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O bêbado caloteiro

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José Antonio Torres: ‘O bêbado caloteiro’

José Antonio Torres
José Antonio Torres
Imagem criada pela IA da Meta
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Na mesma casa de cômodos onde ocorreu o caso do Velhinho do Terno – já publicado aqui no ROL – muitos casos aconteceram. Este é apenas mais um. Quando aconteceu este caso, lá pelos idos da década de 1960, a dona da casa de cômodos, uma portuguesa viúva, com o filho ainda criança, administrava tudo com muita competência e determinação. Ela não permitia que os inquilinos levassem mulheres para os quartos. Todos os inquilinos eram homens.

Certa vez, um dos inquilinos, que possuía aproximadamente 1,90 m – tão forte que mais parecia um fisiculturista – e que trabalhava em uma transportadora próxima, deixou de pagar o aluguel do quarto. Criou caso, discutiu, mas a dona não se intimidou. Ela foi até a transportadora e pediu para falar com o responsável. Foi conduzida até a presença do dono da empresa e contou o que estava acontecendo. Disse que o funcionário não pagou o aluguel e estava criando confusão. O dono da empresa disse-lhe que pagaria o aluguel e descontaria no salário do funcionário. Disse mais, que se ele não pagasse regularmente o aluguel, que voltasse à empresa e falasse com ele. Ela não teria prejuízo.

Mais tranquila, voltou para casa e continuou com seus afazeres. Eram outros tempos. Hoje em dia, ela não teria recebido essa atenção. Seria completamente ignorada. No início do mês seguinte, quando o aluguel deveria ser pago, ela foi ao inquilino criador de caso para cobrar. Encontrou-o muito bêbado e alterado, dizendo que não pagaria o aluguel e que, se ela fosse à empresa reclamar, iria dar-lhe uma surra. A dona, então, chamou a Polícia Militar.

Uma viatura com dois policiais dirigiu-se à casa de cômodos. Ao chegarem, a dona explicou-lhes tudo que estava ocorrendo. O filhinho da dona, assustado com a agressividade do inquilino bêbado e encrenqueiro, disse aos policiais que ele queria bater na mãe dele. Os policiais dirigiram-se até o quarto do inquilino caloteiro e ordenaram que ele pagasse o que devia. Ele, muito bêbado, olhos tão avermelhados que parecia que tinha pingado groselha em lugar de colírio, se exaltou e os policiais disseram-lhe que iriam levá-lo para a Delegacia. Ele, então, pegou o dinheiro do aluguel no bolso e atirou as notas ao chão.

Os policiais subiram o tom e ordenaram que ele catasse nota por nota e entregasse o dinheiro nas mãos da senhora. Ele assim o fez. A dona, temerosa do que ele pudesse fazer posteriormente, já que a ameaçara de agressão, disse aos policiais que não se sentia segura e que não o queria mais morando ali. Os policiais, nesse momento, ordenaram que ele arrumasse os seus pertences e deixasse a casa. Ele, resmungando e tropeçando nas próprias pernas, obedeceu e foi embora.

Mais um sufoco passado pela dona da casa de cômodos.


José Antonio Torres

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29 thoughts on “O bêbado caloteiro

  1. Meu amigo; mais uma vez, folgo-me em dizer que é um orgulho ter tão erudito contemporâneo do banco escolar, neste caso, o Instituto Cylleno. Quanto ao texto, muito bem escrito, narra a vida, somente vida.

    1. Murta, meu querido amigo, muito obrigado pelo carinho e por tuas palavras tão gentis. É uma honra ter a tua amizade.
      Um forte abraço de luz.

    1. Chama a atenção o comportamento das pessoas seis décadas atrás. Hoje o desfecho seria violento ou tráfico.
      Parabéns José Antonio por mais uma obra prima.

      1. Angelo Britto, muito obrigado pelo carinho. A tua observação está correta. E só para reforçá-la, esse caso é real.
        Um forte abraço de luz.

  2. Chama a atenção o comportamento das pessoas seis décadas atrás. Hoje o desfecho seria violento ou tráfico.
    Parabéns José Antonio por mais uma obra prima.

  3. Foi ambientado tem algumas décadas quando as coisas ainda eram civilizadas!!Imagina uma situação dessas nos dias de hoje?Hoje é selvageria pura!!Valeu amigo!!👏👏👏

    1. Sérgio, muito obrigado pelo carinho e apoio de sempre.
      A sua observação está corretíssima!
      Como eu disse, em resposta ao comentário do Angelo Britto, este caso é real.
      Um forte abraço de luz.

  4. Já se foi o tempo em que os problemas era resolvidos de maneira bem mais simples. Em que até a polícia era respeitada. Obrigada por relembrar que a vida era bem mais simples.

    1. Helena Masurk, muito obrigado pelo teu carinho.
      Você tem razão. As situações e as pessoas mudaram radicalmente. A empatia está sendo deixada de lado. A vida era mais simples e suave, apesar dos problemas.
      Um beijo de luz no teu coração.

  5. Meu amigo que conto lindo! Adorei, me fez lembrar quando éramos crianças que ao sairmos à rua e esbarrássemos em alguém, recebíamos sempre um bom dia ou boa tarde. Era um tempo que existia gentileza.

    1. Paula, muito obrigado pelo carinho.
      Você tem razão. Eram outros tempos.
      E esse caso que eu narrei foi real.
      Um beijo de luz no teu coração.

  6. Amigo é muito bom lembrar que as coisas eram resolvidas nas conversas e com muito menos agressividade. Se fosse hoje, não seria resolvido dessa forma, além de haver bastante desrespeito e desobediência. Gostei bastante, texto bem expressivo e interessante. Parabéns.

    1. Ivone, muito obrigado pelo carinho.
      Você está coberta de razão. Hoje não haveria a menor possibilidade desse caso ser resolvido dessa forma. Ela seria morta, inapelavelmente.
      Um beijo de luz no teu coração.

    1. Lora, muito obrigado pelo carinho.
      Sem a menor dúvida. Hoje a vida está mais violenta e, também, as pessoas. Estamos vivendo uma fase muito difícil.
      Um beijo de luz no teu coração.

  7. Caro amigo José Antonio. Mais uma vez nos abrilhanta com uma narrativa do cotidiano. História de outrora com um epílogo provavelmente diferente dos dias atuais. Grato pelo excelente texto. Abraço.

    1. Salvador, obrigado pelo carinho.
      Você tem razão. Os tempos mudaram, as pessoas mudaram, infelizmente, pelo que temos observado, para pior.
      Um forte abraço de luz.

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