Prática sugere modelos restaurativos para a solução de problemas familiares, educacionais e nas relações com a sociedade
“Educar é, antes de tudo, configurar espaços de convivência”, afirma o biólogo chileno Humberto Maturana. Conviver com pessoas que pensam e têm costumes diferentes umas das outras é uma tarefa desafiadora. Cultivar relacionamentos e respeitar todas as opiniões e formas de manifestações culturais é essencial para uma sociedade ser pacífica. Para apresentar a metodologia das Práticas Restaurativas para a resolução de conflitos, as unidades do Senac em Sorocaba, Itu e Itapetininga realizaram, no dia 24 de maio, o evento Cultura de Paz.
Realizado no auditório do Senac Sorocaba, o encontro reuniu profissionais de diversas áreas de 12 prefeituras da região de Itapetininga entre elas: Itapetininga, Guareí, Alambari, Tatuí, Campina do Monte Alegre, Itararé, Buri, Quadra e São Miguel Arcanjo.
O encontro abordou o conceito de resolução de conflitos a partir da compreensão da complexidade das causas da violência e de como reagir a ela pacífica e coletivamente. Em uma palestra ministrada pela coordenadora do Programa Senac de Cultura de Paz, Andrea dos Santos Pereira Nunes, os profissionais refletiram as propostas do modelo restaurativo nos âmbitos familiar, escola, trabalho e comunidade e como o setor público pode colocar em prática e passar adiante para suas equipes como a forma restaurativa pode beneficiar quem comete uma infração.
Segundo Andrea Nunes, é possível transformar um conflito em uma oportunidade de aprendizado para reduzir a violência e melhorar o convívio na escola, no trabalho, na família e nas relações em sociedade. “Nós somos protagonistas da nossa história e definimos o que queremos para o futuro. Para isso é necessário reconhecer, responsabilizar-se, restaurar e reintegrar”, explica Andrea.
Conforme explica a palestrante, essa inovação da prática restaurativa vem sendo irradiada em todo o mundo e está no Brasil há cerca de 10 anos. “Ao contribuir para a conscientização do impacto das ações violentas, gera responsabilização por parte dos agressores e proporciona a construção coletiva de um novo caminho para prevenir a reincidência e ajudar as vítimas a superar o trauma sofrido, quebrando novos ciclos de violência”, completa.
De acordo com a gerente do Senac Itapetininga, Heloísa Vendramini, o objetivo do Programa Cultura de Paz e do evento é a revisão interior de toda a sociedade e também dos gestores e funcionários públicos, para que todos passem adiante as boas práticas do diálogo, ao invés da violência. “Nós apresentamos as possibilidades de atuação corporativa para melhorar a comunicação e tornar o ambiente familiar, educacional e em toda a sociedade mais saudável”, ressalta Heloísa.
Justiça Restaurativa em Tatuí
Durante o evento Cultura de Paz, a palestrante Andrea dos Santos apresentou o case da cidade de Tatuí. A Justiça Restaurativa que existe na cidade desde 2005 é uma forma de solucionar as demandas encaminhadas ao Judiciário, modificando a forma de solução de conflito, passando da punição das sentenças tradicionais para o diálogo, ouvindo todas as partes envolvidas no problema. A Justiça Restaurativa tem o intuito de fazer com o que o causador do conflito reconheça o mal praticado, responsabilize-se pela recuperação dos danos à vítima, buscando a reconciliação e que o causador busque formas de melhoria e novas atitudes.
Programa Senac de Cultura de Paz
O Programa Senac de Cultura de Paz tem como objetivo disseminar conceitos, valores e práticas que sustentem a cultura de paz por meio de ações educativas que favoreçam a transformação dos conflitos em oportunidades de aprendizagem. Em 2015 foram capacitados mais de mil colaboradores do Senac.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.