CMOS recupera foto histórica de Primeiro de Maio
O Centro de Memória Operária de Sorocaba (CMOS) acaba de realizar um trabalho valoroso para a preservação da história dos trabalhadores. Trata-se da foto da primeira comemoração ao Dia do Trabalhador, realizada pelo Círculo Socialista Enrico Ferri, de Sorocaba em 1904.
A foto original, bastante deteriorada pelo tempo e por acondicionamento inadequado, pertence ao acervo da Biblioteca Carlo Aldegheri – Guarujá, uma entidade anarquista que tem por objetivo a difusão da história, memória e filosofia anarquista e das lutas operárias. “Recebi a foto do amigo Marcolino Jeremias que cedeu uma cópia digital. Essa cópia está em condições ruins de preservação. Mesmo assim, o CMOS a utilizou na exposição virtual inaugurada no dia 1º de Maio deste ano”, afirma o historiador Carlos Carvalho Cavalheiro.
Foi quando o historiador encontrou nas redes sociais o restaurador de fotos Wagner Soares que analisou a foto e entregou um orçamento para recuperação digital. Carlos Cavalheiro, então, realizou uma campanha de arrecadação de fundos em que cada contribuinte pode adquirir um de seus livros.
O resultado foi surpreendente e, a despeito das condições originais da fotografia, pode-se recuperar significativa parte dos elementos da imagem.
Sorocaba poderia ter sido a primeira cidade a comemorar a dia Primeiro de Maio em 1894. No entanto, a data era uma forma de arregimentar os trabalhadores para a conscientização da luta por melhores condições de trabalho. Por esse motivo, tal comemoração era criminalizada na época. No dia 23 de abril daquele ano, dois anarquistas, Alexandre Levy e Angelo Belcote foram presos por afixarem cartazes convocando os trabalhadores para a manifestação do Primeiro de Maio. Esse importante documento foi enviado ao historiador Carlos Cavalheiro pelo pesquisador Pedro Figueiredo Alves da Cunha que o encontrou no Arquivo Público do Estado de São Paulo.
Dez anos depois, o Círculo Socialista Enrico Ferri promoveu a primeira manifestação da simbólica data dos trabalhadores. Os jornais da época noticiaram que o evento foi acompanhado pela banda Ordem e Progresso, de Sarapuí. É exatamente essa imagem que se pode ver na fotografia agora recuperada graças ao empenho do Centro de Memória Operária de Sorocaba.
O objetivo do CMOS é esse mesmo, ou seja, o de preservar e divulgar a memória dos trabalhadores de Sorocaba e região, conforme garantem os seus associados.
Colaboraram com a campanha para restauração digital da foto: Paulo Celso da Silva, Sílvio José Piovani Júnior, Débora Priscila de Oliveira, Adriana da Rocha Leite e Élcio Mário Pinto, Paulo Silveira Melo Sobrinho, Adilene Ferreira Carvalho Cavalheiro, Débora Basso, Eliane Regina de Araújo Cortez, Antônio Del Lomo, João Luis Batistela e Marta Cassar.
Para quem quiser visitar a exposição virtual do CMOS poderá fazer por meio da página:
https://www.memoriaoperariasorocaba.com.br/exposi%C3%A7%C3%A3o-1%C2%BA-de-maio
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Natural de São Paulo (SP, atualmente reside em Sorocaba. É professor de História da rede pública municipal de Porto Feliz (SP). Licenciado em História e em Pedagogia, Bacharel em Teologia e Mestre em Educação (UFSCar, campus Sorocaba). Historiador, escritor, poeta, documentarista e pesquisador de cultura popular paulista. Autor de mais de duas dezenas de livros, dentre os quais se destacam: ‘Folclore em Sorocaba’, ‘Salvadora!’, ‘Scenas da Escravidão, ‘Memória Operária’, ‘André no Céu’, ‘Entre o Sereno e os Teares’ e ‘Vadios e Imorais’. Em fevereiro de 2019, recebeu as seguintes honrarias: Título de Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça e Medalha Notório Saber Cultural, outorgados pela FEBACLA – Federação dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e o Título Defensor Perpétuo do Patrimônio e da Memória de Sorocaba, outorgado pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos. É idealizador e organizador da FLAUS – Feira do Livro dos Autores Sorocabanos