novembro 23, 2024
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Nossos passarinhos

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Evani Rocha: Crônica ‘Nossos passarinhos’

Evani Rocha
Evani Rocha
Nossos passarinhos
Microsoft Bing – Imagem criada pelo Designer

Os filhos são como passarinhos. Construímos o ninho para recebê-los, com todo carinho. E eles chegam pequenos, frágeis e dependentes. São como uma joia rara que caiu no nosso mundo! Aplaudimos a cada conquista deles, festejamos o nascer de cada ‘peninha’, os primeiros dentinhos, os passinhos, as primeiras palavras. Nos encantamos profundamente com sua energia e sua capacidade também de nos esgotar.

Há momentos difíceis que precisamos de ajuda. Mas há momentos lindamente gratificantes. E eles vão crescendo ocupando espaço em casa: O seu quarto, seu lugar à mesa…a casa fica cheia, barulhenta e iluminada. Os finais de semana são sempre alegres. Os passeios de férias, as brincadeiras na rua, a vida estudantil. Precisamos ensinar nossos passarinhos a sobreviver a sós. Esse é o início de uma angústia. Falar dos perigos do mundo, ensinar valores e responsabilidade em tenra idade. Mas já estão crescidinhos e querem voar. Precisamos treiná-los antes!

A adolescência é confusa para eles. Um turbilhão de emoções que ainda não conseguem entender. E para nós também é difícil lidar com seus conflitos, pois é uma fase que geralmente eles se fecham. É preciso achar a chave certa para o diálogo. Nossos passarinhos pensam que sabem tudo, porém, ainda não conhecem os ‘gaviões’. Estes são as armadilhas que eles vão precisar identificar ao longo de toda sua vida. Cabe a nós somente orienta-los. Estão adultos e querem explorar lá fora.

A casa é grande, e vai ficar maior ainda com sua partida. Aquela angústia no peito e insegurança tendem a crescer também…

Nossos passarinhos já adquiriram maturidade, talvez ainda insuficiente para nós. Mas eles precisam viver por conta. Sabíamos que esse dia chegaria, talvez não pensávamos que doía tanto vê-los se afastar do ninho…a cada dia dão um voo mais longe! Ficamos à porta a rezar por eles, porque para nós, pais, parece que eles sempre serão crianças. E a gente quer ‘arrumar o lanche da viagem’, como arrumávamos a lancheira no jardim de infância…queremos pôr o agasalho na mochila, a escova de dentes…

“Não precisa mãe! Eu já arrumei”. Talvez caia a ‘ficha’. Eles já sabem se virar. Assim eles vão saindo aos poucos do ninho, ou alguns vão de uma vez. E nós voltamos à solitude de nossa essência. Precisamos entender que é assim o ciclo da vida. Um dia, no passado, nós também fomos embora. Fizemos aquele voo rasante, entusiasmados, olhando o mundo de cima. Acreditando que sabíamos de tudo. E como aprendemos na vida, desde aquele voo.

Agora ficamos a pensar em nossos passarinhos. Sabemos que irão enfrentar tempestades e furacões, porém, irão sobreviver. E a cada dificuldade se tornarão mais fortes. Não podemos viver as suas vidas. Mas desejamos que a deles sejam sempre melhores que as nossas. Então, eles voaram. Ficamos a andar nos corredores, visitamos seus quartos…fazemos questão de mantê-los arrumados, para quando vierem nos visitar. Pode acreditar, eles virão bem menos do que gostaríamos. Paramos às vezes no quintal, como se ainda ouvíssemos a algazarra da correria na rua, brincando de ‘pega-pega’, ou em outro momento quase respondemos a um chamado de nossa mente, como se um deles solicitasse a nossa presença.

Ah! As fotos, já conhecemos os mínimos detalhes, pois não cansaremos de olhar. Agora há espaço demais, silêncio demais e saudade demais! O que nos resta é continuar torcendo pelo seu futuro. Que cresçam e vençam e construam suas famílias, suas carreiras profissionais. Passarinhos nascem para voar, conquistar os céus, serem livres e felizes. Não existe gaiola onde há amor.

Evani Rocha


Contatos com a autora

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Evani Ferreira Rocha
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6 thoughts on “Nossos passarinhos

  1. Que texto mais incrível, amiga. Realmente, é muito difícil conviver com a ausência deles, mas sabemos que eles voam e nós só vivemos na expectativa de tê-los um pouquinho quando podemos. Parabéns!!!

  2. Nesse texto uso a metáfora do voo dos passarinhos, para falar, talvez, de um jeito mais leve, dessa fase da vida dos nossos filhos. Quem nunca ouviu dizer da existência da ‘síndrome do ninho vazio? Pois bem, realmente existe, já passei por isso é muitos que passaram vão se identificar. Brinco um pouco com a inversão das palavras, deixando o texto um ‘tiquinho’ mais poético.
    Grata a todos que comentaram!

    Recebam meu carinho🌹💕

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