A noite da melancolia
E nova e sorrateiramente se aproximava aquela temida noite… Não por trazer mau agouro, mas por provocar sentimentos de melancolia, uma certa tristeza, uma angústia…. Ela vinha todas as semanas, quase pontualmente. Sua assiduidade era espantosa, salvo quando o destino presenteava os pobres mortais com a sorte de deixar um feriado “cair” na segunda-feira. Sim, prezado leitor, você acertou! Falo da noite de domingo….
Creio que só aqueles que estão de férias (seja no trabalho ou na escola/faculdade) ou mesmo os bebês não sintam essa melancolia. Bem, talvez quem tenha um bem-querer que só veja às segundas-feiras sofra de outro sentimento: aquela ansiedade gostosa, aquela em que se fala sobre sentir “borboletas na barriga” (mal lembro disso…). O restante da população deve, como eu, sofrer dessa melancolia. Ah!… Deve!
Há alguns anos, deixei de assistir um famoso programa de variedades, que passava na mais importante emissora de televisão, acreditando que, com essa atitude, eu afastaria a melancolia que estava diretamente conectada à sua música de abertura. Troquei de programa, não adiantou. Passei a ver filmes. Também não funcionou. Livros, jogos, gastronomia, corridas, conversas…. Infelizmente nada me “curou” desse mal-estar. Devo ser muito sensível mesmo. Sabe o leitor como é… escritora, poeta…. Só não me digam que se trata de frescura! Aí eu não o desculpo!
Iniciar uma nova semana de muito trabalho, compromissos diversos, intermináveis consultas e exames médicos (este tema vale uma crônica por si só), atividades físicas, compras de mercado, de hortifruti… E ainda tentar encontrar tempo e inspiração para minha paixão: a literatura! Vai o leitor me dizer que isso não dá ansiedade?
Também a noite de domingo marca o término do final de semana, momento de descanso, de passeio, de tempo livre, de literatura, de família… Ah!… Dá uma certa tristeza, não? Afinal, dois dias apenas nunca serão o suficiente para fazermos tudo que deixamos para o desejado final de semana.
Admiro os raros humanos que não se sentem taciturnos com as noites de domingo… Devem ser de uma positividade, de um entusiasmo, de um otimismo… Ah… também não acredito isso ser muito normal, não…
Enfim, é por essas e outras que a segunda-feira deveria fazer parte do final de semana e não ser dia útil! Ah… aí o leitor pensará que eu, então, escreveria uma crônica sobre a noite de melancolia da segunda-feira? Exatamente! Rsrsrsr. O problema é a última noite do final de semana. Então, que não haja dia útil! Vivamos de luz, esperança e noites de sábado!
Patrícia Alvarenga
patydany@hotmail.com
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Natural do Rio de Janeiro/RJ, é escritora e poeta. Trabalha como Analista (área processual) do Ministério Público do estado do Rio de Janeiro. É Bacharel em Letras (UFRJ) e Direito (Uerj), pós-graduada em Educação (UFRJ). Dra.h.c. e Pesquisadora em Literatura. É autora do livro de poemas ‘Tatuagens da Alma – Entre Versos e Reflexões’, editora AIL, publicado neste ano, que foi escolhido como semifinalista do concurso ‘Livro do Ano 2021’, pela Literarte (o resultado do certame ainda não foi divulgado até a presente data). Participou do projeto ‘Parede dos Imortais’, na Casa dos Poetas, em Petrópolis-RJ, através da Associação Internacional de Escritores e Artistas. É coautora de, aproximadamente, 25 coletâneas. Detentora de prêmios literários, títulos e comendas, é também Embaixadora da Paz da Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos – OMDDH.
Membra vitalícia de seis academias literárias: ACILBRAS, FEBACLA, AIML, AIL, ALSPA (fundadora) e AILAP (fundadora). É ativista cultural nas redes sociais e participa de inúmeros saraus literários. Redes sociais:
Instagram: @patriciapoeticamente. Facebook: Patrícia Alvarenga