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Maçonaria feminina e mista

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Renata Barcellos: Artigo ‘Maçonaria feminina e mista’

Renata Barcellos
Renata Barcellos
Renata Barcellos e Zara Paim

A Maçonaria Feminina é um ramo da Maçonaria que aceita apenas mulheres, com o objetivo de promover a igualdade e a fraternidade, seguindo princípios morais e filosóficos semelhantes à tradicional masculina. Existem diversas formas de Maçonaria feminina, incluindo a mista e outras que funcionam de forma independente.

Mulheres na Maçonaria não são um tema novo. Há registros históricos de mulheres como maçons operativas no Poema Regius (Séc. XIV) e no Manuscrito de York (Séc. XVII). Assim, somente a partir da Constituição de Anderson (1723), o veto a mulheres passa a existir.

Ainda, no Séc. XVIII, surgiu o Rito de Adoção e as Lojas de Adoção, específicas para mulheres, a partir do Grande Oriente da França. E entre os Séculos XVIII e XIX, há casos de mulheres iniciadas em lojas convencionais, como Elizabeth Aldworth, na Irlanda, em 1732; Helene Hadik-Barkóczy, na Hungria; Marie-Henriette Heiniken e Maria Deraismes, na França; Julia Apraxin, na Espanha; Salome Anderson, na Califórnia; Catherine Babington, na Carolina do Norte, dentre outras. A Ordem Maçônica Mista Internacional “O Direito Humano”, na França, em 1893. E, posteriormente, ordens exclusivamente femininas como a Ordem das Mulheres Maçons, no Reino Unido, em 1908.

Um breve histórico

  • Século XVIII

A irlandesa Elizabeth Aldworth (nascida St. Leger) é considerada a primeira mulher a ser iniciada na Maçonaria, em 1732, após ser flagrada espionando uma reunião de sua família. Embora a autenticidade de sua iniciação seja amplamente aceite, ela não se tornou um precedente formal. Foi expulsa e tornou-se um ícone para instituições independentes.

  • Século XIX – O Surgimento de Lojas Mistas:

Em 4 de Abril de 1893, Maria Deraismes e Georges Martin fundaram a primeira loja maçônica mista em Paris, França. Este ato deu origem à Ordem Maçónica Mista Internacional “O Direito Humano”, fundada em 1901.

  • Início do Século XX – Expansão e Organização:

Em 1902, Annie Besant introduziu a Co-Maçonaria na Inglaterra, que se separou do Direito Humano em 1908. Esta separação deu origem à Ordem das Mulheres Maçons e à Maçonaria para Mulheres, organizações que ainda hoje existem.

  • Meados do Século XX – Lojas Exclusivamente Femininas:

Em 1935, a Maçonaria de Adoção passou a se organizar como Co-Maçonaria, com três lojas fundadas na Inglaterra, que resultaram na criação da Grande Loja Mista da Inglaterra.

Entre o final do Séc. XIX e início do XX, começam a surgir as potências maçônicas mistas (com homens e mulheres), a partir da Ordem Internacional “Le Droit Humain” (1893); e as femininas, como a chamada “Ordem das Mulheres Maçons” (1908), que, apesar de ter sido criada mista, logo restringiu-se a mulheres.

No Brasil, o GOB fundou quatro lojas femininas, entre 1901 e 1902, que não emplacaram. E, em 1963, o Grão-Mestre Geral, Álvaro Palmeira, tentou instalar o Rito de Adoção no âmbito do GOB, tendo sido vetado pela Soberana Assembleia Federal Legislativa daquela potência.

Já, no final do Séc. XX, a Grande Loja Unida da Inglaterra – GLUI – e outras passaram a reconhecer a regularidade de prática da Maçonaria Feminina. Assim, permitindo que estas lojas utilizem seus templos, rituais e paramentos. Em seu site, a GLUI, declara ter “uma excelente relação de trabalho”com a Maçonaria Feminina.

Segundo Alberto Rangel (1928), no seu livro: Dom Pedro Primeiro e a Marquesa de Santos: “A maçonaria brasileira, nas primeiras décadas do século XIX, tinha um papel atuante nos movimentos políticos e de seus principais ideal, o do Liberalismo, e contava com a participação de parte dos integrantes do governo imperial em suas lojas, aproximando e constituindo redes de sociabilidade e de influência. Por outro lado, era concebida como uma sociedade cercada de mistérios, envolta a superstições e rituais condenados pela Igreja Católica. Já, no início da Independência, existiam ‘lojas maçônicas de adoção de senhoras’ no Brasil. Para mulheres da corte que pretendiam alcançar alguma influência política, era um lugar ideal de atuação”.

A mais influente Dama da Corte do Primeiro Reinado e amante do Imperador do Brasil, Dona Domitila, foi apresentada à maçonaria pelo próprio imperador em 1822, e permaneceu com essa prática, frequentando uma loja maçônica de adoção de senhoras.

Entre as mulheres da elite que entraram na maçonaria estavam a Marquesa de Santos, a Baronesa de Serro Azul, Sra. D. Francisca Carolina de Carvalho, Sra. Philadelpha Maria de Oliveira Paes, e Sra. Constantina Augusta de Oliveira Campos, Mariana do Carmo Andrade.

Escritoras brasileiras que aderiram aos princípios filosóficos maçônicos. Uma delas foi Nísia Floresta que identificou na herança cultural portuguesa a origem do “preconceito” no Brasil e ridiculariza a ideia dominante da superioridade masculina. De acordo com ela, homens e mulheres “são diferentes no corpo, mas isto não significa diferenças na alma”. Ou as desigualdades que resultam em inferioridade “vêm da educação e circunstâncias de vida”.

Seguindo o que acontecia na França, Espanha, Portugal e nos Estados Unidos, diversas lojas de senhoras foram fundadas no final do Brasil Império. As mais notáveis eram as lojas “7 de Setembro” (São Paulo), “Filhas da Acácia” (Curitiba), “Anita Bocaiúva” (Campos), “Júlia Valadares” (São João da Barra), “Teodora” (Itapemerim). “Filhas de Hiram”, em Juiz de Fora, Minas Gerais; “Filhas do Progresso”, no Rio de Janeiro; “Fraternidade”, em Bagé, Rio Grande do Sul e “Perseverança”, em Ouro Preto, Minas Gerais.

Havia entre elas cinco graus: Aprendiz, Companheira, Mestra, Perfeita Maçon e Eleita Escocesa. Eram também iniciadas e, em cada grau, como na Maçonaria masculina, deviam fazer solenes juramento.

Entrevista à Zara Paim (Ordem Maçônica Mista Internacional “Le droit Humain”)

Minicurrículo: Profa adjunta 4, aposentada da Universidade Federal Fluminense, Titular do curso de pós-graduação no Instituto de Odontologia da Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro (IORPUC). É membro da ABROL (Academia Rotária de Literatura da Cidade do Rio de Janeiro). Publicou livros: “Poesias e Crônicas” e “Prosas – Ensaios Literários,“A vida genial e misteriosa de Fernando Pessoa”. Tributo ao seu centenário de nascimento”… É membro titular de várias entidades: Academia Luso-Brasileira de Letras, União Brasileira de Escritores (UBE-RJ)…

É presidente da Academia Mundial pela Paz, Letras e Artes, do Instituto Brasileiro de Culturas internacionais. Foi presidente da associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil, Coordenação do Rio de Janeiro. Faz parte da diretoria da UBE-RJ como 1ª Secretária e da Academia Luso-Brasileira como Diretora de Divulgação. Foi Conselheira do Conselho Estadual de Políticas do Idoso (2010 a 2012) no Rio de Janeiro (CEDEPI). Pertence à Ordem Maçônica Mista Internacional “Le droit Humain”.

1- Desde quando está na Maçonaria? 

Zara Paim: Ingressei na Maçonaria em 2004: na Maçonaria Mista Internacional “Le Droit Humain”, na Loja Amém- Ra, no Rio de Janeiro. 

2- Qual a importância da mulher nessa instituição?

Zara Paim: A mulher e o homem têm direitos iguais e desempenham as mesmas funções. 

3- Quando assumiu uma loja?

Zara Paim: Assumi a Loja Agnis 1600 no Oriente do Rio de Janeiro em 2019. A Loja estava em dificuldades e houve uma reestruturação que foi feliz. Hoje está  bem. Uma grande realização ocorreu quando foMmos a Castro, no Paraná. Fomos participar de uma cerimônia em um templo Maçônico a céu aberto no Parque do Canyon Guarte lá, um local de grande beleza natural, com muita espitualidade. Um templo aberto, diferente dos tradicionais.

Os visitantes desse Templo colocavam uma Placa com o nome da loja, o Oriente e o nome do Venerável. O local é emprestado para todas as Ordens Maçônicas e realiza- se no local além da Loja, cerimônias espiritualizadas. Ficamos hospedados em uma casa alugada e foi um belo retiro espiritual. Foi um ponto alto na minha Veneratura. Houve também além dos trabalhos maçônicos, apresentação de textos literários. A Loja funcionava à tarde e antes havia um ágape de confraternização.

4-Mensagem às Fraternas:

Zara Paim: Na verdade, a mensagem é para os fraternos. Homens e mulheres fazem parte da instituição que foi fundada na França em 14 de março de 1893, pela Venerável Irmã Maria Deraisme e pelo Ilustre Irmão Georges Martin, enfatizando princípios  étnicos, honestidade e a procura da verdade. Nessa Ordem homens e mulheres desenvolvem juntamente o humanismo, as preocupações políticas e sociais.

A Ordem foi criada no Brasil em 1918 no Rio de Janeiro. Existem em muitas cidades brasileiras e em vários países. O rito predominante e o Escocês Antigo e Aceito. Poucas Lojas trabalham com o rito Lauderdalle. Pertenço à família com muitos membros maçons, na Grande Loja, como pai irmão, tios e amigos em Salvador (BA). Desde muito jovem, admiro e respeito à Maçonaria. Aconselho a todos persistirem no polimento da sua Pedra, como faço há muito tempo, desenvolvendo as qualidades humanísticas com aprimoramento espiritual  e cultural, cultuando a liberdade, a justiça, a honestidade e cumprindo da melhor forma o nosso Dever.


Renata Barcellos

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