José Ngola Carlos: ‘Professor, a máscara caiu!’


às 07:12 PM
À primeira vista, pode parecer estranho e ignorante a afirmação de que um Mestre não é um professor e um professor não é um Mestre. Mas, estimado leitor ou leitora, tenha em mente que esta é uma questão que deve ser compreendida tendo em conta o surgimento e o desenrolar histórico de cada um dos títulos em referência, nomeadamente: o Mestre e o professor.
Historicamente falando, quem eram os Mestres na antiguidade e quem são os mestres hoje?
Talvez não lhe tenha passado despercebido que, neste artigo, usou-se o título Mestre com a letra inicial maiúscula e mestre com a inicial minúscula. Essa distinção é proposital. A primeira designação é em referência aos Mestres do passado, e a segunda designação é uma referência aos mestres da nossa época.
Consideradas estas duas categorias de mestres, convém entendê-las por separado.
Os Mestres da primeira categoria compreendem todos os sábios ou pensadores da antiguidade que dedicavam as suas vidas para a emancipação intelectual de seus discípulos. Nesta primeira categoria, a relação existente era de Mestre e discípulos. Os Mestres da antiguidade possuíam suas próprias escolas nas quais os discípulos eram iniciados. E, por escola, convém sublinhar que não nos referimos a um edifício, antes, a um sistema de pensamento próprio. A título de exemplo, são dignos de menção como Mestres os seguintes pensadores: Sócrates, Heráclito, Jesus etc. Estes são os Mestres da vida, pela vida.
A segunda categoria de mestres compreende um grupo vasto de pessoas hoje que, possuindo algum poder financeiro e desejando algum status social, vão às universidades adquirir um certificado ou diploma de mestrado. Estes mestres, longe de serem comparados com os da primeira categoria, são o produto do poder económico e político, criado no esforço de se fazer a contínua manutenção dos dois poderes sociais já mencionados. Estes são os mestres do papel, no papel para a manutenção do poder.
Aqui, somos de ressaltar que, quando afirmamos que um Mestre não é um professor e um professor não é um Mestre, fazêmo-lo em referência aos Mestres da primeira categoria, que sempre foram poucos e que atualmente estão quase extintos e não aos mestres da segunda categoria que constituem a massa de gente equivocada e pouco ou nada producente hoje.
Quem é o professor?
Infelizmente, os professores são os sucessores em substituição aos Mestres, ou melhor, considerados uma ameaça pelo poder político, os Mestres da primeira categoria foram aos poucos combatidos por leis e força física até a sua quase extinção. De lembrar que muitos foram deportados, espancados e mortos, nomeadamente: Sorôkin, Diógenes e Sócrates, só para mencionar alguns. Pelo que, os professores são uma subclasse de políticos inferiores na educação.
Em síntese, um Mestre não é um professor e um professor não é um Mestre pelas seguintes razões:
- Um Mestre é um indivíduo autêntico, um professor é um produto social.
- Um Mestre é autónomo, um professor é dependente do poder político.
- Um Mestre é um ente produtor, um professor é um ente reprodutor.
- Um Mestre é um pensador livre, um professor está proibido de pensar.
- Um Mestre ensina a seus discípulos a pensar, um professor ensina a seus alunos a repetir o que já se pensou.
- Um Mestre ensina o que ele próprio conheceu, um professor ensina o que outros conheceram.
- Um Mestre é um ser humano, um professor é um papagaio.
- Um Mestre prepara os discípulos para os desafios da vida, um professor prepara os alunos para os exames.
Kamuenho Ngululia
Malanje, 24 de março de 2025
Como citar este artigo: Ngululia, K. (2025:3). Professor, A Máscara Caiu! Brasil: Jornal Cultural ROL.
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30, natural de Luanda (Angola) e morando atualmente em Malanje (Angola), mais conhecido no meio literário como Kamuenho Ngululia, é Mestre em Educação na especialidade de Gestão de Centros Educacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades da Universidade Europeia do Atlântico, licenciado em Língua e Literaturas em Língua Inglesa pela Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto (FHUAN) e 2020 e professor de Língua Inglesa.
Interessante!
Um Mestre não deixa de ser um professor, mas é um professor livre… já um professor, como o concebemos hoje, é um ser institucionalizado.
Hoje por hoje, os mestres são institucionalizados. Isso os faz diferentes dos Mestres de ontem. Os de hoje, adquirirem tal mestria por comprá-la nas instituições escolares.
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Interessante abordagem.
Entendi que um professor não é um mestre por ser um produto social e não ser uma ameaça para os políticos.