CICLOVIA: A VIA QUE NÃO HAVIA
Marcelo Paiva Pereira
Nas grandes cidades brasileiras e nas do exterior a mobilidade tem sido causa de estudos e debates entre as autoridades públicas, técnicos e profissionais de diversas áreas, com a finalidade de encontrar, senão soluções, ao menos providências que atenuem os óbices que agravam a mobilidade urbana: a ciclovia tem sido alternativa para tal finalidade.
O presente texto discorrerá sobre essa alternativa, ainda que superficialmente, como abaixo segue.
Os veículos de transporte individual (ou unifamiliar), de transporte coletivo e as motocicletas formam a frota circulante das cidades em geral e das grandes cidades em especial, as quais não oferecem mais espaço a eles por falta de vias públicas que os acolham.
Em vista dessa realidade urbana, a implantação de ciclovias vem a ser outra via para a mobilidade, mesmo não sendo a preferida da maioria dos habitantes e passageiros. Conforme dados oriundos do Ministério das Cidades, no Brasil do ano de 2005 apenas 3% das pessoas faziam uso da bicicleta como meio de transporte urbano e metropolitano.
A ciclovia surge no cenário urbano como alternativa a quem queira deixar guardado na garagem o veículo de quatro rodas para fazer uso da bicicleta, que diminui o tempo de percurso sem os óbices que costumeiramente congestionam as vias públicas e retardam a mobilidade dos outros meios de transporte.
Em havendo mais pessoas fazendo uso das bicicletas como meio de transporte urbano, haverá menos veículos circulantes com os efeitos de desafogar as vias públicas, diminuir os riscos de acidentes, os índices de ruídos, a emissão de gases tóxicos, melhorar a qualidade do ar e, por qualquer modo, contribuir para melhorar a qualidade de vida dos habitantes no ambiente urbano.
Para esses efeitos se operarem é necessário implantar as ciclovias em locais estratégicos à otimização da mobilidade urbana, sendo necessário um projeto em que elas coexistam com as vias públicas preexistentes, sem interrupções de percurso ou conflitos de locomoção. Os locais onde serão implantadas, as medidas mínimas, a identificação das vias ou faixas e os equipamentos de segurança são elementares do projeto, sem as quais nenhuma delas surgirá nem produzirá os efeitos almejados.
O estudo preliminar da malha (ou rede) de ciclovias deverá examinar as rotas de origens e destinos, as conexões entre elas, os pontos críticos da área a ser implantada e, ao final, a escolha da mais apropriada malha a ser projetada, justificada por algum critério, podendo este ser a segurança da ciclovia, a integralidade da malha, sua linearidade ou o conforto.
Escolhida a malha, o projeto a ser desenhado deverá definir a infraestrutura, contendo a tipologia das rotas – podendo ser de ciclovias, ciclofaixas ou vias compartilhadas com pedestres ou automóveis – além de conter as áreas de estacionamento (bicicletários) e os pontos de apoio aos ciclistas (vestiários, lanchonetes, lojas e salas de primeiros socorros).
Em relação à tipologia das vias, também se faz necessário definir se elas serão unidirecionais (mão única), bidirecionais (mão dupla) e a largura mínima de cada faixa. A largura a ser dada deverá considerar a demanda do local pelo uso da bicicleta como meio de transporte; é preciso verificar qual a preferência por essa modalidade pelas pessoas dos locais por onde será implantada a ciclovia.
O projeto também deverá prever a iluminação, a sinalização, as áreas de conflito, os materiais a serem utilizados e a drenagem, que também deverão ser incluídos: a) a iluminação alude aos pontos de luz e à intensidade luminosa; b) a sinalização são a horizontal e a vertical (semáforos e placas); c) as áreas de conflito são as calçadas, os pontos de ônibus e os cruzamentos de vias; d) os materiais são a pintura da sinalização e o tipo de pavimento (concreto, asfalto ou outro material); e) a drenagem alude ao material da pavimentação.
O projeto da malha de ciclovias deverá considerar, também, os locais de conexão intermodal, entre as bicicletas, os pontos de ônibus e – onde houver – as estações do metrô. Ainda que os trajetos – ou percursos – realizados pelos ciclistas sejam (tempestivamente) curtos, deve-se considerar toda a extensão da malha de ciclovias com vistas a oferecer outras hipóteses de transporte com a mesma finalidade do aludido projeto. O propósito maior é facilitar a mobilidade de todos, para atingir a finalidade pública do bem estar individual e social, tutelada pelo Estado.
CONCLUSÃO
A ciclovia é uma alternativa à mobilidade urbana destinada às pessoas que queiram diminuir o tempo de percurso entre as origens e os destinos, acrescida dos benefícios ao meio ambiente natural e urbano, melhorando a qualidade de vida dos habitantes em geral e de quem faz uso da bicicleta, em especial. Em suma, a ciclovia é a via que não havia porque, em havendo, renova os ares e dá mais espaço à vida no cotidiano urbano. Nada a mais.
Marcelo Augusto Paiva Pereira.
(o autor é aluno de graduação da FAUUSP)
FONTES DE PESQUISA
SOLUÇOESPARACIDADES.COM.BR. Disponível em: http://www.solucoesparacidades.com.br/wp-content/uploads/2014/08/AF_CICLOVIAS_WEB.pdf. Acessado aos 13.06.2015.
http://www.solucoesparacidades.com.br/wp-content/uploads/2010/01/24%20-%20BRASIL_Caderno%20de%20Desenho_Ciclovias.pdf. Acessado aos 13.06.2015.
RPU.ORG.BR. Disponível em: http://www.rpu.org.br/Diretrizes%20para%20a%20constru%C3%A7%C3%A3o%20de%20ciclovias%20-%20Cristiane%20Bastos.pdf. Acessado aos 13.06.2015.
TA.ORG.BR. Disponível em: http://www.ta.org.br/educativos/imc/IMG/IMC_02.pdf. Acessado aos 24.06.2015.
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É fundador e um dos editores do Jornal Cultural ROL e do Internet Jornal. Foi presidente do IHGGI – Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga por três anos. fundou o MIS – Museu da Imagem e do Som de Itapetininga, do qual é seu secretário até hoje, do INICS – Instituto Nossa Itapetininga Cidade Sustentável e do Instituto Julio Prestes. Atualmente é conselheiro da AIL – Academia Itapetiningana de Letras.