José Ngola Carlos:
‘Educação nas comunidades antigas sem classes sociais’
Desde que as pessoas se conhecem como pessoas, sempre houve educação. Como seres filosóficos, não é possível desassociar os humanos da educação. Os seres humanos, enquanto seres vivos, são seres educados. Educados porque, seja boa ou má, classificações que se encontram na esfera da subjetividade ou convicções pessoais, eles não vivem sem ideais.
Nas comunidades tribais, o arranjo social mais antigo que se conhece, segundo Anibal Ponce em Educação e Luta de Classes, publicado em 1934, as pessoas se educavam e eram educados tendo como base os seguintes ideais didático-pedagógicos:
- A espontaneidade
- A não institucionalidade
- A integralidade e
- A homogeneidade
A educação espontânea, praticada nas comunidades antigas sem classes sociais, consistia em transmitir os saberes da vida prática, acumulados pelos mais velhos para os mais jovens, no contexto cotidiano de interação social. Neste sentido, não existiam instituições formais de ensino e aprendizagem uma vez que se concebia o ideal pedagógico de uma “educação para a vida e por meio da vida”.
Apesar da não institucionalidade, a educação era integral. A educação integral então praticada pressupunha não deixar de ensinar “tudo” que se sabia em matéria de conhecimentos práticos que permitiriam a comunidade, e não somente os indivíduos, sobreviver dentro do meio social marcado pela propriedade comum.
Em complemento à integralidade, aparece a homogeneidade. A educação nas comunidades tribais era homogênea no sentido de que “todos” tinham o direito comunal de aprender tudo que até então se tinha acumulado em matéria de saberes.
Assim, além de uma “educação para a vida e por meio da vida”, nas comunidades antigas sem classes sociais, a educação era também marcada pela filosofia do “tudo para todos”.
Kamuenho Ngululia
Malanje, 25 de novembro de 2024
Como citar este artigo:
Ngululia, K. (2024:3). Educação nas Comunidades Antigas sem Classes Sociais. Brasil: Jornal Cultural ROL.
- Educação nas comunidades antigas sem classes sociais - 25 de novembro de 2024
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30, natural de Luanda (Angola) e morando atualmente em Malanje (Angola), mais conhecido no meio literário como Kamuenho Ngululia, é Mestre em Educação na especialidade de Gestão de Centros Educacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades da Universidade Europeia do Atlântico, licenciado em Língua e Literaturas em Língua Inglesa pela Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto (FHUAN) e 2020 e professor de Língua Inglesa.