O poder da rosa
Ana Maria de Jesus Ribeiro, Aninha ou Anita Garibaldi, uma rosa garbosa que, com trejeito e ginga, enfeitiçou o coração de Giuseppe, um jovem exilado italiano, o homem a quem acompanhou na peleja por 10 longos anos. Desfilou a magia feminina entre mares e montanhas, lares e casebres, praias e convés de navios, empunhou corajosamente como arma o fuzil, tal qual flauta da harmonia. Destemida, brada aos homens: – Vamos à luta! E, nas cores destiladas em rajadas de canhões da Revolução Farroupilha atestou a valentia e sapiência de ‘Uma mulher à frente do seu tempo’ para, em seguida, desfraldar calmaria em pétalas brancas da paz e o doce beijo de paixão no amado.
O adeus à idílica Laguna, sua terra natal, foi aos dezoito anos de idade, rumo ao batismo de fogo na Batalha Naval de Imbituba. No Uruguai, casou-se com Giuseppe Garibaldi, depois foi lutar ao lado do marido pela Unificação da Itália, países em que deixou rastro de encantamento e admiração.
O radioso enredo da estrela sonhadora iniciou há duzentos anos, em 30 de agosto de 1821, na localidade de Morrinhos, Tubarão, hoje, majestosa e histórica Laguna. Fundada por açorianos, abrigou viajantes para abastecerem-se de provisões e fazerem reparos em suas embarcações. No local, encontra-se para visitação o ‘Museu Casa de Anita’ que relata a história da ilustre moradora. A importante personagem nomeia avenidas, ruas e escolas por todo o Brasil. Em sua deferência, foi inaugurada a monumental ‘Ponte Anita Garibaldi’, em Laguna.
Em 1849, aos 27 anos, grávida do quinto filho, não resiste à fugaz perspicácia e desfalece nos caminhos dos campos de Ravenna, Itália, vindo a sucumbir nos braços do amado que um dia lhe dissera: “Tu deves ser minha”. Mais tarde recordaria: “Era Anita! A mãe dos meus filhos! A companheira de minha vida, na boa e má fortuna! A mulher cuja coragem desejei tantas vezes”.
O bicentenário de nascimento da ‘Heroína de Dois Mundos’ confirma o legado de que jamais será esquecida. Nas confrarias, é rememorada em versos e prosas; em coletâneas, obras autorais e materiais didáticos. Seu nome está inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.
Em 2021, a comemoração a enfeitiçar corações inclui a plantação da rosa híbrida, desenvolvida na Itália especialmente para homenagear a jovem flor que um dia transitou entre o Brasil e Itália em busca da liberdade Republicana. Agora, renasce em diversos jardins por onde passou em forma de ‘Due Mundi e Uma Rosa per Anita’.
Neusa Bernado Coelho
- Palhoça inaugura o Centro Cultural Laudelino Weiss - 23 de abril de 2023
- Neusa Bernado Coelho: 'Paralelo cultural' - 6 de agosto de 2022
- Neusa Bernado Coelho: 'Nação Guarani – Mbya' - 11 de junho de 2022
Natural de Palhoça/ SC, Neusa Bernado Coelho é farmacêutica, poetisa e historiadora. Atua no Conselho dos Direitos da Mulher e na ONG Pastoral da Criança. Procuradora dos Idosos e tesoureira na Ação Social Paroquial Senhor Bom Jesus de Nazaré. Publicou em 2016 dois livros de Poesias: ‘Além da Imaginação – Família e Amigos’ e ‘Palhoça e Natureza’; em 2019 ‘Tributo a Zilda Arns’ e Organizadora do Livro Infantil ‘A Fadinha Maricela’ das netas Elisa e Sofia, escritoras mirins. Coautora de aproximadamente 60 Antologias. Membra de várias academias nacionais e internacionais: ALBSC de Águas Mornas; Secretária na ALP- Academia de Letras de Palhoça; membra da AJEB (Ass. de jornalistas e escritoras Brasil/SC); Literarte; Luminescense; Cultive Art Littérature Solidarité; N.A.L.A.P; FEBACLA, com o título nobiliárquico de Marquesa; Embaixadora Imortal da Paz pela OMDDH; cofundadora da ABARS. Colunista na Revista Mágico de Oz, Cultive e no Portal on-line cidade de Palhoça: https://portalpalhoca.com.br/coluna/historia-em-foco-com-neusa-coelho/hercilio-pedro-da-luz.