Sergio Diniz da Costa
Um tributo a minha mãe, Irma Pignata!


Diz o ditado que “é de pequenino que se torce o pepino”. O provérbio se refere aos bons costumes e educação que se dá às crianças desde o mais cedo possível. E foi de pequenino que comecei a viajar pelo mundo afora por meio dos livros; a sentir o gosto, o prazer pela leitura, recebendo essa herança de ordem imaterial de minha mãe, Irma Pignata, hoje com 98 anos.
Tão logo aprendeu a ler, já se mostrava curiosa por tudo, e se tornou uma leitora voraz, lendo desde papéis encontrados pelo chão, bulas de remédios, passando pelos gibis, revistas populares e, em especial, livros. Ela tinha tudo para se tornar uma escritora, uma grande escritora.
Na juventude, sua voz de soprano-ligeiro a levou, nos idos da década de 1940, a cantar na Rádio PRD-9 de Itapetininga e, naquele momento, um convite por parte da rádio poderia – se aceito – tê-la projetado nacionalmente.
Entretanto, de nove irmãos, minha mãe era a segunda filha de meu avô, José Pignata, que, no fundo da residência, tinha uma pequena fábrica de linguiça. E a juventude dela, bem como da irmã mais velha, tia Diva – que também chegara a dividir o microfone da Rádio PRD-9 – as levou a ajudar meu avô, levantando-se ambas às 4h da manhã para, literalmente, ‘encher linguiça’ e, depois, sair para vender, ou entregar encomendas, com pesadas cestas sobre as cabeças.
Não bastasse o peso sobre a cabeça, aos 21 anos sobreveio o casamento e, aos poucos, os quatro filhos. Meu pai era contador de uma fábrica e durante um tempo minha mãe precisou costurar para fora, a fim de aumentar a renda familiar. E assim, os sonhos de voos literários e musicais foram desvanecendo, extintos pela realidade. Não obstante a impossibilidade de realizá-los, continuou viajando pelos livros. Mais do que isso, a também devorar as palavras cruzadas e, consequentemente, a angariar um conhecimento e a desenvolver um vocabulário muito acima da média, mesmo por parte de muitos acadêmicos de letras, como tenho constatado, na qualidade de escritor e revisor de livros.
Minha mãe, absorvida pela vida, pela devoção aos pais, ao marido e aos filhos, não se tornou uma grande escritora e nem uma Diva da música. Seus sonhos, contudo, seu amor aos conhecimentos gerais e aos livros, em particular, foram-me doados, num processo de observação e admiração diária.
Ser hoje o Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL; revisor de livros; jurado de concursos literários; membro de academias literárias; a cada livro que lanço e a cada honraria que recebo de entidades culturais de vulto nacional me faz agradecer a minha mãe, cujos sonhos de menina não pôde realizar, porém, projetou em mim o desejo de realizar um talento nato, num processo transcendente de amor e de doação!
Sergio Diniz da Costa
- O mistério da rua sem saída - 5 de dezembro de 2025
- Uma noite inesquecível em Manhuaçu! - 3 de dezembro de 2025
- N.A.I.S.L.A - 2 de dezembro de 2025
Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Pesquisador em Artes e Literatura; Pela Academia de Letras de São Pedro da Aldeia, o Título Imortal Monumento Cultural e Título Honra Acadêmica, pela categoria Cultura Nacional e Belas Artes; Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos. Pelo Movimento Cultivista Brasileiro, o Prêmio Incentivador da Arte e da Cultura,


Sua mãe é uma grande mulher, Sergio. Que bom que ela pôde dar a você a oportunidade de ser esse grande escritor e jornalista que és. Eu a agradeço por sua existência. Parabéns!! 🌹👏👏👏👏👏👏❤️
Gratíssimo pelo seu comentário, Verônica!
Abrazo fuerte para ti
Un amor incodicional que no se olvida
Gratíssimo pelo seu comentário, Verônica!
En términos literarios, Marta, le debo a mi madre lo que soy, ¡con gran gratitud!
De verdad, Marta, es un amor que no se olvida, que resuena en la eternidad.
Meu nobre amigo e irmão Sérgio Diniz, não conheço a sua mãe, mas o pouco que te conheço, embora através desse contato virtual pelo WhatsApp e ROL, desde o início senti uma grande empatia.
Pelas conversas que temos eventualmente, sinto o grande ser humano que és. Pessoa digna, grande caráter e excelente escritor. Sua mãe, certamente, tem um grande orgulho da pessoa que você tornou.
Deixo aqui o meu abraço de luz.
Um mega gratíssimo por suas palavras, meu queridíssimo e fraterníssimo amigo JAT!
Ontem foi o aniversário dela (98 anos) e fiz essa homenagem a ela.
Sérgio, sua crônica é um presente de afeto e memória. A forma como retrata sua mãe, Irma Pignata, é de uma ternura que ultrapassa a narrativa: vemos nela a força da mulher simples, que carregava livros e sonhos na mesma medida em que carregava cestas pesadas de linguiça ao amanhecer. É admirável perceber como a paixão pela leitura e a herança cultural foram transmitidas de mãe para filho, transformando-se em legado imaterial que resiste ao tempo. Seu texto valoriza não apenas a trajetória de uma mulher que poderia ter sido grande cantora ou escritora, mas que, sobretudo, foi grande na vida — exemplo de dedicação, sensibilidade e coragem. É uma crônica que exalta raízes e mostra que, mais do que os destinos que não se cumpriram, permanece o brilho daquilo que foi essencial: a grandeza de ser mãe e inspirar gerações.
Ella Dominici
Ella, suas palavras são comoventes! Gratíssimo por elas! Você fez uma verdadeira resenha do meu texto. Uma belíssima resenha!
Que tributo emocionante, Sérgio! Sua crônica é mais do que um relato pessoal: é um testemunho de como os sonhos, ainda que interrompidos pela vida prática, podem florescer em outros caminhos, perpetuados no coração dos filhos. Sua mãe, Irma Pignata, não se tornou escritora nem cantora nos palcos do rádio, mas deixou em você a herança da leitura, do amor pela cultura e do dom da palavra — uma herança maior do que qualquer carreira individual poderia significar.
Ler este texto é sentir a presença dela não apenas como mãe, mas como verdadeira mestra silenciosa, que transformou a vida em aprendizado e semeou, em você, o talento que hoje partilha com tantos.
Parabéns por essa homenagem sensível e necessária. Em cada linha, percebe-se não apenas o filho agradecido, mas o homem de letras que reconhece o quanto deve às raízes.
— Paulo Siuves
Um mega gratíssimo por suas emocionantíssimas palavras, Paulo!
Estou juntando os comentários para levar a ela, na próxima visita.
Cantoras e escritoras encontramos muitas, no entanto Mãe como a sua, que deixa um legado de Amor sem limites, alternando sua labuta diária com o enriquecimento intelectual, eis uma herança desmesuradamente grande e importante!
Gratíssimo por seu comentário, Aimée!
Minha mãe vai ficar felicíssima por lê-lo!