Desde que Alice chegou
Aquele chorinho transformou-se numa voz tão feminina ao balbuciar os primeiros sons e as primeiras palavrinhas. Naquela lindas gengivinhas nasceram já cinco dentes proporcionais ao seu rosto fofo. Fofo de verdade, ela já nasceu assim, fofa por inteiro. Bochechas tão gostosas que sinto sempre aquela louca vontade de apertar.
Suas frágeis perninhas já se sentem confiantes ao ficar de pé. Falta pouco para ela andar, eu sei. Ela segura-se apenas com uma mãozinha no cercado.
Aos finais de semana sempre dividimos uma só quentinha: eu, ela e o Apollo. Ela mamou exclusivamente o leite materno até os seis meses, mas agora ela é uma mocinha e come de tudo. Ama comer. E quando não quer, diz que não com a cabecinha.
Ela dança e sorri ao assistir à Galinha Pintadinha, seu desenho preferido. E quando o desenho termina ela me olha e balbucia, como se quisesse dizer: ‘Liga, vó?’. Ela já chama a mamãe, o papai, e às vezes também me chama. Ela é muito tranquila, não me dá trabalho em nossos dias juntas. Quase não chora. E é muito simpática.
Sua pele tão branquinha e seu cabelinho cor-de-ébano são a combinação perfeita. Eu sonhava com um bebê assim, que pudesse usar tiaras com laçarotes cor-de-rosa; com aquele perfume de condicionador docinho nos cabelos. Hoje ela usa as Melissinhas com cheiro de chiclete que comprei para ela antes de nascer. Aliás, a primeira Melissinha ela até já perdeu.
O tempo passa, não é? Quando eu pergunto a ela quantos aninhos vai fazer, ela mostra com o dedinho: um! E bate palminhas quando cantamos parabéns. O meu bebê cor-de-rosa já vai fazer um aninho; estamos em contagem regressiva. Ela já nasceu grande, mas amo sua delicadeza que vai além do tamanho.
Há 24 anos atrás eu também tinha um bebezinho em casa: a minha primogênita. Branquinha, com uns poucos fios cor-de-mel e que no seu aniversário também estava prestes à andar. Depois dela, só vi nascer meninos: meus filhos e meu neto.
Eu queria novamente um bebê que vestisse rosa, usasse laços, vestidinhos e casaquinhos de pelos; e Melissinhas também. E tenho tido, desde que Alice chegou.
Acaba não, mundão! Vê se passa mais devagar!
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com
Esse vídeo que encontra-se abaixo é uma saudade. Um poema que compus há um ano atrás, quando estávamos à espera de Alice. ‘Quando Alice chegar’, declamado lindamente por Marcos Monnark:
- Florão da América - 18 de maio de 2024
- Eliana Hoenhe Pereira: 'No silêncio da rua' - 16 de maio de 2023
- Márcia Nàscimento: 'O cérebro e sua interação com o sistema mental' - 25 de abril de 2023
Natural de Teresópolis (RJ), é poetisa, escritora e Educadora Infantil. É Acadêmica da ACILBRAS, da AIL e da FEBACLA; é Acadêmica Correspondente da Academia Caxambuense de Letras e da Academia de Letras de Teófilo Otoni, e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas (SBPA). Também pertence à ALB e a ABC, ambas virtuais. Recebeu Menção Honrosa no I Concurso de Poesia Junina e obteve o 9º lugar no XXXIV Concurso de Poesia Brasil dos Reis, (Ateneu Angrense de Letras e Artes). Foi homenageada com a Comenda Acadêmica Láurea Qualidade Ouro, a mais alta comenda da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e com o Prêmio Cidade São Pedro de Aldeia de Literatura. Participou de dezenas de Antologias Poéticas. No início de 2019 lançou seu primeiro livro solo, ‘Alma de Poeta’ (Editora Areia Dourada), que recebeu o Troféu Monteiro Lobato como o melhor livro de poesia, no evento ‘Melhores do ano 2019’ (LITERARTE), e recentemente, lançou seu segundo , ‘Simplesmente Poemas’, com o selo AIL.