Sônyah Moreira sonyah.moreira@gmail.com – ‘Síndrome do eu que mando’
Se você observar o universo e suas diversas galáxias, verá que a terra é apenas um pontinho minúsculo no espaço, imagine então, tentar encontrar alguém nessa imensidão. Pois é, mas parece que a maioria das pessoas não percebeu isso, ouvimos quase que diariamente essa frase “Sabe com quem você está falando”, “Aqui quem manda, sou eu”
Você já observou a necessidade de algumas pessoas em demonstrar poder? Mostrar que manda. Essa maneira de mandar pode se chamar de “Síndrome de pequeno poder”, segundo a Psicologia, é uma atitude de autoritarismo por parte de um indivíduo que, ao receber um poder, usa de forma absoluta e imperativa sem se preocupar com os problemas periféricos que possam vir a ocasionar.
Segundo Heleieth Saffioti, (1934-2010) Prêmio Nobel de (1995) é um problema social e não individual característica da nossa sociedade. Ela surge quando aqueles que não se contentam com sua pequena parcela de poder exorbitam sua autoridade. Existe um provérbio Iugoslavo que diz “Se quiser saber como um homem é, coloque-o numa posição de poder”
Inúmeros problemas sociais são atribuídos à Síndrome do pequeno poder e são advindas de tradições e costumes sociais, como por exemplo: Relações familiares e de gênero entre homem e mulher, isso é patriarcalismo, ou entre pai e filho, que é o adultocentrismo e o que dizer dos excessos de burocracia em atendimentos em cartórios, em médicos etc., podemos citar também autoritarismo, exemplificada na entrada de um prédio, quando um porteiro usa de forma exacerbada esse poder, não podemos deixar de falar do corporativismo, aquele do atendimento nos serviços públicos.
A Síndrome de pequeno poder faz com que o indivíduo imaginar que detêm um poder maior que das outras pessoas. Muitas vezes esse poder místico é herdado por tradição ou até mesmo pela força bruta, o problema começa quando é usado confrontando inclusive a legislação de um país, ou as regras em uma empresa. Quantos gerentes que se consideram superiores, pelo simples fato de estar em um cargo, usam disso para humilhar, se esquecem que o mundo é redondo, e podem estar em papéis diferentes em outra ocasião. Ter hierarquia é bom, porém, até um cavalo é domado com mais rapidez com respeito e carinho, o que dizer de um ser humano.
Vamos voltar naquele pontinho minúsculo no universo, você conhece alguém assim? Já ouviu, ou leu algum caso desse tipo? Deve ter algum ser insuportável desse bem aí do seu lado. Pra mandar é preciso saber tudo, e nunca saberemos tudo, sempre haverá alguém com mais conhecimento que nós, e melhor que nós, isso podemos ter certeza.
Todos estão sem nenhuma sombra de dúvida estão contidos naquele pontinho, distribuídos igualmente, e ocupando o mesmo espaço no universo, portanto, somos iguais, podemos ter algum poder, por estar em um cargo, bem entendido “estar”, não “ser”, porque seremos sempre um ser humano, o cargo ou a condição social é passageira, posso estar hoje e deixar de estar amanhã, ser humano vou ser sempre, hoje, amanhã, numa roda de amigos. Essa é a grande diferença, e quando a pessoa esquece isso, surgi como um monstro jurássico a célebre frase “Sabe com quem você está falando? Bom ai a gente para e pensa! Puxa! Não sei não, mais espera ai um pouquinho, é rápido viu, deixe-me ver uma fotografia do universo pra poder te enxergar bem e identificar sua real posição na galáxia, nossa acho que surgiu um pequeno probleminha vai demorar, afinal a Via Láctea é uma entre bilhões, trilhões, quaquilhões, sei lá mais o que de galáxias.
Espera! Não sai daí, to quase achando! Muita calma nessa hora!
O dia que os seres humanos perceberem sua insignificância diante da magnitude do universo, quem sabe poderemos viver em harmonia e em condições melhores e sem a necessidade de mandar, ou sentir-se superior aos outros, mas pedir gentilmente, e com um belo sorriso, dizer muito obrigado!
Sônyah Moreira sonyah.moreira@gmail.com
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.