outubro 05, 2024
Línguas e linguagens
Meta – Linguagem
Desalento
Averso
Uma linha férrea, um córrego, muita nostalgia
Márcio Castilho lança De Todos os Tons
No Jornal ROL, a alma fluminense de Augusto Damas!
Últimas Notícias
Línguas e linguagens Meta – Linguagem Desalento Averso Uma linha férrea, um córrego, muita nostalgia Márcio Castilho lança De Todos os Tons No Jornal ROL, a alma fluminense de Augusto Damas!

Ricardo Hirata Ferreira: 'A condição das mulher no mundo'

Ricardo Hirata Ferreira: ‘A CONDIÇÃO DA MULHER NO MUNDO’

 

Ricardo Hirata
Ricardo Hirata

As questões colocadas por Simone de Beauvoir na introdução do seu livro: “O Segundo Sexo. Fatos e Mitos” (1970) são pertinentes e atuais: “Em verdade haverá mulher? Que lugar elas ocupam no mundo ou deveriam ocupar? Onde estão as mulheres? O que é uma mulher?”.

Quando esta filósofa se debruça no estudo profundo sobre a condição da mulher que é singular, ela põe luz em um debate sempre renegado da história e nos sensibiliza ainda mais para compreendermos também a condição dos outros grupos deslocados (marginalizados) como: os negros, os migrantes, os índios, os homossexuais, as travestis, etc.

Outra questão destacada é: Como as mulheres sendo mais que a metade da população no mundo, se submeteram, desde o início, a servidão imposta pelos homens? Os homens como os senhores do mundo (da política, do mercado). As mulheres postas na condição de subordinação, vistas como uma ameaça foram colonizadas. Enquanto o homem é o sujeito, a mulher é o objeto.

Ela é enquadrada na condição do outro porque existe o “Um” que é absoluto (o homem). Seu texto além de desvendar o que estava oculto e dado como fato natural provoca a todo instante a obrigação de superar a dominação e a hegemonia dos homens (dos machos) nas diferentes sociedades.

O desafio é pensar um “Nós” das mulheres diante das diferenças sociais, culturais e espaciais. Romper a dependência e estabelecer um laço forte e significativo entre: a mulher burguesa, a mulher proletária, a negra, a lésbica, a asiática, a norte-americana, a francesa, a brasileira, a muçulmana, a budista e a evangélica, etc. Isto seria possível?

De maneira geral, as religiões possuem um repertório de inferiorização e incompletude da mulher. Na verdade, tanto a religião quanto a ciência são manipuláveis e também servem aos interesses de determinados grupos que assumem o poder.

No socialismo a discussão de gênero parece ter sido apagada ou relegada ao segundo plano. Na mundialização do sistema capitalista a luta é duplamente árdua, uma vez que o sujeito é esmagado e/ou subsumido, transformado em mercadoria e em consumidor, ou mesmo em uma peça descartável.

O patriarcado casa-se com o mundo do capital. O mundo dos homens funde-se ao mundo do capital.  É desta forma que mergulhar na reflexão proposta por Simone de Beauvoir torna-se uma lição imprescindível no século XXI, a leitura sobre a condição da mulher abre, sem dúvida, as possibilidades (as janelas) de emancipação de todos aqueles que estão a margem, de “fora da história” e que foram empurrados a sobreviverem em “não-lugares”, por outro lado, o lugar ganha força e é nele (neste lugar coletivo e global) que a consciência e a compreensão deste tipo de mundo é ampliada e os não-sujeitos tornam se sujeitos na sua mais alta totalidade de conhecimentos sobre si e seu entorno (expandido). Eis ai a base da existência de um mundo para as mulheres.

 

* O texto foi elaborado a partir das reflexões realizadas no Núcleo de Estudos de Gênero e Diversidade Sexual (NEGDS/ UFSCar/Sorocaba).

 

Ricardo Hirata Ferreira

Doutor em Geografia Humana, FFLCH, USP.

Helio Rubens
Últimos posts por Helio Rubens (exibir todos)
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo