novembro 22, 2024
A força dos ipês: mais que uma reparação
O reconhecimento que não alimenta professores…
Conversa de bêbados
Membrana, de Maurício Limeira
Vernissage de exposição artística
Dia da Bandeira
Marota mente
Últimas Notícias
A força dos ipês: mais que uma reparação O reconhecimento que não alimenta professores… Conversa de bêbados Membrana, de Maurício Limeira Vernissage de exposição artística Dia da Bandeira Marota mente

Mostra contemplada em edital do Programa de Ação Cultural (ProAC), do Governo do Estado de São Paulo, percorrerá seis cidades no primeiro e segundo semestres

image_pdfimage_print

EXPOSIÇÃO ITINERANTE NO INTERIOR PAULISTA CELEBRA CULTURA CAIPIRA

“A intenção é despertar a memória afetiva do visitante e que cada um
reencontre o caipira dentro de si”, diz a curadora Renata Gava

Santa Bárbara d’Oeste é o primeiro município a receber a exposição itinerante Porta, Porteira e Portão: Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr’. A mostra abre na terça-feira, 14, e pode ser vista até 24 de março, no Centro de Documentação Histórica (Cedoc), da Fundação Romi. Outras cinco cidades paulistas serão contempladas com a iniciativa, viabilizada pelo edital de difusão de acervos museológicos do Programa de Ação Cultural (ProAC), do Governo do Estado de São Paulo, e o apoio do Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP).
A entrada é gratuita.

Versos musicais, simpatias, superstições, contos e causos estão entre os elementos que compõem a cultura caipira no país. Todos presentes na exposição em painéis ou objetos. “Celebramos o caipira como sinônimo de um modo de vida”, diz o museólogo Rodrigo Santos, que fez a concepção museológica e também assina a curadoria da mostra, ao lado da historiadora Renata Gava. “A intenção é despertar a memória afetiva do visitante e que cada um reencontre o caipira dentro de si”, completa Renata, responsável ainda pela pesquisa de conteúdo.

Painéis de madeiras dispostos em prateleiras abrigam objetos como bule, lampião de gás, máquina de costura, sanfona, tacho de cobre, caneca e leiteira de alumínio, pilão, entre outros itens. Uma instalação traz os clássicos monóculos fotográficos, em que as pessoas podem conferir imagens antigas sobre o estilo de vida no campo. “São símbolos referenciais do interior paulista com uma leitura contemporânea e que fizeram parte das rotinas de nossos pais e avós, ou até mesmo de nossas infâncias”, explica Renata Gava.

O museólogo Rodrigo Santos diz que a exposição também tem o objetivo de quebrar o estigma de que o caipira é um ser antiquado, de pouca instrução ou de costumes ultrapassados. “O caipira se transformou com o passar dos anos e ainda hoje faz parte da cultura nacional. Num país tão grande e plural como o Brasil, somos todos caipiras. O caipirês está em todas as regiões, cada uma com sua peculiaridade.”

Renata e Rodrigo incluíram expressões da tradição oral caipira, entre as quais de banda (de lado), enfezado (nervoso), estorvá (atrapalhar), fuá (encrenca), lonjura (distância), nóis fumo (nós fomos) e zóio (olhos). Uma tela em branco instiga: “quais expressões, simpatias e ditos populares você conhece?”. Nela, o visitante pode escrever o que vem à mente e, assim, contribuir para a ampliação desse dicionário caipira.

Ainda para ampliar a interatividade, os curadores incentivam o público a produzir fotos para as redes sociais, utilizando a palavra-chave (ou hashtag) #SouCaipira. Além disso, a página Porta, Porteira e Portão, criada no Facebook, traz atualizações frequentes, textos, reportagens e dados adicionais sobre a cultura caipira. Os visitantes podem levar filipetas para a casa e as crianças que fizerem visitas em grupo, agendadas por escolas, recebem uma cartilha com caça-palavras, código secreto, jogo dos sete erros e desenhos para colorir.

No espaço expositivo também estão músicas caipiras e sonorização ambiente para a extroversão artística de cada visitante. Há, ainda, curiosidades sobre remédios e benzedeiras, culinária e informações sobre o folclore, incluindo dados adicionais sobre as histórias envolvendo saci-pererê, curupira, lobisomem, medicina popular, ritual da benzeção e mula sem cabeça.

HISTÓRICO – A mostra nasceu em 2016 e percorreu o Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes, em Piracicaba, o Museu Casarão Pau Preto, em Indaiatuba, e o Museu Gustavo Teixeira, em São Pedro, por meio da parceria entre as prefeituras de cada um dos municípios com o Sistema Estadual de Museus (Sisem-SP) e Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari (Acam Portinari), instituições ligadas à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo. Os outros espaços que receberão a mostra em 2017 serão definidos pelos curadores e pelo próprio Sisem-SP.

Ao inscreverem a exposição no edital de difusão de acervos museológicos do Programa de Ação Cultural (ProAC), Renata e Rodrigo pensaram no fortalecimento dos espaços que recebem o material. Para isso, cada museu contemplado na itinerância é convidado a incluir objetos de seu próprio acervo, como forma de ampliar o diálogo do espaço com a exposição e de trazer o sentimento de proximidade da história.

Em Santa Bárbara d’Oeste, a equipe da Fundação Romi acrescentou itens como ferro de passar a brasa, moedores de carne, pimenta e café, ralador de milho, rádio de válvula, bule, coador de café, moringa de barro, balanças, caldeirão de ferro e unidade de medida. Os objetos são do próprio Cedoc ou pertencem ao acervo dos munícipes Maria Peres Rezende e Antonio Carlos Angolini.

Fotografias de várias décadas de 1900 também foram incluídas pela equipe do Cedoc. São retratos em preto e branco de moradores da zona rural nos quintais de suas residências, charrete, lavoura de algodão, carregamento de cana-de-açúcar, procissão religiosa nos bairros Caiubi e Santo Antonio do Sapezeiro, além da rotina em algumas instituições da cidade, como a Creche Menino Jesus e o Asilo São Vicente de Paulo.

Segundo a historiadora Sandra Edilene de Souza Barboza, coordenadora do Centro de Documentação Histórica (Cedoc), costumes como as benzedeiras e os rituais de lavagem de santos perderam força em Santa Bárbara d’Oeste. No entanto, o sotaque arrastado se mantém e é transmitido através da oralidade. “Isso faz com que os moradores de outras cidades identifiquem os barbarenses como caipiras. Uma cidade como Santa Bárbara d’ Oeste, onde a população rural até a década de 1970 era mais numerosa, ainda apresenta traços da cultura caipira.”

OS CURADORES – Rodrigo Santos coordenou o projeto de implantação do Museu Gustavo Teixeira, em São Pedro, onde atuou por sete anos como diretor. Fez a graduação em museologia e se especializou em cultura e arte barroca na Universidade Federal de Ouro Preto. Renata, que está desde 2013 na direção do Museu Prudente de Moraes, em Piracicaba, é especialista em patrimônio arquitetônico pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e em gestão cultural pelo Centro Universitário Senac do Rio de Janeiro.

SERVIÇO – Porta, Porteira e Portão: Modos de ‘Falarrr’ e Costumes do ‘Interiorrr’. De 14 de fevereiro a 24 de março, no Cedoc da Fundação Romi (av. João Ometo, 118, Jd. Panambi, Santa Bárbara d’Oeste). Visitas de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 15h. Entrada gratuita. Informações: (19) 3499-1558.

Helio Rubens
Últimos posts por Helio Rubens (exibir todos)
PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo