novembro 21, 2024
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Não sei

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Evani Rocha: Poema ‘Não sei’

Evani Rocha
Evani Rocha
Imagem criada pela IA do Gencraft
Imagem criada pela IA do Gencraft

Não sei de mim,

Nem dos dias arrastados sob o Sol

Não sei das horas, que correm no tempo

De outrora

Das noites alongadas de inverno

Não sei…

Não sei das flores que murcharam por falta de rega,

E das ervas que cresceram no jardim

Não sei da poeira fina da estrada de terra

Ou do asfalto negro, feito pedra…

Não sei das conversas veladas ao pé do ouvido

Ou do zunido de uma cigarra

Em ecdise,

Não sei…

Não sei se é Lua cheia ou crescente

Ou das explosões solares…

Não sei dos braços abertas a esperar…

Das ruelas vazias ou das janelas floridas

De São Francisco,

Não sei se é isso ou aquilo!

Não sei se penso ou se sorrio,

Não sei…

Não sei dos rascunhos guardados nas gavetas

Dos homens tristes caídos nas sarjetas

Dos sapatos empoeirados por falta de uso

Não sei das fotografias antigas,

Revelando a lisura da tez,

Não sei…

Não sei sobre o que sei, talvez nada saiba

O mundo é uma complexa rede de teias

Entrelaçadas em círculos,

Como uma imensa roda gigante

Dentro de outras rodas

E com outras rodas por dentro.

Então, não sei…

Não sei de você,

Se tem a boca entupida de silêncio

Ou se os olhos profundos

Não podem expressar…

Não sei das estações do ano,

Há muito, deixei de olhar o calendário!

A mim não importa o tempo,

Os anos, os dias…

Não sei…

Dos caderninhos da infância, escritos à mão

Das poesias sem rima, dos versos soltos no ar…

Não sei das filas na parada do coletivo,

Na fase do colegial,

Do uniforme amarrotado,

Do anseio pelas férias…

Não sei dos caminhos trilhados a meio século…

Dos amigos que ficaram no passado,

Daquela palmeira na curva da estrada!

Não sei…

Quantos registros deletei da memória…

Quantas histórias por contar!?

Não sei do amanhã: se faço isso ou aquilo…

Não sei do ontem e nem do agora…

Talvez essa dúvida de não saber,

É o combustível da mente,

Para não morrer,

Antes de tentar, antes de vasculhar as caixinhas da memória,

Antes de se entregar ao fim:

Preenchido de tudo o que o corpo e a alma foram capazes de alcançar!


Evani Rocha


Contatos com a autora

Evani Ferreira Rocha
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4 thoughts on “Não sei

  1. Olá caríssimo amigo Sérgio Diniz!
    Realmente, são fatos muito comuns da vivência humana. Há um momento em que queremos falar sobre eles, e outros não.
    Gratidão por suas palavras!

  2. Evani, sua poética ao mesmo tempo que indefine o destino, mostra uma dança natural dos versos-alma na Coreografia da existência.
    É para se envolver nos lindos passos…

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