outubro 05, 2024
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No Quadro do ROL, a Pena de Ouro de Laude Kämpos!

Laude Kämpos é uma exímia esgrimista das letras, em prosa e em versos!

Laude Kämpos
Laude Kämpos

Laude Kämpos, natural de Sorocaba, é bacharel em Direito. Na seara literária, escritora de contos, romance e textos motivacionais.

Autora do livro ‘Registros de Muitas Vidas’, publicando em 2022, sendo eleito o melhor livro de contos pelo concurso Sorocaba de Literatura 2023.  Em novembro deste ano lançou a obra ‘A Verdade de cada um’, pelo qual recebeu Votos de Congratulações da Câmara Municipal de Sorocaba.

Na área acadêmica é membra, dentre outras, da AIEB – Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil; FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes; AHBLA – Academia Hispano-Brasileña de Ciências, Letras Y Artes e ALSPA – Academia de Literatura São Pedro da Aldeia

Por seu expressivo trabalho, foi agraciada com o título de ‘Consulesa Cultural da Paz’, pela academia William Shakespeare, e recebeu o título de Reconhecimento Profissional, como escritora, pelo Rotary Club de Sorocaba – Novos Tempos.

Laude Kämpos inicia sua jornada literária no Jornal ROL com o saboroso texto ‘DNA do rebuliço’.


DNA do rebuliço

Um homem ranzinza
Criador de imagens do Bing

Juliano Criquento — o segurança da Rua das Flores — tinha o DNA do rebuliço; nasceu desprovido de gentileza e era cheio de complexos.

Era tão difícil conviver com Criquento que a maioria das pessoas evitava conversar com ele, porque primeiro ele batia para depois assoprar com um pedido de desculpas; mas, de que adiantava o ‘arrependimento’ posterior se a má palavra lançada já havia ferido a vítima?

O filho de dona Maria era um homem tão difícil de comunicação que até os mais experientes vendedores quando conversavam com ele voltavam decepcionados, e sem vender nada.

O Segurança, acostumado a se ‘garantir’ com a arma nas mãos, ficou tão viciado em ser obedecido que quando as coisas não saíam do jeito que ele queria, a casa do outro caía. Vaidoso até na alma, sempre queria ter razão em tudo; mesmo que estivesse errado. Quando isso não acontecia, se destemperava e ficava agressivo. Quando voltava à razão, culpava a Diabetes por sua agressividade; mas, logo perceberam que a coitada fora sempre acusada injustamente.

Uma das maiores vítimas do leonino, com ascendente em gêmeos, foi Matilde, a esposa que por anos se submeteu à violência do marido: psicológica, moral e material.

Muitas vezes ele a deixou a pão e água, em casa, para ir gastar dinheiro com mulheres do ‘Barracão da dona Zena’. Coitada dela se reclamasse.

Cansada de ser maltratada, ela fugiu de casa para nunca mais voltar. Quando ele descobriu que foi abandonado pela mulher, revoltou-se e quase quebrou a casa inteira. Depois, desnorteado, pegou tudo o que era dela, juntou tudo no quintal e tocou fogo.

Quando o calor da mágoa baixou ele fechou-se de vez: não confiou mais em mulher e se transformou num sovina incontrolável. Inconscientemente ele acreditava que a mulher votaria correndo para casa quando descobrisse que ele havia ‘enricado’, termo que ele costumava dizer; mas, do outro lado da cidade, Matilde, no auge de sua rica de paz, mesmo enfrentando grandes privações financeiras, não cogitava voltar para o marido.

O sovina, todas as vezes que ia guardar seu dinheiro no colchão, pacientemente descosturava o buraco que havia feito para passar as notas e, em seguida, o recosturava novamente. Ele privou-se tanto para juntar dinheiro, que em pouco tempo o corpo dele exigiu a conta: a imunidade desceu para o pé e uma gripe rebelde subiu para a cabeça dele.

 Após ficar alguns dias, arriado, na cama, o gripado — acreditando que o mal-estar que estava sentindo era fruto de praga de sua ex-mulher — procurou uma benzedeira.

Ao chegar à casa da rezadeira foi logo dizendo:

— Quero que a senhora me benza contra olho gordo da minha mulher. “De mim, aquela safada não leva nada”. — desabafou cuspindo raiva.

Quando a benzedeira, no alto de sua espiritualidade, levantou o galho de arruda para benzê-lo o corpo franzino dela foi tomado por um espírito justiceiro que disse, sem cerimônia:

— Tua doença é fruto de tua ignorância; se queres te curar, entregue o que é dela.

— Nunca! De mim, aquela safada não leva um vintém — disse Juliano com muita mágoa acumulada.

— Teu egoísmo é a porta da tua pobreza; assim, tudo que juntaste não terá valor para ti. — disse o espírito que se foi antes que ele pudesse brigar.

Assim que dona Zilá terminou de benzê-lo, ele correu para casa.

— Gostou da surpresa filho? — perguntou a mãe dele que o aguardava, de surpresa.

— Mãe, o que você fez aqui? — gritou ele perplexo, com a arrumação.

— Contratei as filhas da dona Maria para fazer uma faxina nessa casa que estava parecendo o depósito de lixo da cidade. Agora que tudo está limpo com certeza o seu resfriado vai embora. — disse ela toda orgulhosa.

— O embaixador da chatice correu os olhos pelos cômodos da casa até parar, em choque, quando não encontrou o seu colchão.

— Mãe, cadê o meu colchão?

— Dei para um mendigo e comprei esse daí para você. Aquele era muito velho, devia estar cheio de fungos.

— O antissocial, desnorteado, não teve tempo para brigar; perdeu o fôlego, trincou o coração, e caiu duro no chão para nunca mais se levantar.

Uma semana após a morte do marido, Matilde — para ajudar um mendigo —comprou um colchão velho que ele oferecia. Antes de colocá-lo no lixo sua cadelinha Chimbinha o rasgou e todo dinheiro escondido apareceu escancarado. Com o dinheiro que encontrou dentro do colchão ela pagou as dívidas e comprou uma pequena casa.

Do ex-marido a separada nunca quis se lembrar; mas até hoje, todos os dias, ela agradece a Deus pelo mendigo que só fez lhe abençoar.


Laude Kämpos


Contatos com autora

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Sergio Diniz da Costa
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