ESTREIA!
A mais nova produção de A Cia Clássica de Repertório
A peça é uma beleza de estudo sobre a distância entre intenção e gesto
A peça é uma beleza de estudo sobre a distância entre intenção e gesto. Os pais do moço branco da peça não são reacionários; muito pelo contrário, são liberais, progressistas e talvez seja isso que nos questiona, nos provoca.
A grande sacada da peça é exatamente o fato de que os pais de Pedro são liberais, intelectuais, antirracistas – mas de repente têm que enfrentar o fato de que o que pensam, ou acham que pensam, ser colocado na balança. A história começa com o filho chegando de uma viagem e trazendo uma noiva, até então desconhecida para apresentar aos pais. A família o aguarda ansiosa para um jantar de noivado. A surpresa fica por conta da cor da noiva e aí começa a discussão dos valores até então tidos como sólidos na defesa da democracia e igualdade racial para situações alheias. Mas quando a questão entra pela porta adentro as coisas mudam um pouco de figura.
Percebemos, no decorrer da peça, que o racismo estava tão enraizado que, mesmo uma pessoa que lutou por anos, pelos direitos civis, se viu chocado ao encontrar o filho, ao lado de uma garota negra.
A peça, escrita e dirigida por Mario Persico é uma livre adaptação do filme homônimo de 1967
No elenco estão Jair Christo, Giovane Luca, Elô Soares, Mario Persico e Natasha Santos.
Não é de agora que a inclusão de minorias nos palcos causa discussões na sociedade civil. Dado esse contexto, Adivinhe quem vem para jantar é um ótimo registro de época que reflete várias tensões que infelizmente ainda não foram resolvidas por nossa sociedade.
O roteiro conta a história de Pedro e Clara, um casal que se conheceu no Haiti durante as férias e, febrilmente apaixonado, decide se casar. Ambos são de classe média, cultos e elegantes, mas… Clara é uma moça preta e teme que a família de seu amado tenha restrições à união. Seu parceiro tenta acalmá-lo, garantindo que seus pais são liberais e que o educaram nesse sentido. Mesmo professando esses valores, no entanto, os pais reagem mal à surpresa, mostrando que sob o discurso humanista pode haver camadas inconfessáveis de violência.
O mais interessante da obra está na disposição de discutir o tema recusando o maniqueísmo. Em primeiro lugar, a família de Pedro não é feita de monstros segregacionistas, mas de progressistas ligados às artes e ao debate jurídico. O nó do problema é a contradição entre pose pública e comportamento privado, algo rapidamente percebido pela mãe. Seu marido, um juiz liberal, é quem mais se incomoda, alegando inúmeras justificativas que nada mais são do que desculpas para esconder a discriminação.
Percebemos, no decorrer da peça, que o racismo estava tão enraizado que, mesmo uma pessoa que lutou por anos, pelos direitos civis, se viu chocado ao encontrar o filho, ao lado de uma garota negra.
O desenlace do problema é uma aula de roteiro e de estudo psicológico, com direito ao monólogo em que o pai faz sua decisão final.
Serviço:
Local: Teatro Escola Mario Persico
Endereço: Rua da Penha, 823
Data: 29/04/2023 (Sábado)
Horário: 20h00
Ingressos: Preço Único R$ 15,00
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024