Ella Dominici: Poema ‘Coreografia em solo cisne’


às 10:22 PM
Cisne é solitário, em colo claro
deslizando íntimo, sobre si sobram- lhe penas
oleaginosas vertiginosas, apenas elas
escorregadas, noturnas, desamadas
Alma de cisne em transcendência retratando feminina lenda despida
de terra, água, concubina das essências.
Caçada pela dramaturga vida
que envenena a platônica expectativa
anunciando última cena,
na dança dos aplausos ao solo em poesia:
Coreografia do cisne e flor.
Se pudesse trincar o espelho do lago
todas as gotículas seriam minhas
círculos que se formam fora do itinerário
natural quando se vibra e gutural
quando se cria no gosto aveludado,
em som de salmonella e cor vanilla.
Se pudesse pacificada como andorinhas
a dor nadaria sem oriente nem para trás
nem para frente…sumida
Tateando doce de lagos gelados
no fremir sentidos quando se dança
uma valsa leve que balança
Jogue uma flor carmim sobre mim
ela comigo baila como cisne
desmaiados de tantos círculos assim
que deixam as fadigas e cismas
nesses beijos longos, vida e consciência
na coreografia sonhadora da existência
Sophie Poët
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Natural de São Paulo (SP), é endodontista por profissão e formada no curso superior de Língua e literatura francesa. Uma profissional que optou por uma ciência da área da saúde, mas que desde a infância se mostrava questionadora e talentosa na Arte da Escrita, suscitando da parte de um mestre visionário a afirmação de ela ser uma escritora nata, que deveria valorizar o dom que recebera. Atendendo ao conselho recebido, na maturidade Ella cumpre o vaticínio e lança o primeiro livro solo de poemas (Mar Germinal), rompendo com a escrita meramente contemplativa, abraçando fragmentos, incertezas e dualidades para escancarar oportunidades a si como ao outro. Dribla o autoritário tempo, flagra mazelas psicológicas em minúsculas e múltiplas impressões exteriores e internas. É membro da AMCL – Academia Mundial de Cultura e Acadêmica Internacional da FEBACLA. Coautora de várias antologias. Publica na Revista Internacional The Bard e se inscreveu no 8º Festival de Poetas de Lisboa, participando da antologia promovida pelo evento
Ella, eu já havia comentado que seus poemas são formados por peças de um quebra-cabeça que cabe ao leitor juntar, a fim de formar uma belíssima paisagem poética.
Este poema, em particular, me lembra o filme ‘Sonhos’, de Akira Kurosawa. Há uma magia permeando os versos, que somente uma visão transcendente pode captar!
O prazer de uma poeta é sentir que suas palavras tocam a sensibilidade em alguém igualmente poético
Gratidão caríssimo amigo Sérgio Diniz
Ella, belíssima composição poética, inundada de sensibilidade. Parabéns querida!
Abs
Sua presença e apreciação me enchem de alegria e gratitude, nobre poetisa!