José Ngola Carlos
Professor: ‘uma subclasse de políticos inferiores na educação’


às 15:24 PM
A história da educação revela que o processo educativo começou como um fenómeno comunal no qual a educação era ministrada pela comuna a todos os indivíduos pertencentes a ela. Nesta fase, a educação compreendia ensinar tudo a todos, uma educação para a vida e por meio da vida.
Passada esta fase, a educação se tornou um fenómeno social. Como fenómeno social, a educação se fez privilégio da classe alta, pelo que, já não se poderia ensinar tudo a todos, muito menos se poderia conceber uma educação para a vida e por meio da vida, antes, deu-se início à educação para a sobrevivência das classes baixas e a manutenção de poder para a classe alta.
Nas comunas, a educação era ministrada pelos mais velhos da comunidade em contexto de vida prática. Com o surgimento das sociedades, começam a surgir, na educação, figuras como o sacerdote, o mago, o mestre, etc. Porém, na sua gênese, o estado e a educação eram entidades não correlacionadas, o que quer dizer que, o estado não tinha nenhum controle sobre a educação, nem o manipulava para os seus fins.
Os mestres eram entidades independentes e autónomas. Estes concebiam seus próprios métodos e currículos educativos. Com o tempo, apercebendo-se da influência e do poder que os mestres ou educadores da época exerciam sobre as massas, conveio ao poder político regular o sistema educativo para evitar, diriam eles, anarquia e caos.
É com a presença do poder político na educação que surge a figura do professor e da professora.
Quem é o professor? Quem é a professora?
Os professores são uma subclasse de políticos inferiores, inseridos na educação pelo poder político como estratégia para conter a força e a influência dos mestres sobre a ordem social. Percebam ou não, os professores estão ao serviço da manutenção do poder político vigente, bem como a contínua subjugação das classes baixas.
Por que considerá-los uma subclasse de políticos inferiores inseridos na educação?
Os professores são uma subclasse de políticos inferiores inseridos na educação porque, dentre outras razões:
- O professor é um instrumento político e não um indivíduo pensante
- O professor não é autónomo, muito menos independente
- O professor está ao serviço da sociedade sob a direção do poder político e
- O professor não delibera sobre o que ensinar e como ensinar.
Kamuenho Ngululia
Malanje, 25 de fevereiro de 2025
Como citar este artigo:
Ngululia, K. (2025:2). Professores: uma subclasse de políticos inferiores na educação.
Brasil: Jornal Cultural ROL
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Natural de Luanda (Angola) e morando atualmente em Malanje (Angola), mais conhecido no meio literário como Kamuenho Ngululia, é Doutorando em Educação na especialidade de Avaliação de Centros e Professores pela Universidade Internacional Ibero-americana (UNINI), Mestre em Educação na especialidade de Organização e Gestão de Centros Educacionais pela Universidade Europeia do Atlântico (UNEATLÂNTICO), Licenciado em Língua e Literaturas em Língua Inglesa pela Universidade António Agostinho Neto (UAN) e Professor de Língua Inglesa no Liceu 42 – 4 de Janeiro, Malanje.


NO MEU “BANZELO”
No meu “banzelo”, percebi que o Professor é apenas um instrumento na mão do governo para formar o tipo de pessoa que deseja ter na sociedade sob a sua jurisdição (isso se enquadra no que escreveu).
Digo isto porque ao “banzelar”, vi um professor que foi obrigado a fazer aulas que ele mesmo não queria ensinar e que os seus alunos não tinham a menor intenção de aprender.
Lembrei-me, ainda, de alguém ter dito uma vez que não existiria aprendizagem quando se forçasse alguém a aprender ou a fazer algo.
A diversidade com que somos coroados, ensina-nos que “”Nós somos originais”. somos originais como indivíduos, somos originais como culturas e somos originais como sociedade.” – Carlos Gonzáles Pérez, em “A educação PROIBIDA”
Se somos “originais”, ou, “singulares” não nos deveríamos submeter-nos a uma “educação colectivizada”, sabendo que o que serve para um, talvez não sirva para o outro. Seria o mesmo que submeter uma pessoa do tipo sanguíneo B a transfundir outra pessoa do tipo A.
Hoje, a Educação é arbitrária. Ela não tem necessariamente servido para a melhoria da vida das pessoas afectas e ela. As pessoas têm passado a vida a decorar inúmeros conceitos e termos dos quais nenhum, ou poucos são usados para a melhoria das suas vidas. A título de exemplo, e, especialmente aqui em Angola, em Liceus e noutras escolas do ensino secundário, um estudante/aluno aprende inglês durante dois ou três anos, e não é capaz de manter uma conversa nessa língua durante 5 minutos, e se conseguir, é porque por vontade própria, fez um curso num dos Centros Profissionais.
Um outro exemplo que me veio ao “banzelar”: o Professor de Língua Portuguesa ensina metrificação neste ano, e no próximo, o seu estudante/aluno já não se lembra, nem dessa palavra.
Então, fiquei a “banzelar”:
– Será que podemos mudar o quadro, uma vez que até os próprios alunos já se têm apercebido de que a “educação” que se lhes passa não lhes tem servido para a melhoria das suas vidas?
– Se sim, como é que podemos fazer isso, visto que o “sistema educativo” não depende única e exclusivamente de uma instituição ou de professores singulares, muito menos dos estudantes/alunos?
– Se não, o que fazer para, realmente, atender as reais necessidades das PESSOAS sob os nossos “cuidados”, visando a melhoria da qualidade das suas vidas?