Exclusivo! Primeira entrevista da coluna foi inaugurada pelo escritor Sergio Diniz da Costa!
Por Sergio Diniz da Costa
(Fotos tiradas do Facebook)
Personalidade entrevistada: Míriam Corrêa Jáki
Sérgio Diniz da Costa: Quem é você, segundo você mesma, e onde nasceu?
Míriam Corrêa Jáki: Sou uma sonhadora que acredita que a educação e a cultura são direitos de todos os cidadãos. Uma votorantinense de alma e coração. Acredito no amor pela vida, na perfeição da natureza, na importância da poesia e, principalmente, na transcendentalidade da música.
SDC: Como foi sua infância e quem a influenciou no mundo da música e, em particular, do piano
MCJ: Fui criada principalmente pelas minhas avós, pois meu pai havia falecido no dia do meu quinto aniversário e minha mãe precisava trabalhar para conseguir criar a mim e a meus três irmãos.
Meu bisavô, o maestro da banda Santo Pregnolato, sempre dizia: “Esta menina tem muito jeito para a música”.
Na verdade, vim de uma família do lado paterno de músicos, e a música estava realmente em meu sangue desde pequenina.
Todos os músicos de minha família tocavam instrumento de sopro, e seria normal que eu também seguisse este caminho.
Embora eu também tenha aprendido violão, violino, flauta e oboé, a sonoridade do piano me encantava e fui enfeitiçada por este instrumento que considero o mais completo de todos e foi ele o escolhido para me acompanhar durante toda a minha vida.
- SDC: Quando e como foi o seu ingresso na AVLAH? Desde quando é presidente da entidade? E quais são as atividades previstas para o futuro?
- MCJ: Fui convidada a ingressar nesta instituição desde o seu surgimento, em 2010, ocupando na ocasião o cargo de vice-presidente.
Com a saída do então presidente, Antonio Carlos de Oliveira, em 2012, assumi a presidência desta entidade, na qual estou à frente até os dias de hoje.
A principal meta da AVLAH é continuar a viabilizar ações culturais, dando, principalmente aos artistas e escritores, a oportunidade da divulgação de seus trabalhos e incentivar novas criações.
- SDC: Quais são as atividades desenvolvidas pela AVLAH? E há alguma, em particular, que possa ser destacada, pelo envolvimento com a coletividade de Votorantim?
- MCJ: Com o apoio da APEVO (Associação dos Aposentados e Pensionistas de Votorantim), a AVLAH, tem realizado inúmeras ações, dentre as quais podemos destacar:
– O Prêmio João Kruger, entregue a artistas de nossa cidade e região que se destacam pelo seu trabalho e pela dedicação às artes em geral.
– O Sarau Lítero-Gastronômico-Musical, que tem como objetivo interligar música, dança e poesia, sem se esquecer da gastronomia, com temas diversos e abrangentes.
– O Concurso de Contos, que aborda temas que fazem despertar a conscientização e a preservação do meio ambiente, envolvendo crianças da rede pública municipal de ensino.
Esta última, considerada a ‘Menina dos Olhos’ da Academia, vem sendo realizada há dois anos consecutivos, em parceria com a Secretaria de Educação de Votorantim, e tem como maior objetivo despertar as crianças para a escrita.
- SDC: A população em geral, e os artistas, em particular, têm conhecimento da existência da AVLAH? Caso não, por que não e como resolver essa questão?
- MCJ: Acredito que com o passar dos anos a Academia já chegou ao conhecimento dos artistas e da comunidade, mas de forma restrita, pois a divulgação dos trabalhos ainda acontece de forma lenta, principalmente porque há falta de apoio financeiro.
A fórmula para solucionar esta questão, pode estar dentro da própria Academia, do comprometimento de cada Acadêmico com esta instituição, o que muitas vezes não acontece.
- SDC: Quantos membros tem a Academia? Todos participam efetivamente das atividades? Caso não, o que deve ser feito em relação aos que não ‘vestem a camisa’?
- MCJ: O estatuto da AVLAH prevê a totalidade de 40 membros, mas ainda não completou esta formação.
Atualmente, contamos com 26 membros, mas, infelizmente nem todos atuantes.
Acredito que esta situação não é particularidade desta Academia, pois sabemos que mesmo prestando o juramento, nem todos vestem a camisa e carregam esta bandeira.
O estatuto prevê a exclusão daqueles que não cumprem com seus deveres acadêmicos, dando-se, desta forma, a oportunidade a novos membros que compartilham do mesmo ideal.
- SDC: As pessoas que privam de sua amizade sabem que você tem um número expressivo de alunos, fato esse que, seguramente, a obriga a uma jornada de trabalho muito acima das 8h diárias. Diante disso, como você concilia suas atividades profissionais com as atividades da Academia?
- MCJ: Venho de uma família de mulheres guerreiras e tenho muito orgulho dos exemplos deixados pelas minhas avós, que me ensinaram a acreditar na força do trabalho, e a lutar com empenho por meus ideais, pois tudo que fazemos com comprometimento e com o nosso coração resultará em bons frutos e, assim, conseguiremos ultrapassar os nossos próprios limites.
- SDC: Como tem sido o relacionamento da Academia com os órgãos públicos de Votorantim? A entidade tem recebido apoio desses órgãos para a consecução de suas atividades?
- MCJ: Pelo fato de a Academia não ser ainda uma instituição legalizada, mas em processo de legalização, torna-se mais difícil a captação de recursos para realizar grandes projetos; assim sendo, opcionalmente contamos com o apoio de alguns colaboradores individuais.
- SDC: Na qualidade de cidadã votorantinense e, especialmente, como presidente da Academia, que crítica (positiva e/ou negativa) poderia ser tecida em relação à área cultural de Votorantim?
- MCJ: Cultura e educação são fatores primordiais para a formação de consciência coletiva e é um direito do cidadão e não devem ser colocadas em segundo plano; por este motivo, eu espero que a atual gestão tenha este cuidado em proporcionar novas fontes culturais e melhorar as já existentes.
A Academia Votorantinense de Letras, Artes e Historia quer contribuir, por meio de seus princípios estatutários, para que este propósito venha a ser alcançado, para que artistas e produtores culturais tenham o seu espaço, e que este seja respeitado.
- SDC: Na qualidade de presidente da Academia, que sugestões gostaria de propor, a fim de a Secretaria de Cultura de Votorantim ampliar a abrangência de seus programas e regionalizar sua ação?
MCJ: As parcerias entre o poder público e o setor privado conseguem, juntas, resultados que podem favorecer ações culturais, e colocar em prática projetos que muitas vezes nem sairiam do papel.
Acredito que é preciso criar, primeiramente, oportunidades para nossos artistas e artesãos e, a partir dos resultados conquistados, estender suas ações a toda região, abrindo, desta forma, novos horizontes culturais.
- SDC: A cidade de Votorantim, o estado de São Paulo e o Brasil investem o suficiente na área educacional? E na Cultural? Em ambos os casos, o que deve ser feito?
- MCJ: As dificuldades existem em vários setores de nossa sociedade, e a cultura é o primeiro setor a sentir os reflexos deste mal.
A educação se tornou frágil diante da incapacidade de nossos governantes e não tem recebido a devida importância que merece e precisa.
Para que se possa chegar a uma melhoria no setor cultural e educacional, é preciso que o país adote uma postura diferente em sua prática histórica, investindo em projetos educacionais desde a sua base, formando mentes pensantes e viabilizando e tornando a Educação seu maior objetivo.
Enquanto governantes acharem que educação e cultura são quesitos supérfluos, sempre haverá um desequilíbrio entre sonho e realidade.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.