A noite da gata esperta
A luz da lua entra
por uma fresta aberta.
Faz figurar na parede
Silhueta de um felino
Que não existe em realidade.
Eu brinco; ele, na amurada
Só ele é meu companheiro
Na triste noite enluarada
Eu e o felino, meu parceiro
Cheios de sonhos… amar de verdade!
Ouço um pássaro a cantar
Sua triste canção em oferta.
E nessa canção de lamento
Eu ouço o grito de alerta
De um amor que não acabou
A letra está na minha memória
Como a imagem da gata esperta…
Coloquei-lhe um nome bonito
Na minha lembrança incerta,
Penso que a saudade pode matar-me.
No peito, a saudade aperta,
por alguém que não posso abraçar
Ai de mim e da minha boca aberta;
Nessa sina de brincar só e sem par
quase que eu disse o nome dela…
Paulo Siuves
paulosiuves@yahoo.com.br
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Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG. Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.