Cárcere velado
Uma vida só é construída e vivida se estamos abertos para seguir, desobstruir caminhos. Quando ficamos estancados presos nas armadilhas, permitimos que as energias negativas tomem as rédeas e curiosamente até apontamos o outro como culpado pelo que está dentro de nós; imobilizados, sequer notamos este acontecimento, então vivemos confusos e os conflitos internos atormentam o externo gerando um sofrimento que nos acopla ás ‘falsas certezas’.
Grades invisíveis prendem nossa alma em um cárcere velado; é um estado crítico e prejudicial, mas não percebemos o mal que fazemos a nós mesmos; nos sentimos confortáveis e não notamos que somos atingidos por respingos doloridos de cegueira; continuamos, então, amordaçados em sonhos perdidos e estagnados, decretamos nossa própria prisão em uma amargura que fica escondida, e este gosto encoberto destrói os ‘sins’ aos prazeres de uma existência real.
O tempo presente que, é nosso único espaço palpável, fica desperdiçado, pois passamos a vida correndo atrás de um conceito que já foi quebrado; deste modo, perdemos a oportunidade de abrir-nos ao novo; apegados, negamos o que somos, temos medos e ficamos encarcerados, não olhamos adiante, colocamos barreiras; não seguimos.
A disponibilidade para uma vida significativa e próspera exige a competência de caminharmos com as ‘próprias pernas’ e conquistarmos a liberdade, inteiros, com satisfação e compreensão de que o ‘eu’ só existe com o preenchimento de si mesmo, ou seja, se nos apoderamos do direito de ser, sem os resquícios dos desejos alheios, podemos fazer nossas próprias escolhas. Isso significa pensarmos com a própria cabeça, sentirmos com próprio coração, sem medo de errar, desagradar, arrepender-nos, sem medo da crítica que paralisa e não nos permite o movimento.
Podemos, através destas poucas palavras, interrogar-nos e nos propor a responder e reconhecer que quando nos aprisionamos, ficamos olhando para um ponto cego e a ruminação não permite a liberdade de ser.
Meu desejo com este pequeno texto é proporcionar um questionamento: será que estamos vivendo neste cárcere velado?
Rejane Nascimento
rejane.d@hotmail.com
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Rejane Luzia do Nascimento Damasceno, mais conhecida como Rejane Nascimento, mineira nascida na cidade de Caratinga (MG), é Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário de Caratinga -UNEC, (2010). Especialista em Saúde Mental pelo Centro Universitário de Caratinga – UNEC (2012) e Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Centro Universitário Amparense – UNIFIA (2017). Possui também a Formação em Terapia do Esquema pelo Núcleo de Estudos em Psicologia –NEPSI(2019). Iniciou sua experiência profissional como psicóloga, dentro de uma escola, em 2011, atuando por cinco anos consecutivos nesta área, desenvolvendo um importante trabalho com grupos, enfrentando o desafio da atuação da psicologia na educação. Foi nesse cenário que a autora começou seus afazeres com o escrever, produzindo metáforas e poesias como forma de intervenção. É autora do livro de poesias ‘Para Escrever… Tenho Minhas Razões. Tem participação como coautora nos livros: Além Da Palavra – Volume V, Caratinga 170 anos: Múltiplos Olhares e na obra Rabiscos Confinados, promovida pelo cartunista Edra Amorim. É Acadêmica Correspondente da FEBACLA – Federação Brasileira das Ciências, Letras e Artes.