Outonar é preciso
Observando minhas plantas perdendo o viço, suas folhas amarelando e caindo, percebo que, apesar de amar o outono e ser ela a minha estação preferida, como é dolorido de se presenciar o seu aparente efeito sobre elas.
Por que precisamos perder para ganhar? Morrer para viver? Descer para subir?
Por que as folhas devem cair das árvores e das roseiras e seus galhos ficarem pelados e desprotegidos?
Por que devemos nascer de novo se desejarmos viver uma nova vida?
Por que devemos morrer fisicamente para vivermos eternamente?
Por que Naamã teve que mergulhar sete vezes em um rio sujo como o Jordão para ficar curado da sua lepra?
Quantos questionamentos…
Mas a vida é mesmo assim. Outonar é preciso.
É preciso que as velhas folhas se desprendam dos galhos para darem lugar às novas. Outonar é dolorido, como o processo de metamorfose da lagarta para borboleta. Mas é momentâneo, e fundamental para que o melhor possa vir.
É preciso deixarmos para trás velhas práticas para nos aperfeiçoamos como pessoas. É preciso renunciá-las.
É preciso que esse nosso corpo material e perecível morra um dia, para que aquele, glorioso e incorruptível, possa nascer.
É preciso que desçamos dos nossos pedestais, pois somente com humildade galgaremos degraus maiores em nossa jornada.
A matemática da Vida é diferente da nossa: morrer para nascer; perder para ganhar; descer para subir.
Outonar dói, mas é necessário. É necessário viver cada estação com confiança no processo. Hoje vi minhas plantas secando, mas lá na frente, já as visualizo frondosas e floridas.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com
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Natural de Teresópolis (RJ), é poetisa, escritora e Educadora Infantil. É Acadêmica da ACILBRAS, da AIL e da FEBACLA; é Acadêmica Correspondente da Academia Caxambuense de Letras e da Academia de Letras de Teófilo Otoni, e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas (SBPA). Também pertence à ALB e a ABC, ambas virtuais. Recebeu Menção Honrosa no I Concurso de Poesia Junina e obteve o 9º lugar no XXXIV Concurso de Poesia Brasil dos Reis, (Ateneu Angrense de Letras e Artes). Foi homenageada com a Comenda Acadêmica Láurea Qualidade Ouro, a mais alta comenda da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e com o Prêmio Cidade São Pedro de Aldeia de Literatura. Participou de dezenas de Antologias Poéticas. No início de 2019 lançou seu primeiro livro solo, ‘Alma de Poeta’ (Editora Areia Dourada), que recebeu o Troféu Monteiro Lobato como o melhor livro de poesia, no evento ‘Melhores do ano 2019’ (LITERARTE), e recentemente, lançou seu segundo , ‘Simplesmente Poemas’, com o selo AIL.