pessoas).
O passeio cultural seguirá este roteiro: Estação Ferroviária (concentração), Monumento a Mailasky e Museu Ferroviário, Monumento ao fundador do Centro Operário Católico, sede da Sociedade Beneficente e Cultural Vasco da Gama, fachada da Fábrica de Chapéus Souza Pereira, antiga fábrica de enxadas e, por fim, antiga sede do Centro Republicano Hespanhol.
O passeio privilegia lugares de memória operária que são pouco conhecidos. “Poderíamos falar sobre as antigas tecelagens que emprestaram a Sorocaba o cognome de Manchester Paulista. Porém, essas informações são bastante acessíveis, diferentemente do roteiro que propomos”, afirma Cavalheiro.
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Natural de São Paulo (SP, atualmente reside em Sorocaba. É professor de História da rede pública municipal de Porto Feliz (SP). Licenciado em História e em Pedagogia, Bacharel em Teologia e Mestre em Educação (UFSCar, campus Sorocaba). Historiador, escritor, poeta, documentarista e pesquisador de cultura popular paulista. Autor de mais de duas dezenas de livros, dentre os quais se destacam: ‘Folclore em Sorocaba’, ‘Salvadora!’, ‘Scenas da Escravidão, ‘Memória Operária’, ‘André no Céu’, ‘Entre o Sereno e os Teares’ e ‘Vadios e Imorais’. Em fevereiro de 2019, recebeu as seguintes honrarias: Título de Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça e Medalha Notório Saber Cultural, outorgados pela FEBACLA – Federação dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e o Título Defensor Perpétuo do Patrimônio e da Memória de Sorocaba, outorgado pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. É idealizador e organizador da FLAUS – Feira do Livro dos Autores Sorocabanos