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Pedro Novaes: 'Mendigolândias'

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Pedro Israel Novaes de Almeida

MENDIGOLÂNDIAS

 

Não existe um perfil que defina as populações que habitam as ruas.

A maioria é constituída por famílias em condição de extrema pobreza, e pessoas com algum tipo de desajuste, próprio ou familiar. Alguns fazem das ruas moradia e profissão, a exemplo de catadores de recicláveis.

Alguns grupos andam ou permanecem agrupados, constituindo os campeões da inconveniência e constrangimento, explícita ou disfarçada. Tais grupos, de mendigos ou viciados em crack, afugentam a população das praças e locais onde se aglomeram.

Não raro, interpelam motoristas, a respeito de uma pretensa guarda de veículos, sob a pouco disfarçada ameaça de vingança, em caso da não aceitação do serviço. A polícia ´só pode atuar em caso de reclamação de alguma vítima, de constrangimento ou ação.

Houve um tempo em que tais grupamentos recebiam passes ferroviários ou eram conduzidos aos municípios vizinhos, juntamente com cachorros, também moradores de rua. A solução, simplista e desumana, já não mais é praticada.

Mendigos transformam as estações rodoviárias em locais perigosos, seja pela pequena presença de policiamento ou constantes brigas e solicitações de numerário. Não raro, as rodoviárias permanecem fechadas, durante a madrugada, tornando o ambiente ainda mais hostil.

Não raro, grupos de mendigos são aproveitados, como refúgio de procurados pela Justiça e polícia, uma vez que é normal não portarem qualquer tipo de documento de identificação. Comerciantes tentam, de todas as maneiras, mantê-los afastados dos estabelecimentos, mormente supermercados, padarias e restaurantes.

Os grupos de mendigos sobrevivem graças à ação de voluntários e órgãos de assistência social. Não raro, e até por sobrevivência em ambiente tão hostil, mendigos acabam viciados em álcool ou drogas, justificando a sensação de perigo que representam.

Ao cidadão comum resta descobrir e frequentar os espaços públicos ainda não ocupados por mendigos e cracolândias, uma vez que os governos têm sido incapazes de garantirem o direito de ir, vir e permanecer, em segurança.

Aumentam a cada dia os espaços indisponíveis à população, e nossas praças acabaram transformadas em meros atalhos, ao invés de centros de convivência.

 

 

Pedro Israel Novaes de Almeida

pedroinovaes@uol.com.br

O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Helio Rubens
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