A miséria nossa de cada dia
Voltava da academia e, como estava perto da hora do almoço, passei no açougue para comprar algo para a refeição. Saí do estabelecimento com um quilo de carne de primeira, já pensando no tempero dos bifes, quando um miserável, no chão, muito fraco e imundo, me pediu comida. Mais um, de tantos…. Na hora pensei em comprar um ‘prato-feito’ no botequim próximo, que já servia refeições àquela hora. Todavia, em um segundo momento, pensei que não deixariam aquela pobre pessoa sentar-se à mesma, haja vista seu lamentável estado. Então, cogitei comprar uma quentinha e deixar com o homem, mas fiquei com medo de que trocasse por drogas, já que era o típico dependente de ‘crack’, que a sociedade chama de ‘cracudo’. E assim, naquele momento, desisti de meu intento de ajudar aquela pessoa. Não sei se foi a melhor decisão, mas foi a que tomei nos poucos segundos entre ouvir o pedido e passar pelo faminto.
Entretanto, hoje sairei de novo. Lamentavelmente, ouvirei mais pedidos de famintos. Como todos os dias. Todas as horas. Terei, então, novas oportunidades de ajudar o próximo.
Esse é o trágico quadro que vejo diuturnamente. Às vezes, ajo para matar a fome de um ser humano, por algumas horas; noutras vezes, infelizmente, não o faço… É muito difícil! Gostaria que ninguém passasse por esse dilema, mas, acima de tudo, gostaria que NINGUÉM PASSASSE FOME!
Patrícia Alvarenga
patydany@hotmail.com
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Natural de Teresópolis (RJ), é poetisa, escritora e Educadora Infantil. É Acadêmica da ACILBRAS, da AIL e da FEBACLA; é Acadêmica Correspondente da Academia Caxambuense de Letras e da Academia de Letras de Teófilo Otoni, e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas (SBPA). Também pertence à ALB e a ABC, ambas virtuais. Recebeu Menção Honrosa no I Concurso de Poesia Junina e obteve o 9º lugar no XXXIV Concurso de Poesia Brasil dos Reis, (Ateneu Angrense de Letras e Artes). Foi homenageada com a Comenda Acadêmica Láurea Qualidade Ouro, a mais alta comenda da FEBACLA – Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes e com o Prêmio Cidade São Pedro de Aldeia de Literatura. Participou de dezenas de Antologias Poéticas. No início de 2019 lançou seu primeiro livro solo, ‘Alma de Poeta’ (Editora Areia Dourada), que recebeu o Troféu Monteiro Lobato como o melhor livro de poesia, no evento ‘Melhores do ano 2019’ (LITERARTE), e recentemente, lançou seu segundo , ‘Simplesmente Poemas’, com o selo AIL.