‘Poder. Sabedoria. Ignorância. Liderança’
É da natureza do ser humano alcançar o poder, qualquer que ele seja: familiar, profissional, político, económico, académico, cultural, militar, religioso e até de influência. O poder seduz com muita intensidade, naturalmente: a umas pessoas, mais do que a outras; mas ele é inerente à condição humana e, inclusivamente, a muitos outros animais que connosco coabitam neste planeta.
Quando se aborda o conceito de poder, muitas vezes o estudo, a conversa, o texto, vai no sentido do “Poder Político”, talvez, porque, na maior parte das situações, será a partir daquele que as restantes formas de “domínio” vão ficar subordinadas, por isso, os políticos têm uma responsabilidade acrescida quanto: à forma, conteúdos e objetivos de como exercem o poder, porque das suas decisões depende, em grande parte, a estabilidade, ou não, da sociedade.
O poder político, de facto é, em muitas circunstâncias, e para diversas pessoas, a “porta de entrada” para um novo mundo de superintendência, sobre os seus semelhantes, sendo certo que, muitas vezes, depois de assumirem as rédeas da influência, do “domínio”, da prepotência e da arrogância, esquecem, totalmente, quem as ajudou a chegar ao “pedestal” do poder político, ou, inclusive, de outros poderes, mas sempre, do poder.
A política será tanto mais nobre, e altruísta, quanto melhor servir os interesses das pessoas, e mais eficazmente resolver os seus problemas. Ao longo da História, os processos para se chegar ao poder, foram variando: desde os mais violentos aos mais brandos e democráticos, embora os primeiros, em alguns regimes ditatoriais, sejam os que se impõem; os segundos, por vezes, degeneram em hipocrisia, cinismo, disfarce, para se alcançarem outros objetivos inconfessáveis.
O exercício do poder, em princípio, deveria pressupor sabedoria, sobriedade e respeito por todas as pessoas, sobre as quais um determinado domínio se realiza. Infelizmente, o que se verifica é que um elevado número de “poderosos”, ou que buscam a todo o custo o poder, não estão preparados para o assumirem com: isenção, competência, sabedoria e humanismo. Não são líderes democráticos.
A disputa pelo poder, é tanto mais intensa, e traiçoeira, quanto mais importante e influente é a natureza do cargo, que concede tal “autoridade”. Há postos/funções, para determinadas instituições, em que, mesmo entre os associados, quando existem, é muito difícil reunir um grupo de pessoas para assumirem tarefas nos corpos sociais, o que conduz, muitas vezes, a crises de dirigismo, e à extinção de tais organizações.
Em contrapartida, para diversos cargos, de natureza: política, desportiva de alta competição, social, entre outros, as candidaturas não faltam, o combate entre os diferentes adversários (por vezes, até se tornam inimigos de morte) atinge proporções de tal forma inimagináveis, que as consequências são imprevisíveis e, muitas vezes, irreparáveis, para grande parte dos candidatos.
A contenda pelo poder, sempre que os candidatos têm meios financeiros para organizarem uma campanha profissional, agressiva e, infelizmente, com alguns pretendentes, direcionada para o ataque pessoal, realmente “não olha a meios para atingir os fins”, ou seja: o poder, a qualquer preço.
Com o objetivo de se conquistar o poder, nomeadamente o poder político, bem como o exercício de altos cargos, os concorrentes, comissões de candidaturas e os seus mais diretos apoiantes, aceitam donativos, quotizam-se e contratam as melhores agências publicitárias, naturalmente, em função dos recursos financeiros disponíveis, para implementarem no terreno, fortes campanhas eleitorais.
Construir, artificialmente, um líder, hoje em dia, é relativamente fácil, como igualmente é possível apresentá-lo com valores humanistas, e todo um conjunto de qualidades e competências, ou seja: é como vestir a “pelo do cordeiro, no corpo do lobo”; ou então, é colocar-lhe uma “máscara” de intelectualidade, cultura, sabedoria e experiências de vida (tudo comprado a preço de ouro).
A sociedade mundial, vive preocupada com a falta de lideranças esclarecidas, autenticamente humanas, que saibam hierarquizar os objetivos, as estratégias e os meios para os alcançar. Governantes sensíveis aos maiores flagelos da atualidade, que se coloquem, efetiva e inequivocamente, ao serviço de quem confiou nas promessas que durante a “luta” eleitoral fizeram, são poucos.
Mas é claro que não se pode responsabilizar, genérica e totalmente, todos os políticos, ou outros dirigentes de diferentes instituições e objetivos. Todas as pessoas cometem erros, e os políticos são seres humanos, como quaisquer outras individualidades, acreditando-se, inclusivamente, que na maioria dos casos, não o fazem com intenção premeditada, para prejudicar os seus concidadãos.
Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo
Presidente do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal
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