“Entrar no ateliê do meu avô e, antes mesmo de vê-lo trabalhando em uma de suas pinturas, me sentir envolvido pela música sinfônica que o acompanhava e o ‘inspirava’, junto com o aroma das tintas a óleo que tornavam o ambiente mágico.”
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Naqueles tempos em que a noite caía e o mundo era uma fantasmagoria de máscaras vagando pelas ruas, e o abraço, uma utopia emergia magicamente do espaço virtual de uma tela. Um conjunto de vozes angelicais, vozes curativas, poesia e música em uma harmonia que definia os estados de espírito de uma época ou tempo que parecia interminável e condenado ao abismo. Aqueles coros virtuais, regidos pelo maestro Esteban Tozzi, nos ancoravam mais uma vez à esperança. A música dava à sensibilidade humana o que ela tanto precisava: o calor que não podíamos dar uns aos outros, o abraço que não podíamos dar a nós mesmos. E através das vozes, laços invisíveis eram criados, laços de luz que aqueciam os lares, às vezes solitários, daqueles que viviam em inevitável reclusão.
Biografia de Esteban Tozzi

Esteban Tozzi nasceu em Avellaneda, Buenos Aires, Argentina, em 1962. Estudou no Conservatório Manuel de Falla e na Escola de Música Popular de Avellaneda. Estudou violão com Ernesto Videla e Roberto Lara, piano e canto com Alicia Várady, arranjo e orquestração com Juan C. Cirigliano e contraponto e estilo com Leandro López Várady. Estudou também com Werner Pfaff, da Alemanha.
Carreira Musical
É escritor e compositor de canções, música para teatro, marionetes e outros gêneros, em diversos gêneros. Suas notáveis obras, ‘Serenata al Sur del Riachuelo’ e ‘La Sal de mi Tierra’, juntamente com o poeta Horacio Ramos, foram declaradas de interesse municipal pelo Honorável Conselho Deliberativo da cidade de Avellaneda e pela Honorável Câmara de Deputados da Província de Buenos Aires. Essas obras foram lançadas em CD e em livro correspondente.

Regência Coral
É autor e compositor de inúmeras obras e arranjos para coro misto, incluindo canções populares e clássicos tradicionais, tango, folclore, obras sacras, canções infantis e espirituais negras, que são interpretadas por grupos em todo o mundo. Fundou e regeu diversos corais, incluindo o Coro de Câmara Allegro de Lomas de Zamora e, desde 1999, o Ensaio Coral de Avellaneda, grupo que dirige atualmente e que leva o nome da cidade que representa, com alta qualidade musical em todo o país.
ECAVAL
Durante a quarentena da pandemia de 2020, fundou o coral internacional ECAVAL — o Encontro Coral Virtual Aberto da América Latina — com mais de 40 cantores da Argentina, Chile, Cuba, Colômbia, Venezuela, México, República Dominicana e Espanha, com quem publicou 20 obras.
Conversando com Esteban Tozzi:
MO: Como a música surgiu como expressão em sua vida no início?
E T: Eu nunca soube. Suponho que foi minha mãe que ouviu todos os tipos de música na minha sala desde criança: folk, clássica, popular, Beatles… Entrar no ateliê do meu avô e, antes mesmo de vê-lo trabalhando em uma de suas pinturas, me sentir envolvido pela música sinfônica que o acompanhava e o ‘inspirava’, junto com o aroma das tintas a óleo que tornavam o ambiente mágico. Desde muito jovem, senti que a vida sem arte seria muito difícil de suportar.
MO: Você acha que houve uma evolução ao longo do tempo e quais foram os fatores determinantes na sua carreira?
ET: Com certeza! Comecei estudando violão e compondo algumas canções de amor impossíveis durante meu despertar emocional. Na adolescência, lembro-me das minhas visitas às então famosas lojas de discos de música clássica no centro de Buenos Aires, escolhendo e descobrindo aquela ‘música apaixonante e inatingível’ enquanto, por outro lado, formava minhas primeiras bandas nacionais de rock e, depois, de música folclórica popular.
MO: Quais aspectos você considera decisivos na sua carreira?
ET: Mais tarde, percebi que tinha algo a dizer e que o que eu buscava era escrever, compor música, mais do que executá-la. Decidi, então, estudar piano, esse instrumento maravilhoso onde a orquestra parece residir, e onde você pode ver e tocar todas as notas possíveis. Sempre fui fascinado por harmônicos, mais do que por ritmos, e pela voz humana como a ‘síntese fatal’ da expressão musical. Então, um dia, ouvindo um coral a cappella muito bom ao vivo, descobri que era isso que eu queria — talvez o que eu devesse — fazer: compor, tocar. Ou seja, dedicar-me à música vocal, e especialmente à música coral a cappella.
MO: Como você conseguiu conciliar sua paixão pela regência coral com a composição musical e o que a inspirou a criar música para corais?
ET: Ouso dizer que foi o contrário: minha paixão por compor, por escrever música, me levou a criar meu próprio coral e, assim, poder executar minhas obras.
M O: Você acha que o trabalho em conjunto na música coral promove uma atitude relacionada à busca pela harmonia, tanto no sentido musical quanto em um sentido mais amplo?
E T: Claro, eu acho. Acredito firmemente que é impossível realizar uma performance musical que expresse algo profundo sem que o grupo se sinta, por sua vez, unido e unido; com uma dedicação absoluta que sempre reflete o que foi compartilhado, trabalhado e apreciado em cada ensaio. E, além dos ensaios, os grupos corais compartilham viagens, encontros, comida, risadas e muito mais do que apenas música.
MO: Se você tivesse que definir sua carreira musical, que mensagem acha que está deixando por meio do seu trabalho?
ET: “Nunca busquei a glória”, disse o poeta, mas, admito, talvez eu tenha “deixado minha canção na memória dos homens”. Há alguns anos escrevi para minha filha, a caçula, que despertava para esse milagre de decidir por onde tentaremos caminhar (não gosto da palavra “carreira”), uma canção que termina com estas palavras: “Voe e saiba que uma noite, uma noite eu não estarei mais lá. Você sabe disso, não há reprovações: na sua voz, no seu amor, no seu ardor, nessa estrelinha que se ilumina, eu viverei.” Assim, cada um de nós deixa sua pequena pegada, para quando não estivermos mais aqui. Se alguma das canções que compus ainda estivesse tocando por aí, depois do depois, terei cumprido meu dever comigo mesmo e com meus semelhantes.
VejaMais
‘ESTAMOS‘ (F. Delgado-E. Tozzi) Ensayo Coral de Avellaneda -dir. E. Tozzi- https://www.youtube.com/watch?v=b92zwVGzkdE
‘ANGELE DEI‘ (E. Tozzi) CORO ALBERTO GINASTERA – maestro. Roberto SACCENTE
https://www.youtube.com/watch?v=FCHhSTzItVs
‘BALADA PARA MI MUERTE’ (Ferrer-Piazzolla) arr: Esteban Tozzi – English lyrics in description
https://www.youtube.com/watch?v=b-RCYxyJCWA
‘PALABRAS’ (F. Delgado-E. Tozzi) – ECAVAL – coro virtual
https://www.youtube.com/watch?v=bb_JVgahCR0
‘CANCION PARA DORMIR A MIS CACHIVACHES‘ (Marta Oliveri-E.Tozzi) Niños D. Zípoli – dir. Jorge Colnago)
https://www.youtube.com/watch?v=jkFlTQwWpAQ
Marta Oliveri
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Natural de Buenos Aires, é escritora, poetisa, romancista, docente e ensaísta argentina, com destaque na literatura argentina contemporânea. Neta do poeta húngaro Vèr Andor, abordou o problema de seu tempo a partir de uma postura poética e existencial. Sua busca por escrita representa a realidade completa de uma geração sobrevivente, sendo reconhecida por seu compromisso com os direitos humanos. Publicou mais de 20 livros, incluindo poesia, novela e ensaio. Na poesia, destaca ‘Antologia do Desamparo’, que reúne nove coletâneas de poemas e reflete a busca poética ao longo dos anos. Na ficção, o romance ‘O Homem no Copo d’Água’ é uma de suas obras mais notáveis e pessoais. E nos ensaios, ‘A Outra Visão’ é uma obra que lhe permite refletir sobre temas pelos quais é apaixonada. Esses três livros, embora de épocas diferentes, são, sob a ótica de Marta Oliveri, os que melhor a refletem como escritora, representando a completa realidade de uma geração sobrevivente, e, com isso, ensejando-lhe elogios por intelectuais como Leonardo Senkman. Por sua expressiva carreira literária, foi indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em diversas ocasiões, pela Sociedad Argentina de Periodismo Médico (SAPEM) e a Asociación Latinoamericana de Poetas (ASOLAPO).
Este encuentro entre Esteban Tozzi,músico y director coral y Martha Oliveri, escritora, es más que un reportaje, es un intercambio de dos creadores dedicados a la exaltación del Arte, en este caso a mostrar el recorrido de Esteban en esa labor sublime de su maestría en los conciertos corales . Al escucharlos nuestro espíritu se eleva por qué nos muestra la belleza de la música y el canto. El efecto es envolvente y da una sensación de paz
Felicitaciones a los dos!
Así es un encuentro de almas eso es el arte una reunión de la sensibilidad una búsqueda eterna y otros horizontes