outubro 05, 2024
Línguas e linguagens
Meta – Linguagem
Desalento
Averso
Uma linha férrea, um córrego, muita nostalgia
Márcio Castilho lança De Todos os Tons
No Jornal ROL, a alma fluminense de Augusto Damas!
Últimas Notícias
Línguas e linguagens Meta – Linguagem Desalento Averso Uma linha férrea, um córrego, muita nostalgia Márcio Castilho lança De Todos os Tons No Jornal ROL, a alma fluminense de Augusto Damas!

Ricardo Hirata: 'Mundo caipira no teatro'

Ricardo Hirata:  ‘MUNDO CAIPIRA NO TEATRO’

A peça teatral: “O filho ingrato”, com um figurino impecável, desenhou no palco uma nostálgica e bela paisagem rural. Ela trouxe momentos: de alegria (risos), de tristeza (choros), de tensão e de um cotidiano de família presente inclusive nos dias de hoje.

A atuação do menino e do avô (interpretados respectivamente pelos atores Guilherme Rafael e Angelo Ricchetti) foram notáveis, pois ambos passaram muita emoção para a platéia: era possível sentir neles: o carinho, a pureza, a sensibilidade humana, a dor da separação e do abandono.

A mãe e a imã (interpretadas por Denise Brunatto e Carol de Oliveira Colorada) formaram uma dupla impar (única). Personagens que por serem amarguradas pelo destino vivido se tornam divertidas (hilárias). A fala da mãe: “Sogro a sua mala…” foi de uma sutileza cruel e terrivelmente engraçada.

O pai, personagem interpretado por Paulo Carriel, é em princípio, o elo de tudo. É possível ver nele o caipira sofrido, simples, mas cômico, muito talvez pela necessidade de “teatralizar” a realidade que não apresenta quase nenhuma saída. O fato de ser um homem submisso em certa medida a natureza e a sua esposa, o faz sufocar a sua dose de amor embrutecido que sente pelo pai.

Quando seu filho, o menino, lhe entrega o couro recebido do avô posto para fora de casa, o pai toma alguma consciência de que não é um homem enquanto sujeito de seu tempo e de seu espaço.

A sua condição o coloca como um trapo humano, um sobrevivente que se auto engana no meio árido em que “vive” sem viver, pois o que é viver de verdade (na sua plenitude)?

Todavia, a vida diária no campo com todas as suas dificuldades não deixa de ser bonita e foi justamente esta poesia encontrada pela genialidade do compositor Teddy Vieira que inspirou a cantora e atriz Kátia Baroni a escrever a peça. Ela também cantou (com seus talentosos músicos) no palco recriando uma atmosfera dramática, espontânea e acolhedora do mundo caipira de Itapetininga, SP.

Parabéns ao incrível diretor e ator Paulo Carriel, ao grande elenco, ao Grupo de Teatro “Detrás do Pano” e ao SESI pelo presente caloroso de inverno.

* A peça “O filho ingrato” foi apresentada no SESI de Itapetininga, SP, no dia 26 de julho de 2017, 20h00.

 

Ricardo Hirata
Doutor em Geografia Humana, FFLCH, USP.

Helio Rubens
Últimos posts por Helio Rubens (exibir todos)
Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial
Pular para o conteúdo