L. F. Magellan, pseudônimo do carioca Luiz Fernando Magalhães de Almeida, estreia como escritor com o livro de ficção ‘As Crônicas de Terraclara – O Abismo’
Considerado por muitos como um geek – alguém viciado em tecnologia, em computadores e internet – o escritor carioca L. F. Magellan, até então um mestre em Engenharia de Produção, executivo com carreira consolidada e professor universitário, deixa a mesa do escritório e a sala de aula para enveredar no universo da literatura.
Nesta entrevista concedida ao Jornal ROL, Magellan revela suas raízes e influências literárias; o que o levou a deixar a carreira empresarial e o magistério superior para se dedicar integralmente à literatura; a origem do sobrenome Magellan como pseudônimo; a influência de obras literárias do mesmo gênero em seu livro; o processo de criação da história e construção dos personagens, e ainda adianta o título do próximo livro da saga ‘As Crônicas de Terraclara’, bem como dá dicas para os escritores iniciantes.
Confira na entrevista!
JCR – Regra geral, Luiz Fernando, todo escritor tem suas raízes literárias na infância e adolescência, com o incentivo dos pais, professores e autores. Você se enquadra nessa regra? De que forma?
L.F. Magellan – Eu me enquadro totalmente, acho que posso me definir como um verdadeiro clichê quanto a essas influências. Meu pai foi um grande incentivador da leitura, sempre facilitando meu acesso aos livros. Tenho uma lembrança muito nítida dele chegando do trabalho um dia trazendo a trilogia do Senhor dos Anéis em edição portuguesa que havia encomendado em uma livraria no Centro do Rio de Janeiro.
Também tive um professor de redação no ensino fundamental que foi um grande incentivador da escrita com equilíbrio entre conteúdo e forma. Até hoje, algumas décadas depois, guardo com carinho um caderno de capa dura que produzi com várias redações ao longo de dois anos. Quanto aos autores, comecei com Monteiro Lobato e Júlio Verne, e foi quando tomei o gosto pela leitura ainda criança. Depois devorei muita ficção científica com Asimov, Clarke e tantos outros.
Os mundos de fantasia sempre estiveram presentes com Tolkien, Lewis e depois de adulto acabei virando um fã de Harry Potter porque comprava os livros para meus filhos e lia antes deles. De muitas formas, o contato com esses mundos criados por tantos autores talentosos foi ajudando a moldar na minha cabeça meus próprios mundos com realidades alternativas, sendo Terraclara o primeiro a ganhar vida.
JCR – O que levou o mestre em Engenharia de Produção, executivo com carreira consolidada e professor universitário a fazer da escrita um trabalho em tempo integral?
L.F. Magellan – Existe uma frase atribuída ao cineasta Federico Fellini que diz que “devemos viver nossa vida esfericamente, em várias direções”. Sinceramente nunca fui verificar a autenticidade da autoria dessa frase, mas eu me identifico totalmente com ela. Desde adolescente cultivei o hábito de fazer várias coisas que me dessem prazer e realização. Desde os quinze anos toco bateria, ainda que nunca profissionalmente e enveredei profissionalmente em uma carreira administrativa, mas sempre com um prazer enorme em ensinar. Isso me levou a buscar o mestrado para me credenciar a ser um professor universitário.
Em todas essas atividades sempre escrevi muito e tentava equilibrar a chatice de textos técnicos com alguma abordagem mais lúdica. Eu trabalhava em uma multinacional, dava aulas e escrevia, escrevia muito. Essas carreiras foram se sobrepondo até que recentemente tomei a decisão, há muito adiada, de tornar a escrita um trabalho de tempo integral.
JCR – Você adota como pseudônimo J. F. Magellan. O sobrenome Magellan é um sobrenome que surgiu aleatoriamente ou foi inspirado em algo?
L.F. Magellan – Na verdade um dos meus sobrenomes é Magalhães, mas essas palavras anasaladas típicas do idioma português são extremamente difíceis de serem pronunciadas por pessoas com outras línguas nativas – acredite em mim, trabalhei em multinacional norte-americana por muitos anos. Esse livro é o primeiro de uma trilogia que estou trabalhando fortemente que seja um sucesso não só no Brasil, mas também internacionalmente. Dessa forma, Magellan foi uma adaptação do meu sobrenome Magalhães para que fosse mais facilmente pronunciado por estrangeiros.
JCR – Estreando como autor, você está lançando o livro ‘As Crônicas de Terraclara – O Abismo’. E, inevitavelmente, uma pergunta: a inspiração surgiu com a saga ‘O Senhor dos Anéis’, do escritor britânico J. R. R. Tolkien?
L.F. Magellan – Sem sombra de dúvida. Nesse livro há uma clara influência de Tolkien e de outras sagas de fantasia e de ficção científica. Quando olhamos o universo de Duna, por exemplo, é uma saga de realidade alternativa com fortes elementos políticos, ainda que passada em galáxias distantes. Um aspecto que fiz questão de manter nas Crônicas de Terraclara é que fosse uma saga com todos os aspectos clássicos: a situação vigente, uma ruptura, a viagem de aprendizado e o retorno.
Uma outra característica que fiz questão de seguir foi que é uma história de pessoas, lidando com pessoas e dependendo de pessoas. Não há monstros, bruxos, fadas, elfos nem dragões. Não que isso seja ruim, muito pelo contrário – já pedindo desculpas a Aslam, Gandalf e Albus Dumbledore – mas neste livro eu quis mostrar o que há de melhor enfrentando o que há de pior nas pessoas. Cada volume das Crônicas de Terraclara tem um aspecto de fundo que procura destacar questões importantes da sociedade.
Neste primeiro volume o que procuro mostrar é o quanto podemos estar alheios às realidades e dificuldades dos outros quando nos isolamos em nossa própria “Terraclara”, que pode ser nosso nicho social, nosso bairro ou condomínio. No volume dois haverá um personagem novo – muito importante – com deficiência auditiva e com isso pretendo trazer esse assunto de forma natural para a história. Já no volume três haverá refugiados e o drama que essas pessoas passam quando precisam abandonar suas vidas. Assim, creio que podemos contar histórias empolgantes, cativantes e, ao mesmo tempo, contribuir para a conscientização de temas relevantes.
JCR – Quanto tempo durou e como foi o processo de criação da história e construção dos personagens?
L.F. Magellan – A ideia deste livro povoava a minha mente há alguns anos, mas comecei a trabalhar com foco e disciplina em 2021 levando mais ou menos um ano para escrever o primeiro volume. Em 2022 comecei o trabalho de buscar uma editora e logo encontrei uma casa para esse livro na Editora Novo Século.
O processo de criação da história foi interessante. Inicialmente comecei com os três personagens principais buscando integrar características complementares e depois criando a sociedade de Terraclara. Conforme a história ia se desenvolvendo algumas informações de fatos pregressos iam se fazendo necessárias e com isso foram surgindo a guerra dos clãs, Almar Bariopta e o Orfanato. Pode parecer piegas, mas ao escrever um livro a história realmente ganha vida e com isso fatos, locais e personagens surgem ou ganham destaque como no caso do barqueiro e seu filho ou ainda da insuportável Madame Cebola.
JCR – Quando os leitores vão ter acesso às demais Crônicas de Terraclara?
L.F. Magellan – Não consigo precisar uma data porque isso não depende apenas de mim, mas de aspectos mercadológicos, agenda de lançamentos da editora e receptividade do público. O que posso adiantar é que o volume dois já está bastante adiantado e leva a aventura a outros locais e realidades, sem deixar de lado a nossa amada Terraclara. Como não posso adiantar uma data, vou tentar compensar divulgando em primeira mão o subtítulo do segundo volume: As Crônicas de Terraclara – A Espada.
JCR – O Jornal Cultural ROL, como o próprio nome indica, é um jornal de natureza estritamente cultural, e que tem duas seções que incentivam novos escritores: O Leitor Participa e Jovens Talentos, abrangendo uma faixa etária de 6 anos até 60, 70, 80… Que mensagem você pode deixar a eles, para que continuem insistindo na Arte da Escrita?
L.F. Magellan – Escrever, como qualquer outra atividade, exige preparo e prática. Então ler muito e escrever muito são os primeiros passos para seguir nessa empolgante atividade. Outra dica que deixo é: não deixe que seu ego impeça que críticas sejam absorvidas e construam uma escrita melhor, mas também não permita que críticas mal intencionas ou destrutivas desanimem ou afastem autores e autoras do caminho da escrita. Ah, e anote suas ideias ainda que não vá desenvolvê-las imediatamente, eu mesmo tenho ideias anotadas para mais uns dez livros. Às vezes estou na cama já naquela fase de quase adormecendo quando me vem uma ideia, prontamente anoto para uso futuro – pode espantar o sono, mas compensa!
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta, revisor de livros e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre várias honrarias: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, o título Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente o título de Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, o título de Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, o título de Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos os títulos de Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024