maio 20, 2024
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O leitor participa: Porfírio Oliveira Vasconcelos Onofre com o poema 'Guarde as migalhas para o inverno'

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GUARDE AS MIGALHAS PARA O INVERNO

(Porfírio Oliveira Vasconcelos Onofre)

 

O gélido coração

Das medidas incomensuráveis

Consternam o ganhador de pão

Em suas labutas intermináveis

O pérfido colosso

A míngua os deixa

Com sede no fundo do poço

Enquanto aprecia a ameixa

De um pão faz-se dois

Com duas mãos faz-se uma

Inconsequente com o depois

Criando tremenda bruma

Inatingíveis condores

Impõem vírgulas e pontos

Sem nem “mais amores”

E eternos desencontros

Evidente sagacidade

Ao não mexer com as facas

Perpetuam a imunidade

Das desonestas marcas

As letras, símbolos de sabedoria

Se tornam profundos pesos

Quem as domina, provido de regalias

Quem não, desprovido de beijos

Guarde as migalhas no verão

Quiçá, para desfrutá-las no inverno

A míngua é e será grande, então

Os tornarão excluídos e subalternos

A frieza lhes corroerá

A tristeza irá ajudá-la

A essência humana desprezar-se-á

Para enfim dizimá-la

O reluzir dos brilhantes

Valem mais do que a chama

Do corpo habitante

Que eternamente clama

A burlada intenção

No transcurso se desviará

Caindo em outro ribeirão

Sórdido de cá para lá

O arquiteto projetou

Aquilo para a evolução

No fim, inocentemente, criou

Um castelo para a humilhação

Os grilhões supervalorizados

Atam os pés, as mãos e a cabeça

Antagonizam ideais alados

Fazendo com que a esperança pereça

As migalhas nas mãos calejadas

A brisa do vento as leva

Para as caóticas marulhadas

E o viço do barro enerva

O pão nosso de cada dia

Extinto pelo desejo “primordial”

E a roda sempre tardia,

Preparando veneno com mingau

A gula hepática

Pobres entranhas

Da foice sorumbática

Sofre horrendas façanhas

A perspicácia na escolha

Regeneração do sofrer

O corvo não perdoa

Sob a luz do Sol e do anoitecer

Pobre canário esverdeado

Asas podadas, já esquálido

Canto encadeado

Pranto deveras pávido

O Sol e Lua imparáveis

Dançam a música eterna

Os tempos e momentos intermináveis

Enquanto o sentimento hiberna

O Tatu, corre para a terra

A onça sobe n’árvore

Putrefação, espanta fera

Murcha folhas, ar’flores

A natureza petrificada

Revoltada com o embevecer

Pela ilusão desvairada

De um pobre enriquecer

Quero-quero não quer mais

A roça foi em magote

A miséria é demais

Entorta até lingote

Tanta terra para o nada

Mas o nada existe

Sobre essa bela plaga

O nada vazio persiste

As migalhas já farelos

Incitam a imaginação

Constroem-se castelos

De pura ilusão

O inverno sempre frio

Pode vir quente

Pois até roubaram-lhe o brio

De ser gélido inconsequente

Olhas os pássaros ao longe

Todos a minguar

Os cantos obscurecidos pelo bonde

Nem mesmo canta o sabiá

O bonde já passou

Recolhendo as migalhas

Prometeu e se autoperdoou

De suas públicas falhas

A fênix é fogaréu

Remanescente até de centelha

Liberdade ao escarcéu

Das intemperadas telhas

Nunca vista justiça

Pesa pena e corações

Cega, sem malícia

Punindo os foliões

O labirinto do magnífico

Desigualmente estruturado

Entre o Atlântico e o Pacífico

500 anos para ser regrado

 

Sergio Diniz da Costa
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