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José Bembo Manuel: 'Entre a liberdade absoluta e a relativa'

Jose Bembo Manuel

Entre a liberdade absoluta e a relativa

Desde muito cedo, somos educados de que nascemos livres. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, no seu artigo 1.º, atesta que «todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos». Que direitos?! Nascemos livres e iguais a quais seres humanos? Os estados estratificaram e elitizaram o mundo. Uns têm pão, outros pedras, uns têm para esbanjar, outros morrem sem o sonhar. Há o preto e o branco, o céu e a terra e todos têm a sua importância na manutenção e estabilidade do universo. A liberdade ganhou partido e status.

A sistematização e organização das sociedades implicam, circunstancialmente, a privação de liberdades. Aliás, a ideia do livre arbítrio, que os escritos sagrados pregam, passando a ideia de que somos donos das nossas decisões e acções, parece ignorar as influências culturais, sociais e políticas sobre os indivíduos. Não será a liberdade uma ilusão? Quando e onde é que somos de facto livres?

Mal nascemos somos educados, mediante regras que visam orientar a nossa vivência, respeitando os direitos e liberdades dos outros a fim de garantir um ambiente propício para as relações interpessoais. Impondo regras relativizamos a liberdade.

No entanto, desde os primórdios, que as lutas e a necessidade de dominar e, consequentemente, impor vontades sobre os dominados comanda os humanos. Como que coachando, Deus delega a Adão e Eva a missão de dominar e coordenar tudo e todas as espécies existentes. Aqui, o Criador definiu as regras do jogo, arbitrando-o. Em meio as permissões, nasce a restrição e a desobediência aruinou a humanidade.

Os representantes do povão, sobretudo nas dino-democracias, como a nossa, propõem e aprovam leis com os olhos virados para a minoria, confortável. No entanto, os cumpridores pertencem aos marginalizados, empurrados para como dadeiras viverem.

As sociedades humanas precisam de normas para orientar as suas acções. Porém, quem regula é orientado pelos seus ângulos e, por isso, as leis quase sempre privilegiam um grupo minoritário e que está próximo do poder, excluíndo os demais habitantes do mesmo espaço geográfico. Se considerarmos que quem mais trabalha menos recompensa recebe, que esse reclama menos por condições laborais e que são eles que suportam e fazem as maiores riquezas dos mais endinheirados, talvez percebamos que as liberdades são utópicas e que dependem sempre de com que olhos as vemos.

Os ricos e poderosos são, na verdade, sustentados pelos pobres, que são a maioria no mundo. Os políticos, surrealisticamente, eleitos pelo povão. O poder é exercido para e sobre os menos poderosos. A liberdade, por via disso, também é dangerosa. Sim, resta-nos apenas o atrevimento. Pois, se pensarmos que, quase sempre, o que comemos, lemos, respiramos, bebemos estudamos é controlado por quem o poder controla, estamos mesmo entregues à bicharada. A nossa liberdade é uma fantasia. O poder de decisão, na verdade, nunca existiu. Decidimos em virtude do que nos é permitido. As excepções convocam os rótulos do exílio e da revolução, muitas vezes, com fins mortais. Decidimos em função das influências que recebemos. Nesse particular, a iliteracia é uma forte aliada dos kapolíticos robotizados, que nada fazem senão dançar músicas ocidentais. Sim, são também eles presos ao seu nível e ambições. Sejamos revolucionários!

Passam os tempos, o governo na banda continua. Noutras paragens as esperanças se acendem de ciclo em ciclo, porém, as decepções voltam a manchar as ruas com gritos de re voltas seculares. Ainda assim, julgamo-nos libertos. A liberdade que nos foi dada e, por isso, precisamos de assinaturas alheias para a exercer. Que liberdade é essa? A que nos obriga a aceitar que, camuflado no executivo, se aniquilem vidas inocentes? O que dizer de Jack Dawson e seus amigos da terceira classe no épico filme de romance e drama, inspirado no naufrágio do poderoso e luxuoso navio de passageiros britânico, operado por White Star Line? Teriam liberdades àqueles operários, responsáveis pela alimentação do luxuoso navio recriado por James Cameron? A experiência mostra que a vida de todos não tem igual peso, anulando o princípio de equidade entre todos os habitantes. A maioria é vulgarizada e animalizada, outras vezes, instrumentalizada para servir de bálsamo dos ceguetas dez contentes.

As instâncias do power protegem-se e criam falsas proteções para os demais, vendendo as dependências pelas drogas, económico-financeira, a prostituição, o trabalho escravo, à troco da sobrevivência. No fundo, estamos proibidos de tudo até de respirar o ar do palácio presidencial, exclusivo aos deuses, que não têm acesso ao de Deus. Por isso, cumprem agendas estranha mente doadas por dangerosos poderosos, deixando os seus na verdadeira crise existencial. As liberdades também têm contextos de aplicação e níveis.

Há quem receba as migalhas oferecidas, vindas do sacrilégio dos oprimidos, para conquistar amores perdidos e 10avindos do povo.

 

José Bembo Manuel

martinsbembo@gmail.com

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