Carnaval do Zé Ninguém
O carnaval, para mim, parece mágico.
Lá estão homens e mulheres pernósticos,
Divertem-se ao som das marchas célebres;
Das composições com caráter lúgubre,
Às músicas cantadas por vozes lânguidas.
Nas ruas onde janelas assistem bêbedas,
Homens são mulheres, e mulheres? Tão párvulas…
O carnaval, assim, parece trágico.
E homens e mulheres divertem-se lépidos…
Lá vai o Zé Ninguém cheio de ânimo,
Depois de um dia passado insípido,
Maquiado e vestido de maneira insólita,
Perseguindo curvas nas curvas íngremes
Dos bairros animados pelas recentes bátegas
E os rios descem vândalos,
Mas a festa desce incólume.
Não vamos apenas chorar as catástrofes.
Vamos rir o nosso estado efêmero,
Balançando bandeirolas, Brasil brasileiro!
Préstitos corações em festas de rua.
Íntimos são os artesãos da alegria.
Acróbatas, colombinas, pierrots e arlequins.
Artífices poetas dirão:
‘Abram alas para mim, um bufão,
Um triste e apaixonado folião.’;
Ânimo! Tudo é festa no salão,
E o ano já vai começar…
Paulo Siuves
paulosiuves@yahoo.com.br
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Natural de Contagem/MG, é escritor, poeta, músico e guarda municipal, atuando na Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Belo Horizonte como Flautista. É graduado em Estudos Literários pela Faculdade de Letras (FALE) da UFMG. Publicou os livros ‘O Oráculo de Greg Hobsbawn’ (2011), pela editora CBJE, e ‘Soneto e Canções’ (2020), pela Ramos Editora. Além desses, publicou contos e poemas em mais de cinquenta antologias no Brasil e no exterior.