Perspectiva filosófica sobre a cidade educadora
Sendo impraticável construírem-se cidades em qualquer espaço, e sem objetivos estratégicos, assim como continuar a investir naquelas onde as condições ambientais são desfavoráveis, as acessibilidades inadequadas e/ou de difícil e dispendiosa adaptação, pode-se considerar, porém, oportuno apostar numa nova filosofia urbanística, no sentido de serem contempladas estruturas essenciais ao desenvolvimento, ao progresso sustentável e à prosperidade e conforto das pessoas e instituições.
O círculo vicioso, aqui considerado pela positiva, constituído pela escola, empresas e serviços públicos, poderá fazer parte das estratégias das cidades e vilas modernas, no sentido de nelas se congregarem as melhores condições de nível e qualidade de vida, nas suas diferentes variáveis.
Cidades e vilas que educam para a cidadania urbana: não no sentido discriminatório, negativo ou positivo, mas sim pela assunção da diferença, entre o viver urbano e o viver rural; não no preconceito de cidadãos de primeira ou de segunda, respetivamente, mas na perspectiva de uma consistente adaptação.
Certos direitos, deveres e responsabilidades, atribuídos aos cidadãos urbanos, poderão ser deferentes dos das populações rurais, porém, ambos se complementam e enriquecem. Educar para trabalhar e viver numa cidade, poderá comportar estratégias e objetivos diferentes de educar e viver numa aldeia rural.
Cumpre, portanto, refletir sobre estas realidades e pede-se aos especialistas de outros domínios, nomeadamente: sociológico, ordenamento do território, ambiente, trânsito, geoestratégia, político, militar, segurança, etc., os seus contributos.
Refletir, ainda, sobre: a preparação do cidadão urbano, também para melhor compreender, e se adaptar a uma vida mais simples, em locais com carências diversas e, vice-versa; preparar aqueles que, tendo vivido em localidades mais desertificadas e desinfraestruturadas, pretendem fixar-se nas grandes cidades e vilas urbanas.
Adota-se, nesta reflexão, a área geográfica denominada cidade, todavia, o termo deseja-se, se possível, mais abrangente, no sentido de localidade habitada, independentemente do número de moradores. É óbvio que uma localidade com reduzida população, não terá as infraestruturas enunciadas para uma cidade, com determinada dimensão.
Seria utópico, incompreensível, financeiramente incomportável, por exemplo, construir-se uma universidade numa pequena aldeia de alguns milhares de habitantes, com o objetivo de servir, apenas, a sua própria população, o que não invalida tal construção e funcionamento, por razões de espaço, estratégia, acessibilidades, transportes e outros requisitos, para que um estabelecimento de ensino deste nível, tenha êxito, na concretização de objetivos mais gerais de servir, por exemplo, uma determinada região.
Uma tal estratégia é, até, desejável para certas atividades laboratoriais e de investigação, os institutos e universidades com estes objetivos podem ser construídos e funcionar num local ermo, isolado.
Um centro de investigação marítima, provavelmente, desempenhará plenamente as suas funções, numa ilha no meio do mar, a dezenas de milhas do continente, ou na orla costeira.
Um centro de investigação científica para a floresta, provavelmente funcionará bem numa floresta, ou zona contígua.
Uma escola superior agrária, poderá conseguir melhores resultados se construída e a funcionar num grande espaço rural, agrícola, em cultivo permanente, independentemente da maior ou menor população que lhe esteja mais ou menos próxima.
Se tais universidades, centros e escolas especializadas tiverem condições de trabalho, alojamento, alimentação e ocupação dos tempos livres para todo o pessoal: docente, discente, alunos e outros funcionários de apoio, então, não haverá qualquer problema para o sucesso desse estabelecimento.
Quando, objetivamente, se aborda a cidade educadora, pretende-se convocar para este novo conceito: as autarquias, as empresas, as instituições e movimentos cívicos, os mecenas e a própria comunidade, organizados em torno de projetos educativos e formativos para toda a população.
Cidade/localidade que oferece tais oportunidades aos seus residentes, e a todos os outros cidadãos que nela trabalham, a visitam por períodos regulares, ou pretendem deslocar-se, a qualquer título para lá, é sempre uma cidade/localidade, cujo progresso e prosperidade se farão sentir a curto prazo, beneficiando todos aqueles que nela apostaram, pelo recurso à educação e formação; ao estudo e ao trabalho.
Diamantino Bártolo
Portugal
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Natural de Venade, uma freguesia portuguesa do concelho de Caminha, é Licenciado em Filosofia – Universidade Católica Portuguesa; Mestre em Filosofia Moderna e Contemporânea – Universidade do Minho – Portugal e pela UNICAMP – Brasil; Doutorado em Filosofia Social e Política: Especialização: Cidadania Luso-Brasileira, pela FATECBA; autor de 14 Antologias próprias: 66 Antologias em coedição em Portugal e no Brasil; mais de 1.050 artigos publicados em vários jornais, sites e blogs; vencedor do III Concurso Internacional de Prosa – Prémio ‘Machado de Assis 2015’, Confraria Cultural Brasil – Portugal – Brasil; Prêmio Fernando Pessoa de Honra e Mérito – Literarte – Associação Internacional de Escritores e Artistas do Brasil’ 2016; Vencedor do “PRÊMIO BURITI 2016”; Vencedor do Troféu Literatura – 2017, ‘ZL – Editora’ – Rio de Janeiro – Brasil, com o Melhor Livro Educacional, ‘Universidade da Vida: Licenciatura para o Sucesso’; Cargos: Presidente do NALAP – Núcleo Acadêmico de Letras e Artes de Lisboa; ; Condecorações: Agraciado com a ‘Comenda das Ciências da Educação, Letras, Cultura e Meio Ambiente Newsmaker, Brasil’ (2017); Título Honorífico de Embaixador da Paz; Título Nobiliárquico de Comendador, condecorado com a ‘Grande Cruz da Ordem Internacional do Mérito do Descobridor do Brasil, Pedro Álvares Cabral’ pela Sociedade Brasileira de Heráldica e Humanística; Doctor Honoris Causa en Literatura” pela Academia Latinoamericana de Literatura Moderna y la Sociedad Académica de Historiadores Latinoamericanos.