José Bembo Manuel: ‘Quando a morte a mim vier me visitar’


Quando a morte a mim vier visitar
Intrusa e arruaceira
Sedutora
Estrondosa mente deixará
Corações divididos estarão.
Substitua-se o amargo pelo doce da poesia
Que nela estarei vívido
Que sejam rasgados os engana dores
Que línguas e bocas mudarão o curso do rio noticioso
Que presenças não sejam colhidas
Que o mundo é mundo apenas
Enquanto o universo num verso se resume.
A religião onde Nzambi é aprendiz
O karma da arte-mãe
Karma de inquietas almas
Anestesia de tensões
Onde bocas se calam
É a estrofe proferida do olimpo.
Se um poema for lido
Um poema e mais nada
Se uma música for sentida
Que seja uma 10arranjada
Um drama de qualquer pedaço do mundo for exibido
O folclore continuará profundo
Calem-se as vozes sonoras
Que eu terei vivido o suficiente
E minha viajem é ritmo d’arte banhada
E por ela sou ente arte em transmutação.
Quando a morte a mim vier visitar
EU, o único culpado
Publicidades, not!
Yes, mostra de artes
Com presentes
E se a solidão me acobertar
Que se enunciem os versos mais sublimes
Qualquer que seja
Poetas não têm pátrias
Poetas são do universo
E eu no verso quero estar embalado.
José Bembo Manuel
- Quando a morte a mim vier me visitar - 17 de janeiro de 2025
- Confissão - 26 de agosto de 2024
- A Queda do Cão Cidadão - 26 de outubro de 2023

Natural de Luanda (Angola), é licenciado em Ensino da Língua Portuguesa pela Escola Superior Pedagógica do Bengo (Angola) e docente Assistente Estagiário afeto ao Departamento de Letras Modernas da Escola Superior Pedagógica do Bengo. Membro do Conselho Editorial e Revisor Linguístico da ESP-Bengo Editora desde 2018 e revisor da RAEU – Revista Angolana de Extensão Universitária. Com as artes no sangue, é ator do Grupo Twana Teatro há 14 anos. Revisou a obra ‘Língua Portuguesa: subsídios para o seu ensino em Angola’, da autoria de Márcio Undolo (1ª edição, Editora ECO7, janeiro de 2019. Co-organizou o ‘Manual de Auxílio às Famílias de Crianças com Necessidades Educativas Especiais’ (1ª Edição, ESP-Bengo Editora, 2018).
Excelente texto, nosso professor!
Connsegui sentir a beleza d’arte nesta mistura de angolanismos, português europeu e um pouco de zinguila (English). Foi bom sentir “quando a morte a mim vier visitar”👏👏👏👏👏
É um poema que provoca muitas reflexões sobre o papel artístico no mundo, é como se o eu lírico estivesse reconhecendo que cada experiência vivida molda sua trajetória de vida.
Que poesia bela e intrigante, Prof!
Mesmo que a morte seja temida, ela também é uma parte inevitável e em outros olhos, bela da vida. O oposto entre o amargo e o doce realça a capacidade da lírica de transformar a dor em beleza. Uma conexão entre a poesia a espiritualidade e ancestralidade.
“Quando a morte a mim vier visitar” a morte é uma certeza, o desconhecido aflige. Muito mais do que poesia, uma meditação sublime 🙏
Mestre, chorei, fez-me lembrar o falecimento do meu pai. Mas é uma reflexão profunda por parte do mestre, Quando a morte a mim vier me visitar.
Refleti-me e questionei- me
Onde estarei?
quando virá?
com quem estarei?
As que horas?
É só Nzambi.
Fez um lindo trabalho, muita criatividade.