julho 27, 2024
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O leitor participa: José Geraldo de Carvalho, de Jequitibá (MG), com o poema 'Apelo de caboclo'

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José Geraldo de Carvalho

 Apelo de Caboclo

Oia caboca, minha voz inté da roca

De tanto chora procê

Trez biete te escrevi

com endereço de catuti

E nada de mi arrespondê

Quarque dia vô te busca,

Ocê num judia vem pra cá.

Mora no rancho meu,

que comprei bem baratinho

É um rancho pequenininho,

Quem me vendeu foi Zebedeu.

Tinha um trio fiz um carrero

Dei brio no terrero,

 prantei horta no quintá

Na frente fiz varanda,

 e prantei bem na banda

 Um pé de jatobá.

Fiz um quarto bem bonito,

donde ocê com um grito

La de fora pode mi chama

Fiz nele o nosso leito

 onde nós dois com jeito

 Vamo sempre se amá.

Fiz uma sala bem jeitosa,

onde nós trocamos prosa

Ante da gente deitá

Com uma mesa e as cadeira,

um armário bem na beira

 Pra pouco espaço ocupá.

A cunzinha bem formada,

onde eu com a enxada

Nivelei bem direitinho

Construi uma prateleira,

o fogão e a lareira eu fiz bem miudinho

 Fiz um banhero arrumado, com vazo, pia e chuvero

Com a porta do lado, e uma fossa pra não tê chero.

Prantei um jardim com fror,

pra cumpara com nosso amor

 E todo dia ocê regá

Comprei uma rede bem grande,

é o lugar das donde

Nós dois vai descansá.

Duas vaquinha no pasto,

onde o leite dá pro gasto

Prantei mio e feijão

E pra vigiá ocê,

nas ora que eu suvertê

Eu ganhei um belo cão.

Aos Domingos nos dois sai,

namorando a gente vai a missa em Catuti.

Não fica longe é bem perto

e andando de passo certo, fica logo ali.

Depois da missa nós vorta,

faz armoço cuida da orta

Joga agua no pescoço,

e come o feijão com gosto.

Aí antão eu ti pego,

no colo ti carrego

Com carinho te levo pra cama

E ocê fazendo beicinho dis que mi ama.

E com aquele olhar profundo,

mi manda pro outro mundo

 Aí só dá eu e ocê,

 vem caboca pro meu ranchinho

Mi entrega seu carinho,

basta só ocê querê.

José Geraldo de Carvalho é natural de Baldim/MG, mas reside em Jiquitibá desde seus primeiros anos de vida. Atualmente conta com 83 anos de idade, formado no 2º grau científico. Foi proprietário de uma gráfica editora em Belo Horizonte onde publicou alguns livros, e após fazer a revisão de tantos textos se interessou na escrita e compôs poemas e músicas. Colunista do jornal ‘Boca do Povo’, na cidade de Sete Lagoas/MG, a coluna chamava-se Jequitibá Notícias e Ponto de Vista. Trabalhou no rádio Itatiaia de Belo Horizonte, com o programa Futebol Amador. Participou da escrita do livro ‘A saga de João Neves de Carvalho’, que conta a história do seu próprio pai. Pai de 8 filhos, dos quais cinco meninas e três meninos, tem 12 netos e 5 bisnetos. Vive de forma feliz, hoje aposentado e usa o tempo para o lazer com pensamentos sobre as diversas culturas.

Sergio Diniz da Costa
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