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Comunicação: inevitabilidade cultural e antropológica

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Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo:

‘Comunicação: inevitabilidade cultural e antropológica’

Diamantino Bártolo
Diamantino Bártolo
‘Comunicação: inevitabilidade cultural e antropológica’
Imagem criada pela IA do Bing

A comunicação é uma daquelas atividades humanas que todos conhecem, mas poucos conseguem definir, pelo menos no seu sentido mais abrangente, desde logo, porque, e simplesmente, a comunicação: é falar uns com os outros; é televisão, rádio, imprensa, internet; é divulgar informação; é o próprio penteado; é a obra de arte, qualquer que seja o seu estilo e época; é a crítica literária. 

Se se partir da premissa, segundo a qual, o comportamento não tem oposto, porque não existe o não-comportamento, isto é, um indivíduo não pode não-se-comportar, e se se aceitar que todo o comportamento tem valor de mensagem, ou seja, é comunicação, então é impossível o indivíduo não comunicar, ou seja: atividade ou inatividade; palavra ou silêncio; tudo possui um valor de mensagem, influencia outros e estes outros, por sua vez, não podem não-responder a essas comunicações e, portanto, também estão comunicando.

A mera ausência de falar, ou de observar, não constitui exceção e, deste modo, uma pessoa que se encontre, por exemplo, de olhos fechados, silenciosa e quieta, poderá estar a comunicar que não quer falar com ninguém, nem que falem com ela. 

Pode-se ficar com a ideia de que o ser humano está sujeito à inevitabilidade de comunicar, que consiste no facto de ninguém ser capaz de não-comunicar, porque a simples presença de um indivíduo, envolve a emissão de mensagens, com significados determinados, para os seus intérpretes. Voluntária ou involuntariamente, o comportamento humano tem sempre um valor de mensagem para quem o lê.

Tomando por base a etimologia, a palavra comunicação deriva do latim “communis”, que significa comum e comunicar poderá, então, significar, tornar comum, inaugurando a passagem do individual ao coletivo, entendido como condição de toda a vida social. 

E se inicialmente, o termo significava troca de palavras, de coisas, de bens e serviços, hoje, assume um sentido não material, porque se trata de uma troca de mensagens significativas, e que envolve determinados elementos: emissor; recetor; código; mensagem; canal e ruídos. 

Também se invoca um outro conceito da palavra comunicação humana, como sendo um processo bidirecional, que relaciona, pelo menos, dois indivíduos, envolvendo diversos fatores ou elementos, estes já antes indicados. 

Neste conceito a palavra comunicação: «deriva do verbo latino communicare – conversar, trocar ideias, expor e consultar. Relaciona-se, ainda, com a ideia de commnunitas – comunidade ou comunhão. Partilhamos e trocamos conhecimentos, sentimentos as experiências de modo a alterarmos reciprocamente os nossos comportamentos.» (cf. MARQUES; RAPOSO, s.d:3). 

Também poderemos perspetivar uma outra noção de comunicação, segundo a qual: «Em qualquer projeto, a comunicação entre as pessoas é fundamental. É no ato comunicativo que partilhamos ideias/propostas, analisamos a situação atual e delineamos as fases seguintes. Segundo os dicionários portugueses, a palavra comunicação deriva do latim comunicare, que significa “tornar comum”, “partilhar”. A comunicação pressupõe, deste modo, que algo passe do individual ao coletivo. Os seres humanos são obrigados a cooperar uns com os outros, formando grupos/redes para alcançar certos objetivos que a ação individual isolada não conseguiria alcançar.» (FERNANDES, 2014).

A comunicação é, evidentemente, uma inevitabilidade cultural e antropológica, sempre acompanhada de atitudes, e pode ser de dois tipos: verbal, que constitui a forma privilegiada da comunicação pela palavra falada ou escrita; não-verbal, que enfatiza, clarifica, exemplifica e contradiz os elementos verbais. 

Os indivíduos agem e comportam-se socialmente: uma conduta individual toma as outras pessoas como objeto e, essas pessoas são interlocutoras e parceiras, respondem às ações do indivíduo considerado, embora, as relações não sejam sempre desta forma.

À comunicação corresponde um determinado efeito social, já que dela resulta a modificação do comportamento ou da convicção do recetor, porque misturando elementos intencionais, e devidamente calculados, com elementos espontâneos e, até certo ponto, involuntários, a comunicação produz mudanças variadas nos comportamentos. 

Por isso se pode aceitar que a primeira forma de interação humana, a estudar, é a comunicação, que se pode entender como sendo um mecanismo que sustenta a existência, desenvolvimento e transmissão das significações entre as pessoas. 

Bibliografia

FERNANDES, Cecília Manuela Gil Carrondo, (2014). Dissertação de Mestrado: “Turismo, Inovação e Desenvolvimento”, Viana do Castelo: IPVC-Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

MARQUES, R. & RAPOSO, R. Comunicação I. Lisboa: IEFP/Núcleo de Apoio à Aprendizagem – Departamento de Formação Profissional para o Sector Terciário. S. Data.

Venade/Caminha – Portugal, 2024

Diamantino Lourenço Rodrigues de Bártolo

Presidente HONORÁRIO do Núcleo Académico de Letras e Artes de Portugal


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