Envelhecer ou apodrecer?
Há alguns dias ouvi a seguinte expressão: “alguns escolhem envelhecer, enquanto outros, apodrecer”. Essa frase ficou ecoando em meus ouvidos… Afinal, prestes a completar cinquenta e um anos, sinto-me num divisor de águas. Parte das pessoas de minha idade estão com a mente (e muitas vezes com o corpo) bastante jovem, cheia de planos, projetos, no auge da carreira, intelectualmente muito ativos, apaixonando-se mais uma vez, namorando, casando-se, divorciando-se, viajando, aproveitando a companhia dos filhos e amigos, tendo sonhos e desejos… Enfim, vivendo intensamente. Eu integro essa equipe. Por outro lado, há aquelas pessoas que começam a apodrecer. Sentem-se e vivem como se a vida já estivesse prestes a findar. Estão murchas, secas, desanimadas, desalentadas, entregues ao destino. Abandonaram as rédeas de suas vidas e só contam os dias que passam… Estas estão apodrecendo e chegarão à terceira idade já sem qualquer viço ou energia.
Tornei-me escritora na meia idade. E cada vez mais escrevo, produzo, fervilho com ideias e projetos. Fiz novos e maravilhosos amigos nos últimos anos. Encontrei pessoas admiráveis, com as quais tenho diversas afinidades. Um novo e precioso mundo se descortinou, fazendo nascer uma nova e melhor versão da mulher que sou.
Já afirmou a maravilhosa Maria Bethânia: “Eu gosto dos meus cabelos brancos, das minhas rugas, gosto… são minhas, o tempo me deu, mereci… envelhecer é um privilégio”. Sim! Envelhecer é um privilégio. Sendo assim, vamos valorizar nossos anos e nossa trajetória.
A forma de envelhecer se trata, geralmente, de uma opção. Todos carregamos nossos fardos, traumas, doenças, perdas, mas decidimos como queremos viver, amadurecer e envelhecer. Não deixemos que nosso passado defina nosso futuro! Temos o agora, o hoje, o presente para desfrutar e para viver (e não apenas sobreviver)! Sempre há tempo, quando acreditamos que o tempo pode e deve agir em nosso favor!
Patrícia Alvarenga
patydany@hotmail.com
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Natural do Rio de Janeiro/RJ, é escritora e poeta. Trabalha como Analista (área processual) do Ministério Público do estado do Rio de Janeiro. É Bacharel em Letras (UFRJ) e Direito (Uerj), pós-graduada em Educação (UFRJ). Dra.h.c. e Pesquisadora em Literatura. É autora do livro de poemas ‘Tatuagens da Alma – Entre Versos e Reflexões’, editora AIL, publicado neste ano, que foi escolhido como semifinalista do concurso ‘Livro do Ano 2021’, pela Literarte (o resultado do certame ainda não foi divulgado até a presente data). Participou do projeto ‘Parede dos Imortais’, na Casa dos Poetas, em Petrópolis-RJ, através da Associação Internacional de Escritores e Artistas. É coautora de, aproximadamente, 25 coletâneas. Detentora de prêmios literários, títulos e comendas, é também Embaixadora da Paz da Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos – OMDDH.
Membra vitalícia de seis academias literárias: ACILBRAS, FEBACLA, AIML, AIL, ALSPA (fundadora) e AILAP (fundadora). É ativista cultural nas redes sociais e participa de inúmeros saraus literários. Redes sociais:
Instagram: @patriciapoeticamente. Facebook: Patrícia Alvarenga