Marta Oliveri: Poema ‘Tornando-se’


l
‘Azul é meu nome’, você disse
e as grades da gaiola se afastaram
um estalar de asas no ar.
Você estava procurando ‘a outra margem’,
o criador de sonhos
revelou sua palavra além deste mundo em um barco,
levando você… me levando.
A menina monstro
congelada na névoa
espia os braços brancos
da espuma:
ela, a mãe atônita
que morreu na fonte
das hesitações,
Ofélia e Alejandra
as pedras da Virgínia
negando o desamparo
de uma vida sem fábula.
‘Azul é meu nome’,
e nos tempos verbais
escureceu por três noites
“… para que a aurora não viesse.”
“Para que a aurora não viesse”,
você repetiu em seu sonho
a lealdade avassaladora
de um Pedro rebelde
das escrituras sagradas.
Para que a aurora não rompa
enquanto eu carrego meu cajado
sem possível floração.
Enquanto a Fênix não renascer
de sua era de cinzas.
Enquanto a alma retornar
ao corpo derrotado.
Não havia luz no éter
e além da canção do poeta
a aurora das constelações escurece.
ll
O que faremos depois do dia
na hora essencial
onde o vigor das máscaras se cala
e as memórias do medo se vestem de carmesim.
O que faremos
quando o silêncio vier
ourives de sombras
beijar nossas pálpebras,
entrecerrar os olhos para a vida
que se desvanecerá tão pequena
em seu minúsculo espaço.
Soberano por não ser
quão belos crescerão os primeiros jasmins
o que não poderei sentir
que aroma acompanhará
o nascimento que se aproxima
quantas asas estalarão
o devir da Fênix.
não é mais necessário
que minhas canções acompanhem
nem meus braços abracem
eu retornei de ter sido:
outras pegadas começam.
não é mais necessário
que minhas canções me acompanhem
nem que meus braços me abracem
Eu retornei de ter sido:
outras pegadas começam.
Marta Oliveri
- Rebeldía 14 – PEREGRINA - 12 de dezembro de 2025
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Natural de Buenos Aires, é escritora, poetisa, romancista, docente e ensaísta argentina, com destaque na literatura argentina contemporânea. Neta do poeta húngaro Vèr Andor, abordou o problema de seu tempo a partir de uma postura poética e existencial. Sua busca por escrita representa a realidade completa de uma geração sobrevivente, sendo reconhecida por seu compromisso com os direitos humanos. Publicou mais de 20 livros, incluindo poesia, novela e ensaio. Na poesia, destaca ‘Antologia do Desamparo’, que reúne nove coletâneas de poemas e reflete a busca poética ao longo dos anos. Na ficção, o romance ‘O Homem no Copo d’Água’ é uma de suas obras mais notáveis e pessoais. E nos ensaios, ‘A Outra Visão’ é uma obra que lhe permite refletir sobre temas pelos quais é apaixonada. Esses três livros, embora de épocas diferentes, são, sob a ótica de Marta Oliveri, os que melhor a refletem como escritora, representando a completa realidade de uma geração sobrevivente, e, com isso, ensejando-lhe elogios por intelectuais como Leonardo Senkman. Por sua expressiva carreira literária, foi indicada ao Prêmio Nobel de Literatura em diversas ocasiões, pela Sociedad Argentina de Periodismo Médico (SAPEM) e a Asociación Latinoamericana de Poetas (ASOLAPO).


Marta, tú, en verso y prosa, te veo en Estocolmo, en la fiesta del Premio Nobel de Literatura, ¡totalmente merecido!
MIl gracias por tanto
Un Abrazo desde Argentina!!!
Martha querida, gracias por tanto talento y por tu generosidad.
Un abrazo.
Brenda Beauvoir- Escritora Argentina.
De nada Poeta es un placer compartir
este mundo de poesia, ese espacio donde los albatros,a decir de Baudelaire, podemos desplegar nuestras alas.
Con una voz íntima y profunda, Marta Oliveri nos ofrece un poema que abraza la fragilidad y el renacimiento. Sus versos tocan el umbral entre el silencio y la memoria, con una delicadeza que conmueve.
Agradezco haberlo leído y me encantará conocer la obra completa. ¡Felicitaciones, poeta!
Rute Ella Dominici
A vos por tu maravilloso comentario.Un abrazo fraterno desde Argentina!!!
He vuelto de haber sido” una consigna de la existencia en ese transcurrir indetenible en la vigilia y el sueño y en el misteriosa región de ese otro mundo, “cusndo llegue el silencio a cerrar nuestros ojos a la vida”, mientras se multiplican los renaceres del Ave Fénix en el mundo que dejamos como el pájaro de plumas azules buscando “la otra orilla”abandonando la jaula.
Poema cuya belleza está en el mismo sentido, el más alla de un tiempo que vence, una y un renacer eterno
Qué puedo decir poeta si lo ha dicho todo, has hecho un poema del poema una reflexión qué es un canto gracias Infinitas!
Un hermoso poema nos regala Martha Oliveri del devenir existencial desde lo mas profundo y sincero de su esencia poetica para darnos una caricia al alma. Gracias nuevamente querida poeta !
A vos por mantener viva esa sensibilidad que tanta faltanos hace!