Ella Dominici: ‘Ópera: vozes eternas’


às 16:51
Óperas elevam-se em catedrais de vento, erguem-se em palcos de mares e montes. São harpas de espumas e cantos contidos em cúpulas de ouro que flutuam nos ares. As vozes, agora, são estandartes, são sopros de sopranos errantes, falando aos homens em notas de fogo, na dança da chama que nunca se apaga.
Falam de amores, de dores, de tempos. Falam de pactos, de prantos, de hinos. Nos becos sombrios onde os reis se calam, nos salões ardentes onde as sombras dançam, elas ecoam. São paradoxos que dobram os sinos, são gritos sublimes em pedra esculpidos, cortinas que se abrem e nunca se fecham, pois nelas ressoam os ais infinitos.
Óperas góticas, neblinas lunares, janelas do mundo que entoam mistérios. Seja em ternura ou em caos absoluto, são vozes eternas cantando destinos.
Ella Dominici
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, sua sensibilidade, em versos ou em prosa, é uma viagem onírica!
Como delicadas nuvens ao sabor do vento, as metáforas se fazem instrumentos delicados e afinadíssimos da Orquestra Poética: “catedrais de vento”; “harpas de espuma”; “sopros de sopranos errantes”; “dança da chama que nunca se apaga”… são, ao final do último acorde, “vozes eternas cantando destinos”!
Um sensível leitor e ‘Editor Mor’, é metáfora da felicidade de prosadores poéticos que escrevem com tinta da alma!
Gratidão ao amigo Sérgio Diniz!