Eliéser Lucena: Crônica ‘O matador de sonhos’
Sempre me pergunto: qual o verdadeiro valor de um sonho? Ou sonhos? Para quem ainda não entendeu, os seres humanos são dotados de uma capacidade tão sublime quanto um milagre e, talvez por isso, não seja tão entendida como deveria. Todos nós temos objetivos (é claro), todos precisamos pagar contas (mais que óbvio). Mas o que morre em nós quando deixamos nos abalar por uma figura que aqui chamo de: o matador de sonhos ou simplesmente MS.
E vem da nossa infância, quer ver?
Nós: – Ah, quero ser jogador de futebol
MS: – Desista, isso não é pra você, não tem talento nem disciplina.
Nós – Então astronauta? Cantor de Rock? Piloto? Apresentador? Jornalista, escritor?
MS: – Realmente você não se toca. Vai ser um pagador de boletos e só.
Segue na vida adulta:
MS: – Mas você não nega a raça do seu pai/mãe. Não serve pra nada.
Nós: – Mas eu nem disse nada
MS – E precisava? Olha pra você… (aqui cada um completa com aquilo que já está enraizado).
E assim durante toda uma existência, tudo o que ouvimos e (infelizmente) assimilamos com uma verdade absoluta, apenas nos tira do caminho que um dia sonhamos e até nos vimos nele, aquilo que nascemos pra ser. E quais motivos? Aí cada um tem os seus.
Se eu pudesse ser escutado por todos, diria uma coisa bem simples: aprenda a identificar seus matadores de sonhos (MSs). Eles são muitos, estão por todos os lados, sempre à espreita, esperando a oportunidade certa e o momento exato de dizer: desista! Não vai conseguir mesmo. Olha os boletos vencendo, você não se toca? Está velho pra essas coisas, pare de sonhar agora!
Parece cruel não é? Identificou algum Matador de Sonhos? Creio que sim. Então qual a maior bandeira que a humanidade deveria encampar? Todos juntos… #foracaçadoresdesonhos.
Então que tal fundarmos a Irmandade dos Cultivadores de Sonhos e Realizações? Já pensou como o mundo seria muito mais simples? Quem sabe até teríamos o poder de parar o tempo? Ficaríamos jovens pra sempre. Tá bom, talvez algumas rugas e cabelos brancos. Mas e a alma? Imagina um lugar com almas leves, vivendo a plenitude de uma vida inteira livre do peso de ser um erro, simplesmente fazendo algo que parece tão distante. Apenas sonhando.
Eliéser Lucena
Contatos com o autor
Voltar: http://www.jornalrol.com.br
- O Coração do Príncipe - 23 de abril de 2024
- Alta tensão - 31 de outubro de 2023
- Por tudo, por nada - 17 de outubro de 2023
Eliéser Affonso Lucena é natural da cidade de Cruz Alta/RS e radicado em Brasília/DF. Na área profissional é Gestor de Projetos, CEO da Matriz Cultural – Escritório de Gestão de Projetos Culturais. Na área educacional, professor com quatro licenciaturas (Pedagogia, Música, Educação Física e História). Na área literocultural, mais conhecido como Eliéser Lucena, é músico, compositor, poeta, escritor e jornalista. Fundador da banda autoral Trupe Lendas e Canções. Concebeu, escreveu, dirige e toca em espetáculos como Seis Faces – A Trilha dos Sentimentos, A Bola Azul, Arte Louca e Arrancada, Caminhos – Viajantes de Nós e, atualmente, o musical Cássia Rejane – Muito mais que Eller. É Acadêmico Internacional da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das ciências Letras e Artes, tendo recebido desta entidade o título de Doutor Honoris Causa em Belas Artes e Música..
Já fiz uma lista dos meus MSs. Estou contente: quase todos eles já morreram, ou seja, matei-os à míngua. Tirando-lhes, primeiro, o alimento e, por fim, o próprio ar, mesmo que este seja gratuito para todos. O alimento, porque minha insubordinação é crônica, e a teimosia não conhece padrões. E o ar, porque deles me afastei: eles são acostumados a rastejar e eu, de há muito, criei um jeito próprio de voar. Os MSs que restam, andam desanimados por trabalhar em vão e sem futuro ..