Enclausurada
Guardei minha poesia por anos a fio. Enclausurada dentro de mim.
Ela desejava transbordar, preencher linhas, ocupar folhas. Mas eu a guardava.
A protegia do tempo, porque ainda não era tempo. Em mim, ela estava segura, não seria roubada, frustrada.
Eu dizia: ‘Calma!’
A beleza e o pesar dos anos foi engrandecendo a cada dia a minha poesia interior. Diversas temáticas, algumas coloridas, outras em preto-e-branco. Algumas sorriam outras choravam. Minha poesia, simples poesia.
Um misto do meu eu refletido com invenções. Minha insana psiquê confundindo-se com inspirações.
Ela, inflando-se, querendo nascer; mostrar-se. Foi dolorido o processo.
Raquítica e tímida, veio ao mundo, e pouco a pouco engatinhou e andou. E ainda segue andando.
Claudia Lundgren
tiaclaudia05@hotmail.com
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