Francisco Evandro de Oliveira:
‘Memórias do meu Rio de Janeiro’
Quando um dia voltei ao passado, navegando e viajando no mar dos tempos, precisamente no ano de 1565, encontrei-me com o Almirante Nicolau Durand de Villegagnon, o qual era um notário corsário francês e que estava lutando com o cacique dos Tabajaras, o famoso Arariboia, que defendia na luta, sua terra natal.
Outras lutas se sucederam nessa época até que Estácio de Sá fundou, em 1567, a Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tempos depois, outros corsários franceses, Daniel de La Touch e René Dugai Troin, sitiaram a belíssima cidade de São Sebastião e exigiram uma grande quantidade de açúcar e várias cabeças de gado para não bombardearem a cidade. O tempo passou e eis que a cidade foi elevada à categoria de Capital da Colônia do Brasil, justo no ciclo do ouro.
Passeando em minha mente precisamente em Janeiro de 1807, verifiquei que as melhores residências tinham à porta uma plaqueta com as letras “PR”. Perguntei a um residente sobre isso e ele me afirmou que significavam “Príncipe Regente”, porque ele viera com toda sua Corte de Lisboa e necessitava de aposentos e as casas estavam sendo emprestadas ao Príncipe Regente.
A cidade foi crescendo e participando ativamente na política da Colônia e se tornando famosa em todos os aspectos e pude ver na sacada do Palácio Imperial, na ‘Quinta da Boa Vista’, Dom Pedro, o Príncipe Regente dizer: “- Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto, diga ao povo que fico”, episódio que ficou eternizado na história do País, como o Dia do Fico.
O tempo foi passando e um dia fui convidado a saborear um chá com a Princesa Isabel, e, na ocasião, ela assinou a Lei Áurea, a qual beneficiou todos os escravos brasileiros A referida Lei deixou muitos políticos e fazendeiros descontentes, e eles tramaram contra o imperador e vi no cais do porto do Rio de Janeiro o seu exílio com toda a sua família, deixando o país que tanto amara.
A República chegou com todo garbo e ao seu início, muitos dos marinheiros me convidaram a se aliarem a eles na famosa Revolta da Chibata, que foi sufocada por traição dos governantes da época.
O Rio de Janeiro se encontrava em plena expansão e o governo começou a derrubar uma série de cortiços para alargar e construir estradas pavimentadas, e nesse momento, a varíola se fez presente com toda intensidade! Imediatamente, o grande sanitarista Oswaldo Cruz implantou com muito brilhantismo a vacina contra a terrível doença; tal fato gerou uma de série de revoltas e badernas que ficou conhecida como a Revolta da Vacina’. Porém, com as ações do governo a moléstia foi amainando e eliminada por completo.
Quando a cidade estava um mar de rosas de paz, veio o politicamente inesperado, Os 18 do Forte, sufocando a Intentona Comunista na cidade do Rio de Janeiro.
O tempo foi passando e a cidade crescendo vertiginosamente nas artes e na cultura e se tornou o referencial do que havia de melhor no país no campo das artes cênicas, da cultura em geral, no campo jornalístico e futebolístico. Todavia, a efervescência política se fez sentir e veio o episódio Getúlio Vargas, que culminou com seu suicídio em 1954.
Pouco depois, os políticos Carlos Lacerda e Negrão de Lima impulsionaram e embelezaram ainda mais a cidade, dando-lhe um toque sutil de graciosidade e grandiosidade. De repente, ela deixou de ser a Capital do Brasil; deixou de ter o poder, porém, ainda era a capital da cultura nacional e a fonte de cultura ainda permanecia nas veias dos seus cidadãos.
A população cresceu vertiginosamente fazendo que os menos afortunados se enveredassem por caminhos tortuosos e uma onda de assaltos e sequestros se fizeram presentes na cidade maravilhosa. No entanto, o mal do século se fez presente, que foram as drogas e os seus traficantes e tal fato proporcionou que muitas mães chorassem a perda de seus filhos em confronto direto com a repreensão policial ou por confronto com facções rivais.
No entanto, a cidade paulatinamente foi sobrevivendo a essa tragédia e crescendo em seu modernismo e belíssimos museus foram criados, muitas habitações para os menos afortunados, novíssimos estádios, diversas linhas de Metrô e umas infinidades de obras que faz a população ter orgulhos de ser cidadão carioca. Grande gênios do mundo do futebol vimos bailar no Maracanã…Garrincha, Didi, Jairzinho, Gerson, Zico, Carlos Alberto Torres, Nilton Santos Paulo Cesar caju, Rivelino, Zizinho, Heleno de Freitas, Evaristo de Macedo e outros. Grandes exponenciais do mundo artístico tais como, Paulo Gracindo, Paulo Goulart, Paulo Autran, Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Lucélia Santos, Marília Pera, Beth Farias e uma série de outras celebridades famosas que não me vem o nome no momento que fizeram e faz a alegria de milhões de telespectadores nas novelas de época ou da atualidade, ou em programas de humorismo.
A cidade do Rio de Janeiro, como qualquer outra cidade do país, tem seus problemas causados pelo ‘boom populacional’ e por má administração de alguns governantes, entretanto, ainda é a fonte de referência dos turistas, que é o melhor de nosso país, principalmente no carnaval.
No momento atual, há uma verdadeira correria desenfreada para aprontar a ‘noiva’ para receber as delegações para as Olimpíadas de 2016, evento que dará maior visibilidade à cidade.
O grande poeta, Vinícius de Moraes nos deixou uma máxima que é: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”, que no momento atual seria considerado bem machista, no entanto, nossa cidade é linda; a bem da verdade é simplesmente linda! O tempo passará e daqui a mais alguns séculos a cidade do Rio de Janeiro estará ainda mais e mais bela e moderna tornando-se o Norte da cultura e do crescimento de nossa Nação.
Francisco Evandro de Oliveira – Farick
Contatos com o autor
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Natural do Rio de Janeiro (RJ), é escritor e poeta, se apresentando sob o pseudônimo Farick; membro de várias academias nacionais e três internacionais e membro fundador da Academia Luminescente de Letra de Paris-França; vencedor de diversos certames literário nacionais e internacionais e foi agraciado com diversas comendas nacionais e internacionais. É autor de 24 livros, dentre os quais: Momentos Poéticos (2001), Reflexões do Amanhã (2002); A Voz do Coração (2004); O Galo de Bombaim (2008); O Pavão Ioe Queria Ser rei (infantojuvenil) e O ganso era verde (infantil), ambos de 2020. E tem mais 34 títulos para publicações vindouras. Em 2016 recebeu o Prêmio Destaque Brasil, em Taubaté. E no mesmo ano, a Medalha Luiz Vaz de Camões, pela Editora Mágico de Oz, por ter sido considerado um dos melhores escritores da língua portuguesa de 2015. Em 2017 foi agraciado pela OMDDH com vários títulos, dentre os quais: Embaixador da Paz, Prêmio Machado de Assis, Doutor Honoris Causa em Direitos Humanos e a Medalha Ruy Barbosa. No mesmo ano, recebeu a Comenda Pablo Neruda, em Santiago do Chile, por ser destaque na cultura nacional literária. Em 2020 recebeu troféu da Editora Mágico de Oz por ter sido considerado um dos 100 melhor poetas e contistas de 2019.
Trabalho de grande relevância histórico. Parabéns ao grande poeta escritor.