Pedro Israel Novaes de Almeida – ‘POLÍTICA NA ESCOLA’
A questão da política, na escola, deve ser discutida de maneira a não ficar confinada aos estreitos limites de projeto de lei que trata do tema, em análise pelo Congresso Nacional.
É consenso que o professor não deve, nem pode, fazer da aula um instrumento de pregação política e partidária. Trata-se de flagrante e odioso desvio de função.
Ao lecionar doutrinando, o professor usa a estrutura pública para, de maneira remunerada, ideologizar alunos, atraindo-os para suas convicções e interesses pessoais. Como professor, costuma ter ascendência sobre o corpo discente, o que confere maior virulência ao absurdo que eventualmente pratiquem.
Por outro lado, a escola não deve priorizar, nos alunos, a adoção dos valores e conceitos morais dos pais, como desejam alguns legisladores e muitos familiares. Embora soe como integradora familiar, a ideia tende à mesma doutrinação, odiosa no ambiente escolar.
Especial atenção deve ser dispensada a apostilas, livros e demais textos adotados. Não raro, conteúdos nitidamente partidários e até pornográficos acabam sendo transmitidos.
A própria diversidade sexual pode e deve ser ensinada sob o prisma do respeito humano, sem preconceitos e exclusões. Mal referido, o tema pode acabar estimulando opções e tornando todos, indistintamente, como assexuados, até que escolham o time preferido, como se ninguém já nascesse torcedor.
Já o tão decantado ensino religioso, nas escolas, parece fadado a criar mais problemas que soluções, segregando e potencializando intolerâncias e preconceitos, principalmente aos alunos que, como de pleno direito, são ateus. As religiões constituem capítulos e conteúdos de várias matérias, principalmente história.
Professores que transmitem pregações partidárias costumam fazer chacota e ridicularizar alunos que discordam de suas convicções, além de demonstrar extrema boa vontade com eventuais correligionários. Na verdade, pouco lecionam, e abusam do cargo, devendo, em medida acertada, serem demitidos.
A escola deve ministrar conteúdos, informados aos pais no início do ano letivo, e formar cidadãos civilizados e respeitadores. É difícil entender como o aluno conclui o segundo grau sem a mínima compreensão das linhas mestras da Constituição, de onde deriva toda obrigação e direito.
As escolas, em geral, pouco aproveitam o potencial disponível em palestras de juízes, promotores, médicos e tantos outros profissionais que podem ministrar cultura e civilidade, em nosso ainda primitivo ambiente.
Em plena era dos eletrônicos, podem e devem os alunos documentar os conteúdos inequivocamente partidários, para serem respeitados em suas individualidades e convicções. Assim, as escolas serão reconduzidas ao seu objetivo original.
O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.