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Sergio Diniz da Costa: 'Ao vencedor, as batatas!'

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Sergio Diniz da Costa

 ‘AO VENCEDOR, AS BATATAS’!

Machado de Assis (1839 – 1908)

Machado de Assis foi um escritor brasileiro, considerado como o maior nome da literatura nacional. Navegando por todos os gêneros literários, testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época.

Nascido no Morro do Livramento, Rio de Janeiro e oriundo de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou uma  universidade. Apesar disso, e segundo biógrafos, Machado de Assis, interessado pela boemia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade intelectual, o que o levou a fundar e ser o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.

O que lhe faltou de estudos acadêmicos não o impediu, porém, de produzir uma extensa obra, constituída de nove romances e peças teatrais, duzentos contos, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas.

Machado de Assis é considerado o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), romance que, juntamente com Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires, apresentam traços de pessimismo e ironia, ainda que mantendo resíduos românticos.

Um verdadeiro esgrimista da palavra e com uma profunda acuidade social, em seu romance Quincas Borba, narra a trajetória de Rubião, professor que se torna rico de uma hora para outra ao receber uma herança deixada pelo filósofo Quincas Borba, criador de uma filosofia chamada Humanitismo. Após receber a herança, deslumbra-se com a nova vida e acaba traído por um casal de amigos, que rouba sua fortuna. No final da vida, pobre e doente, ele relembra um ensinamento de Quincas Borba, que sintetiza o Humanitismo. Para explicar sua teoria, o filósofo evoca uma história sobre duas tribos famintas diante de um campo de batatas, suficientes apenas para alimentar um dos grupos. Com as energias repostas, os vencedores podem transpor as montanhas e chegar a um campo onde há uma grande quantidade de batatas. Então, Quincas Borba finaliza: ‘Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas’.

Mais de um século separa Quincas Borba dos dias atuais, todavia, a obra machadiana continua expressando a radiografia dos eventos político-sociais do Brasil.

Recentemente, foi deflagrado o processo de impeachment em relação à presidente Dilma Roussef, num primeiro momento com o afastamento dela do cargo da presidência, pelo prazo de cento e oitenta dias, assumindo em seu lugar o vice-presidente Michel Temer.

Temer, apesar de pertencer a um partido da base governista, tão logo percebeu que a presidência da república tinha se tornado um Titanic 2, debandou, não sem antes erguer a bandeira da paz nacional, colocando-se, desta forma, como o construtor de um novo e alvissareiro Brasil.

Mas, como o mar não está pra peixe, parcela significativa da sociedade repudia sua liderança e legitimidade ao cargo.

Terminando o processo de impeachment com a vitória ou a derrota de Dilma Roussef, a ela restará o ódio ou a compaixão dos brasileiros. Já para o presidente em exercício, Michel Temer, com a vitória, as batatas.

O nó górdio ─ que nem Alexandre, O Grande, conseguiria desatar ─, contudo, é saber a qualidade e a temperatura que estará essa batata. Talvez para o entusiasmado presidente Michel Temer, essa vitória poderá representar uma verdadeira ‘Vitória de Pirro’.

Enquanto isso, caro leitor, penso que, da nossa parte, devemos, além de torcer para que a verdadeira vitória seja a do Brasil, desenvolver, cada vez mais, a consciência política no exercício do voto, para que não venhamos a nos sentir como Neoptólemo, jovem guerreiro conhecido por Pirro que, apesar de considerado um dos melhores generais militares do seu tempo, tornou-se também conhecido por ser muito benevolente. Como general, suas maiores fraquezas políticas eram a falta de concentração e facilidade para esbanjar dinheiro. Grande parte dos soldados que integravam suas tropas se constituía por mercenários que cobravam caro para segui-lo. Sua obstinada intenção de construir um império na Itália deixou como herança a expressão ‘Vitória de Pirro’.

E, nesse ínterim, enquanto aguardamos que o sol volte a brilhar, ‘em raios fúlgidos’ sobre o Brasil, fica a sugestão de nos debruçarmos e nos deleitarmos com a obra de Machado de Assis.

A nós, leitores, em vez de batatas, o mundo… da Literatura!

 

Sergio Diniz da Costa – sergiodiniz.costa2014@gmail.com

https://pt.wikipedia.org/wiki/Machado_de_Assis >. Acesso em: 17/05/2016.

http://noticias.terra.com.br/educacao/vocesabia/interna/0,,OI3612270-EI8402,00.html >. Acesso em: 17/05/2016.

http://eventosmitologiagrega.blogspot.com.br/2011/07/pirro-e-vitoria-inutil.html>. Acesso em: 17/05/2016.

Helio Rubens
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