Bianca Agnelli:
“‘E se’: Vidas passadas (Past Lives) e os fios invisíveis do destino”
Bianca Agnelli
“’E se’: Past Lives e i fili invisibili del destino”
O ano de 2024 está chegando ao fim e, como todo amante do cinema que se preza, me pego fazendo um balanço mental. Quais filmes eu amei? Quais eu vou esquecer antes do próximo jantar? E aí tem aqueles que ficam, como uma música que não sai da cabeça. Para mim, este ano, Past Lives foi esse filme.
Eu o assisti no Dia dos Namorados, com um copo de Coca-Cola com sabor de framboesa (obviamente) transbordando, rodeada de casais em um cinema que cheirava vagamente a rosas e pipoca. Não exatamente o contexto mais confortável para uma romântica incurável e uma solteira convicta… Mas algo me dizia que seria especial. Spoiler: foi.
Você conhece aquela lenda do fio vermelho? A que diz que toda pessoa importante na sua vida está ligada a você por um fio invisível, que pode se esticar, se emaranhar, até se romper, mas nunca completamente? Pois bem, Vidas Passadas fala sobre essas conexões que atravessam o tempo e o espaço.
Dirigido com uma sensibilidade rara, o filme nos arrasta para uma história de amor e nostalgia, contada através de silêncios carregados de significado. A trama é simples, mas profunda, como aquelas cartas antigas que você encontra no sótão e que te fazem chorar sem saber exatamente por quê. Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) se conhecem desde crianças na Coreia do Sul. Eles se amam, ou melhor, se amam como duas crianças podem se amar: sabe, aquele sentimento inocente e verdadeiro que, no entanto, nunca consegue se concretizar de fato. Então Nora se muda com a famiglia para o Canada e o fio deles se estica, se distancia: eles seguem vidas diferentes. A distância é real, física, emocional.
Doze anos depois, Hae Sung a encontra no Facebook. Não é um grande gesto cinematográfico, não há corrida no aeroporto sob a chuva. Só uma mensagem: “Como você está?”
Eles conversam por Skype. Se reencontram. Se conectam. Mas a vida é uma narradora perversa e nunca segue o roteiro que esperamos. E assim, outros caminhos se abrem e os dois se afastam novamente.
Passam-se mais doze anos, e então, um encontro em New York. E aqui estamos, lançados no jogo do “E se?”
E se a nossa vida tivesse tomado um rumo diferente?
E se eu tivesse ficado?
E se você não tivesse se casado?
E se eu nunca tivesse soltado sua mão?
E se eu tivesse seguido aquele fio até o fim?
É aqui que Vidas Passadas se transforma em uma dança. Uma dança de olhares, de mãos que se tocam, de silêncios que gritam mais alto do que qualquer diálogo. O filme não tenta te dar respostas. Não te diz se o destino é um fio ou uma ilusão. Ele te deixa com uma pergunta: E se?
Celine Song, a diretora, nos conduz por essa história com uma delicadeza que parece quase mágica. Cada cena é íntima, como se você estivesse espiando a vida de alguém pela janela, mas sem nenhum senso de culpa. A fotografia, cuidada por Shabier Kirchner, é quente e nostálgica, com New York se tornando uma terceira protagonista: fascinante, complicada, cheia de histórias nunca contadas.
E então há os silêncios. Ah, aqueles silêncios. Em um mundo que fala demais, Vidas Passadas escolhe silenciar. Deixa que sejam os gestos, os detalhes, a contar tudo. Como naquela cena em que as mãos de Nora e Hae Sung se aproximam, mas nunca se tocam.
É nessas pausas, nesses momentos de respiração, que o filme encontra sua voz mais poderosa.
Do ponto de vista do roteiro, Celine Song adota uma abordagem sóbria e minimalista, evitando diálogos desnecessários.
Na frenética verborragia do cinema contemporâneo, Vidas Passadas é um oásis de quietude. Celine captura a essência de momentos fugazes: um sorriso tímido, um olhar que fala de arrependimentos e desejos não expressos. Não há necessidade de explicar nada, porque o silêncio aqui não é um vazio a ser preenchido, mas uma linguagem em si mesma.
Como uma apaixonada por cinema, não posso deixar de admirar essa escolha corajosa. O não dito em Vidas Passadas não é um vazio, mas uma presença tangível. É a prova de que o cinema não precisa de palavras para contar histórias poderosas. As imagens, os gestos, os silêncios são a verdadeira linguagem da alma.
Nos bastidores, a diretora Song adotou abordagens únicas para manter a autenticidade das interações. Por exemplo, ela evitou qualquer contato físico entre os atores Greta Lee (Nora) e Teo Yoo (Hae Sung) até o momento em que seus personagens se tocam no filme, criando uma tensão palpável que se reflete na tela.
A trilha sonora, composta por Christopher Bear e Daniel Rossen dos Grizzly Bear, acrescenta uma camada extra de delicadeza à narrativa, com músicas que se entrelaçam perfeitamente com as imagens, amplificando as emoções sem jamais sobrecarregá-las.
Vidas Passadas recebeu amplos elogios da crítica, com resenhas que destacam sua sensibilidade e simplicidade, considerando-o uma obra-prima que transmite uma mensagem universal e extremamente atual. O filme recebeu vários prêmios e indicações, incluindo 2 indicações ao Oscar, 5 ao Globo de Ouro, 3 ao BAFTA, 1 ao British Independent.
A diretora parece realmente conhecer os segredos desses fios invisíveis. Talvez ela tenha realmente visto, eles se entrelaçarem e brilharem na noite. Talvez ela saiba que o cinema, assim como a vida, é feito de sombras e luzes, sons e silêncios, e ela os transpondo para uma obra que não fala apenas sobre destino, tempo ou amor. Fala sobre nós, sobre os caminhos que não tomamos e sobre os que ainda podem nos levar aonde nem sabemos que queremos ir.
Assim, enquanto volto para casa, caminhando sob o céu estrelado com um cachecol um pouco longo demais, percebo que ainda estou pensando neles. Em Nora e Hae Sung. Mas também em mim, em você, em nós. Nas vidas que poderíamos ter vivido e nas que ainda estamos procurando.
“’E se’: Past Lives e i Fili Invisibili del Destino“
L’anno 2024 sta finendo, e come ogni amante del cinema che si rispetti, mi ritrovo a fare un bilancio mentale. Quali film ho amato? Quali dimenticherò prima della prossima cena? E poi ci sono quelli che restano, come una canzone che non riesci a toglierti dalla testa. Per me, quest’anno, Past Lives è stato quel film.
L’ho visto il giorno di San Valentino, con un bicchiere troppo pieno di Coca Cola aromatizzata al lampone (ovviamente), circondata da coppie in un cinema che sapeva vagamente di rose e popcorn. Non proprio il contesto più confortante per un’inguaribile romantica e una single incallita.. Ma qualcosa mi diceva che sarebbe stato speciale. Spoiler: lo è stato.
Sai quella leggenda del filo rosso? Quella che dice che ogni persona importante nella tua vita è legata a te da un filo invisibile, che può tendersi, aggrovigliarsi, persino spezzarsi, ma mai del tutto? Ecco, Past Lives ci parla di queste connessioni che attraversano il tempo e lo spazio.
Diretto con una sensibilità rara, il film ci trascina in una storia d’amore e nostalgia, raccontata attraverso silenzi carichi di significato. La trama è semplice ma profonda, come una di quelle vecchie lettere che trovi in soffitta che ti fanno piangere senza sapere esattamente perché. Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo) si conoscono da bambini in Corea del Sud. Si amano, o meglio, si amano come due bambini possono amarsi: sai, quel sentimento innocente e vero che però non riesce mai sul serio a concretizzarsi. Poi Nora si trasferisce in Canada, e il loro filo si tende, si allontana: intraprendono vite diverse. La distanza è reale, fisica, emotiva.
Dodici anni dopo, Hae Sung la cerca su Facebook. Non un grande gesto cinematografico, niente corsa in aeroporto sotto la pioggia. Solo un messaggio: “Come stai?”.
Parlano su Skype. Si ritrovano. Si connettono. Ma la vita è una narratrice dispettosa e non segue mai il copione che speriamo. E così, altre strade si aprono e i due si allontanano di nuovo.
Passano altri dodici anni, e poi, un incontro a New York. Ed eccoci catapultati nel gioco del “E se”.
E se la nostra vita avesse preso una piega diversa?
E se fossi rimasto?
E se non ti fossi sposata?
E se non avessi mai lasciato la tua mano?
E se avessi seguito quel filo fino alla fine?
È qui che Past Lives diventa una danza. Una danza di sguardi, di mani che si sfiorano, di silenzi che urlano più forte di qualsiasi dialogo. Il film non cerca di darti risposte. Non ti dice se il destino sia un filo o un’illusione. Ti lascia con una domanda: E se?
Celine Song, la regista, ci porta dentro questa storia con una delicatezza che sembra quasi magica. Ogni scena è intima, come se stessi sbirciando nella vita di qualcuno dalla finestra, ma senza alcun senso di colpa. La fotografia, curata da Shabier Kirchner, è calda e nostalgica, con New York che diventa una terza protagonista: affascinante, complicata, piena di storie mai raccontate.⠀⠀
E poi ci sono i silenzi. Oh, quei silenzi. In un mondo che parla troppo, Past Lives sceglie di tacere. Lascia che siano i gesti, i dettagli, a raccontare tutto. Come quella scena in cui le mani di Nora e Hae Sung si avvicinano ma non si toccano mai.
È in queste pause, in questi momenti di respiro, che il film trova la sua voce più potente.
Dal punto di vista della sceneggiatura, Celine Song adotta un approccio sobrio e minimalista, evitando dialoghi superflui.
Nella frenesia verbale del cinema contemporaneo, Past Lives risulta un’oasi di quiete. Celine cattura l’essenza di momenti fugaci: un sorriso appena accennato, uno sguardo che parla di rimpianti e desideri inespressi. Non c’è bisogno di spiegare nulla, perché il silenzio qui non è un vuoto da riempire, ma un linguaggio a sé stante.
Come appassionata di cinema, non posso fare a meno di ammirare questa scelta coraggiosa. Il non detto in Past Lives non è un vuoto, ma una presenza tangibile. È la prova che il cinema non ha bisogno di parole per raccontare storie potenti. Le immagini, i gesti, i silenzi sono il vero linguaggio dell’anima.
Dietro le quinte, la regista Song ha adottato approcci unici per mantenere l’autenticità delle interazioni. Ad esempio, ha evitato qualsiasi contatto fisico tra gli attori Greta Lee (Nora) e Teo Yoo (Hae Sung) fino al momento in cui i loro personaggi si toccano nel film, creando una tensione palpabile che si riflette sullo schermo.
La colonna sonora, composta da Christopher Bear e Daniel Rossen dei Grizzly Bear, aggiunge un ulteriore strato di delicatezza alla narrazione, con brani che si intrecciano perfettamente con le immagini, amplificando le emozioni senza mai sovrastarle.
Past Lives ha ricevuto ampi consensi dalla critica, con recensioni che lodano la sua sensibilità e semplicità, definendolo un capolavoro che veicola un messaggio universale ed estremamente attuale. Il film ha ottenuto diversi riconoscimenti, tra cui 2 candidature a Premi Oscar, 5 candidature a Golden Globes, 3 candidature a BAFTA, 1 candidatura a British Independent.
La regista sembra conoscere davvero i segreti di quei fili invisibili. Forse li ha visti davvero, intrecciarsi e brillare nella notte. Forse sa che il cinema, come la vita, è fatto di ombre e di luci, di suoni e di silenzi, e li ha trasposti in un’opera che non parla solo del destino, del tempo o dell’amore. Parla di noi, delle strade che non abbiamo preso e di quelle che ancora potrebbero portarci dove non sappiamo di voler andare.⠀
Così, mentre torno a casa, camminando sotto il cielo stellato con una sciarpa un po’ troppo lunga, mi accorgo che sto ancora pensando a loro. A Nora e Hae Sung. Ma anche a me, a te, a noi. A tutte le vite che avremmo potuto vivere, e a quelle che stiamo ancora cercando.
Bianca Agnelli
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Natural de Siena (Itália) é uma atriz e cineasta com uma paixão pelo cinema e histórias não convencionais. Depois de estudar filmagem e atuação cinematográfica em Florença, seguiu seu amor pelo design e criatividade, até gerenciar um bed & breakfast literário nas colinas do Chianti. Um refúgio onde escritura, arte e vida se encontram, com uma estética que mistura nostalgia e modernidade. Escreve para quem gosta de descobrir pequenas maravilhas nas dobras do cotidiano.
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