Sergio Diniz da Costa: ‘O ato de escrever’


às 14:40 PM
Os seres humanos nunca tiveram, em toda a história da humanidade, tanta facilidade para aprender a ler, escrever e pesquisar quanto estão tendo nos tempos atuais. E isso porque o Ensino Público se universalizou, as bibliotecas (inclusive as comunitárias) se multiplicaram e as fontes de pesquisa, encontradas por meio de um dos maiores instrumentos para tal fim – o Google, dentre outros – estão acessíveis num simples clicar do mouse.
Apesar disso, o mundo atual, pelo menos no Brasil, traz uma gritante contradição: por um lado, o número absurdo dos denominados analfabetos totais (11,4 milhões, segundo o IBGE), ou seja, aquelas pessoas que não têm qualquer nível de alfabetização.
De outro lado, mas na mesma linha, e talvez ainda pior do que esse dado é aquele que reflete o chamado ‘analfabetismo funcional’ (cerca de 29% da população brasileira entre 15 e 64 anos, de acordo com o Inaf), que é “ incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples. Tais pessoas, mesmo capacitadas a decodificar minimamente as letras, geralmente frases, textos curtos e os números, não desenvolvem habilidade de interpretação de textos e de fazer operações matemáticas” (Wikipédia).
Portanto, no Brasil, significativa parte da população, de uma forma geral, ou não sabe escrever, ou, quando sabe, escreve mal. E, dos que sabem ler, escrevem mal porque também leem mal (e aqui significa ler textos sem muita qualidade literária) e desconhecem regras básicas da própria língua. E tudo isso alinhavado com uma falta generalizada de conhecimentos gerais.
O ato de escrever, no entanto, é um ato religioso. E, quando digo “religioso” evidentemente não estou querendo identificá-lo a qualquer denominação religiosa em particular. Refiro-me, por analogia, ao respeito que, semelhantemente ao ato de entrega entre um ser humano e o Deus cultuado por ele, o escritor, de forma amadora ou profissional, deve ter com o destinatário de seus textos e reflexões.
E, por respeito, entendo não apenas a mensagem do texto em si, elaborada de forma a chegar ao destinatário claramente, sem ruídos, mas, também, dentro do próprio processo de elaboração textual, o qual se inicia às vezes como uma ideia vaga e, paulatinamente, vai ganhando contornos.
O escritor é, indubitavelmente, um criador de mundos. Mundos incorpóreos. Pequenos ou imensuráveis. Mundos refletidos num singelo comentário nas redes sociais, e-mails e cartões de felicitações, ou num livro “best-seller”.
O ato de escrever é a oração do escritor, na qual ele, no silêncio de seu espaço físico reúne, em torno de sua alma, o cabedal de conhecimentos e sentimentos adquiridos nas experiências da vida. Para o escritor, o papel é a alva toalha do altar, a pena, o aspersório, e o texto final, a sua bênção!
Você vai escrever um comentário no Facebook ou comentar uma bela mensagem recebida num e-meio? Ou, ainda, escrever algumas palavras felicitando por um aniversário, um nascimento ou uma formatura? Escreva, sim! Mas faça de seu singelo texto um quadro de Da Vinci ou a escultura de Michelangelo, pois o tempo e as pessoas passarão, mas você, em seu texto, ecoará na eternidade!
Sergio Diniz da Costa
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Natural de Sorocaba (SP), é escritor, poeta e Editor-Chefe do Jornal Cultural ROL. Acadêmico Benemérito e Efetivo da FEBACLA; membro fundador da Academia de Letras de São Pedro da Aldeia – ALSPA e do Núcleo Artístico e Literário de Luanda – Angola – NALA, e membro da Academia dos Intelectuais e Escritores do Brasil – AIEB. Autor de 8 livros. Jurado de concursos literários. Recebeu, dentre vários titulos: pelo Supremo Consistório Internacional dos Embaixadores da Paz, Embaixador da Paz e Medalha Guardião da Paz e da Justiça; pela Augustíssima e Soberana Casa Real e Imperial dos Godos de Oriente, Conde; pela Soberana Ordem da Coroa de Gotland, Cavaleiro Comendador; pela Real Ordem dos Cavaleiros Sarmathianos, Benfeitor das Ciências, Letras e Artes; pela FEBACLA: Medalha Notório Saber Cultural, Comenda Láurea Acadêmica Qualidade de Ouro, Comenda Ativista da Cultura Nacional; Comenda Baluarte da Literatura Nacional e Chanceler da Cultura Nacional; pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos, Doutor Honoris Causa em Literatura, Ciências Sociais e Comunicação Social. Prêmio Cidadão de Ouro 2024, concedido por Laude Kämpos.
Bello, profundo Muchas gracias por este Arte de escribir que nos regalas
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